Data: quinta-feira, 8 de abril de 2004
Blasfemava contra o destino, que o forçava a viver naquela penúria.
Dia e noite a cantilena era a mesma:
A casa era ruim,
O bairro - péssimo,
Os vizinhos - idem.
A paciente Sorelê, sua esposa, não concordava com suas queixas.
- É verdade... poderíamos viver melhor... Mas, que fazer? Muitas pessoas estão pior do que nós, dizia ela.
Não adiantavam os argumentos da boa mulher.
Jacó Simon estava sempre de mau humor, reclamando da vida triste que Deus lhe dera.
Então apareceu na cidade um guru famoso.
Sua especialidade era resolver problemas.
A própria Sorelê foi buscá-lo na hospedaria.
Nagazor foi direto ao assunto:
- Com a proteção e assistência dos gênios da luz, eu posso fazer um milagre. Transformarei sua casa em agradável vivenda, ampla, clara e confortável. Só exijo uma coisa: vocês terão que jurar obediência. Os gênios da luz não admitem reclamações.
- Eu juro que aceitarei tudo, disse Jacó.
Sorelê, como sempre, acompanhou o marido.
Estava selado o pacto.
Imediatamente, o sábio Nagazor deu a primeira ordem.
- Jacó, hoje mesmo você colocará sua vaca na cozinha.
Jacó Simon quis protestar.
Lembrou o pacto.
Sem outro remédio, recolheu a vaca.
Aquela vaca dentro da cozinha tornou-se verdadeiro suplício.
A casa tornou-se um pandemônio.
Viver ali sempre fora ruim; agora era insuportável.
Passados dois dias, Jacó procurou o sábio, para perguntar-lhe se não havia um jeitinho de tirar a vaca.
Nagazor nem respondeu. Foi logo dizendo:
- Agora, Jacó, você vai recolher a cabra na sala de visitas.
Jacó Simon coçou a cabeça. Quis protestar. O sábio colocou os dedos em seus lábios, e lembrou o juramento.
- Os gênios da luz não podem ser desobedecidos!
A vaca e a cabra, reunidas, constituiam-se em verdadeiro horror... uma catástrofe.
Apesar disso, porém, o casal e as crianças tiveram que suportar tudo, calados, lembrando a promessa.
Mas, aquela convivência tornara-se absolutamente repugnante.
Era muito desconforto, e muito sofrimento.
Nagazor demorou oito dias, para visitá-los outra vez.
Foi, então, que autorizou a retirada dos animais, e a conseqüente limpeza da casa.
E o milagre aconteceu:
Jacó Simon percebeu, pela primeira vez, o quanto era confortável a sua residência.
Sem a vaca e a cabra, aquilo parecia um palácio.
Quando Nagazor passou por ali, dias depois, Jacó Simon estava sorridente e feliz.
Os gênios da luz tinham realizado mais um milagre.
Contamos esta história, meus amigos, porque muitas pessoas se queixam deste planeta maravilhoso, que é a nossa morada.
- Não sei p`ra onde este mundo vai? - exclamam alguns, com irritação, e às vezes até com raiva.
Se olhassem à sua volta, veriam que o planeta onde vivem é maravilhoso.
Se tivessem olhos de ver, encontrariam beleza na esquina de suas próprias ruas...
...no fundo do seu próprio quintal.
Em toda a parte, o mundo é belo:
Nas montanhas cobertas de neve...
...no azul do céu... nas nuvens... no mar!
Em toda a parte nós encontramos uma sinfonia perfeita, um recanto de paz, um remanso de tranqüilidade:
Tudo deveria ser percebido como verdadeira festa.
O fato é que nós habitamos um planeta paradisíaco, que tem todas as condições para nos fazer felizes!
Infelizmente, temos a vista embaçada pelo pessimismo...
...a mente perturbada pela descrença...
. ...o coração sem rumo pela falta de amor!
É neste ponto que nos identificamos com a pequena estória de Jacó Simon.
Pelo jeito, o sábio Nagazor precisaria comparecer com todos os seus sortilégios...
Embora alguns ignorem, Deus já fez isto na grande morada que é o nosso planeta.
Sorrateiramente, o Criador já nos deu a mesma lição:
Colocou uma vaca na cozinha...
Introduziu uma cabra na sala de jantar...
De repente, nós estamos sentindo "a vaca e a cabra" entrando, sem cerimônia, em nosso mundo particular.
Ninguém mais tem sossego...
Ninguém mais tem privacidade...
Onde quer que a gente vá existem "câmeras" invadindo a nossa privacidade.
