Data: quinta-feira, 8 de abril de 2004
"Fez Deus os dois grandes luzeiros: o maior (sol) para governar o dia, e o menor (lua) para governar a noite;(...)". Gênesis, 1 v 16.
A Bíblia coloca isto no "quarto dia".
A Terra já existia e o Sol ainda não.
Esta doutrina só poderia ter prosperado na Idade Média.
Naquele tempo, quem dissesse que a Terra não era o centro do Universo tornava-se herege... e queimava na fogueira da Inquisição.
A importância que se dava ao nosso "grão de areia" exigia que o planeta estivesse sempre em primeiro lugar.
Hoje até mesmo uma criança não aceita este absurdo.
A Terra precisa da luz do Sol, para sobreviver.
Desprovidas da luz solar, as plantas morrem.
A propósito, vejam vocês o que ocorreu no "terceiro dia":
"Disse Deus: produza a Terra relva verde, ervas que dêem sementes, e árvores frutíferas que produzam frutos, (...)".
Gênesis, 1 v 11.
O planeta ficou coberto pelo verde das florestas, antes do Sol ter sido criado.
Ora, ninguém pode aceitar um absurdo deste tamanho.
O equilíbrio do sistema solar estaria ameaçado, sem a presença do seu astro maior.
Aliás, a estrela central não é apenas fornecedora de luz.
Sem ela não haveria estabilidade.
Neste caso, existe um erro na Bíblia?
Não... A Bíblia está certa!
São os intérpretes que se equivocaram.
Alguns por ignorância, outros por interesse, o fato é que eles
perpetuaram idéias antigas, temerosos de que a casa desmoronasse.
Se os alicerces forem retirados, a construção desmorona.
O grande defeito dos dogmas é que são antigos demais.
A Teologia ainda se apega ao conceito de um planeta privilegiado, em pleno terceiro milênio.
A ciência provou que o Sol é o verdadeiro centro do sistema...
...e eles colocaram o "rabinho entre as pernas".
No entanto, contra-atacaram, dizendo-se donos do "magistério".
Se fossem "donos da verdade" não teriam errado, durante tantos séculos, apontando a Terra como centro do Universo.
É tempo de acabarmos com tanta confusão:
O Sol e as estrelas já se encontravam em seus lugares, há milhões de anos, quando a Terra foi criada.
O trem do Universo já viajara bastante, quando foi atrelado mais aquele vagão.
Este vagão é o chamado planeta Terra.
Muito tempo depois, para registrar o surgimento do nosso mundo, Jeová optou por uma reconstituição.
A primeira página da Bíblia precisava daquelas imagens.
Moisés foi escolhido para "pescar" os fatos no grande oceano da memória cósmica.
"Fazendo de conta" - como diz o povão, Moisés entrou numa espécie de "máquina do tempo", e fez uma "regressão" de milhões de anos...
Quando retornou da viagem, ele fez o registro daquilo que viu.
Por favor: Ninguém leve ao pé da letra esta "máquina do tempo", imaginando coisas de cinema.
Para evitar confusão, vamos utilizar linguagem mais bíblica:
Digamos que os anjos colocaram Moisés em transe hipnótico, e ele reviu, em corpo astral, as sete fases da criação.
Imerso em profundo sono, ele reviveu o drama ocorrido há milhões de anos.
Aquilo mais parecia um pesadelo.
A escuridão se espalhava por toda a parte.
Parecia uma destas madrugadas de inverno, quando as sombras se misturam com a cerração, e não enxergamos coisa nenhuma.
O texto diz:
"Havia trevas sobre a face do abismo, e o espírito de Deus pairava sobre as águas". Gênesis, 1 v 2.
Moisés demorou para acostumar os olhos.
Ele tateava na escuridão primordial.
Antes da escuridão se dissipar, o Profeta percebeu árvores balançando ao vento...
O sol já existia, mas a névoa não permitia que fosse visto?
Enxergando as árvores antes do Sol, o narrador sagrado se perdeu no calendário.
Ele captou a imagem da vegetação na terceira fase do seu transe, ou seja, em linguagem bíblica - no "terceiro dia".
Eis a razão do Sol e da Lua terem surgido depois.
Pouco a pouco, cambaleando, como sonâmbulo, sobre aquela Terra estranha, o profeta de Jeová percebeu aquela luz tênue...
E aquela luz foi crescendo...crescendo...até se transformar num disco dourado...
A janela da escuridão se abrira, e Moisés pode ver o Sol.
O Astro Rei, que já nascera há milhões de anos, rompera o negrume daquele planeta que fora criado recentemente.
Resta uma dúvida no ar: A criação descrita no Gênesis refere-se apenas à Terra ou ela abrange todo o Universo?
Em nosso entendimento, a Bíblia trata da criação da Terra.
Existem estudiosos, no entanto, que apontam o nascimento do Universo.
É aquela velha história do nosso planeta como centro de tudo.
Por esta razão, até hoje, não houve consenso.
Nunca foi explicado o enigma da Terra ter nascido no primeiro e o Sol somente no quarto dia.
Como líder do povo bíblico, Moisés teve acesso aos arquivos cósmicos, e assistiu os primeiros passos do nosso mundo.
Como quem assiste um filme, ele foi memorizando as cenas.
Se naquela escuridão primordial, ele viu as árvores antes do Sol, para ser honesto ele foi obrigado a registrar a criação das árvores em primeiro lugar.
Como todos os profetas, Moises descreveu o que seus olhos enxergaram, sem qualquer retoque.
Mesmo incompreensíveis, no momento, o vidente se obriga a retratar todas as imagens, como chegam do arquivo cósmico.
Nostradamus descrevia o futuro, olhando uma bacia.
Figuras se corporificavam, e ele as desenhava.
Se os intérpretes falharam, a culpa não é de Nostradamus.
Se a Teologia sempre teve necessidade da Terra em primeiro lugar, Moisés não tem culpa deste interesse corporativo.
Vida única sem reencarnação, planeta privilegiado, céu e inferno particulares - eis aí a infame receita que está sufocando a inteligência do homem.
Todos os nossos sonhos de compreensão da Bíblia ficam paralisados pela estreiteza de visão dos seus intérpretes.
Outro dado muito importante: Todos os astros nascem e morrem.
A criação se repete, todos os dias, aqui e acolá.
Se a Terra tivesse nascido junto com o universo, no marco zero da produção divina, ela já estaria morta.
É mais uma razão para acreditarmos que o nosso planeta surgiu muito tempo depois .
Pensando assim, nós descobrimos até mesmo notáveis coincidências.
Moisés usou a palavra "yôm", que, em hebraico, significa espaço de tempo, e não propriamente "dia", como foi traduzido.
Os cientistas falam em ciclos de evolução.
Não existe um abismo separando a ciência da fé.
Todas as diferenças nasceram do fanatismo religioso.
Explicar o Gênesis é meio caminho andado, para implodir a má vontade e o desentendimento.
Cientista algum vai aceitar que a Terra surgiu antes do Sol.
Eu disse, numa palestra, que a criação não pára, e alguém me perguntou :
Será que o Criador não descansa?
Eu respondi com palavras do próprio Jesus:
"Meu Pai trabalha sempre, e Eu não cesso de trabalhar", disse Jesus, em João, 5 v 17.
O trabalho divino está ligado à continuidade da criação.
Nestes últimos cinco minutos alguns planetas estão nascendo... enquanto outros morrem.
É a dinâmica da criação permanente.
Eu li entrevista de astrônomo, dizendo que "o universo é uma torneira sempre aberta".
Neste contexto, a Terra não representa exceção.
Ela é um grão de areia, que surgiu, alhures, dentro de um universo que já existia há milhões de anos.
O Sol é o ponto de equilíbrio.
Ele produz forças de atração e repulsão, que nos mantém no ar, através dos milênios.
Com toda a certeza, o Sol mantém nossa estabilidade.
Pensando assim, ele não poderia ter nascido depois.
Não existe a menor dúvida: As primeiras linhas do Gênesis descrevem a criação da Terra e da atmosfera ao seu redor.
Pela janela do tempo, Moisés contemplou aquela sequência maravilhosa.
O bebê planeta no seu berço, emitindo os primeiros vagidos.
A escuridão se abriu, o caos se desfez, e, de repente o clarão do Sol se espalhou por toda a parte.
Numa visão colorida, Moisés contemplou o aparecimento do primeiro exemplar humano.
O planeta Terra agora estava pronto, para abrigar uma nova raça.