É carteira de identidade...
Carteira de motorista...
CPF, CGC, CEP...
Endereço eletrônico...
Internet
Impressões digitais...
Radares nos seguindo em todas as estradas.
Carimbos p`ra cá, carimbos p`ra lá...
Placas indicadoras...
...setas de contra-mão....
É um Deus nos acuda, é um pandemônio!
Ninguém escapa à pressão do sistema.
Todos nós ficamos vulneráveis.
A vaca e a cabra encontram-se por toda a parte.
Será que este mundo tão belo, tão azul e tão maravilhoso, terá conserto um dia???
Será que o sábio Nagazor virá autorizar a retirada da vaca e da cabra?
Não! O sábio Nagazor já está aposentado há muito tempo. Desta vez será o próprio Deus, que derramará seus olhos eternos sobre a terra.... e nos trará esperança.
Ele cumprirá a promessa que fez há dois mil anos, e que o Profeta do Apocalipse registrou em seu livro:
"Então vi um novo Céu e uma nova Terra. Porque o primeiro Céu e a primeira Terra se foram, e o mar já não existe.
Eu vi a cidade santa, a nova Jerusalém, que descia do Céu, adornada como noiva, para encontrar o noivo.
E ouvi uma grande voz vinda do trono, que dizia: Agora, a morada de Deus está entre os homens. Deus vai morar com eles, e eles serão seu povo.
Deus enxugará as lágrimas dos seus filhos, e não haverá mais morte, nem tristeza, nem choro, nem dor, por que as primeiras coisas são passadas.
Então, o que estava sentado no trono disse: Eis que faço novas todas as coisas. E Ele me disse: Escreve, pois estas palavras são verdadeiras.
Também me disse: Tudo está feito. Eu sou o alfa e ômega, o princípio e o fim. Quem tem sede, beberá de graça, da fonte de água viva.
Aquele que vencer possuirá estas coisas, e Eu serei seu Deus, e ele será meu filho."
Apocalipse, 21 vv 1 a 7
A serpente que vivera de rastros, engolindo pó, de repente se verticalizará.
O homem da horizontalidade acordará ereto como uma grande cruz, no rumo do infinito...
O planeta, inclinado há bilhões de anos, se verticalizará....
É natural que todos estes acontecimentos produzam efeitos...
Quando a Terra atingir a transição, tudo será renovado...
Até a luz do sol nos atingirá de forma diferente, num ângulo diferente...
O nosso clima será ameno.
Os invernos e verões rigorosos serão coisas do passado.
As regiões polares, hoje cobertas de gelo, ficarão guarnecidas de vegetação...
Produzirão frutas e flores...
":Aquele que vencer"- diz o Apocalipse, "possuirá estas coisas."
Jesus já fizera esta promessa, no Sermão do Monte:
- "Bem-aventurados os mansos, porque os mansos herdarão a terra."
Antes de Jesus, o Salmista já previra:
"Porque os malfeitores serão exterminados, mas os que esperam no Senhor possuirão a Terra.
Mais um pouco de tempo e já não existirá o ímpio.
Porém os mansos herdarão a Terra, e se alegrarão na abundância da paz".
Salmo 36 ou 37 vv 9 a 11.
O cristão precisa ter esperança, também em si mesmo, mas, acima de tudo, em Deus.
O mundo já foi mais consciente desta coisa inefável e misteriosa chamada esperança.
A multidão marchava feliz, para "Sião, a bela cidade de Deus."
Todos se empenhavam em possuir a "Terra Prometida", que manava leite e mel.
Até nos olhos das crianças existia um brilho diferente.
O idealismo suaviza os traços de nosso rosto.
A esperança fornecia coragem aos nossos antepassados, secava suas lágrimas, dava ritmo aos seus corações.
Não importava a igreja que eles freqüentassem.
Não importava a religião professada por eles...
Havia fé, isto é o que importava: fé e esperança!
Quando menino, eu presenciei o desencarne de um velho que
vivera o culto silencioso do Senhor Deus.
Não havia tristeza nem dor naquela passagem solene.
Ele pediu que cantassem o seu hino favorito.
Eu ainda pareço ouvir os acordes da música...
...o choro tranqüilo dos parentes.
Como se fosse o murmurar de uma fonte, as palavras do hino enterneciam nossas almas.
"Quando a paz, como um rio, passar por mim...
Quando as tristezas, como vagas rolarem...
Qualquer que seja minha sorte, tu me ensinaste a dizer:
Está bem, está bem, oh meu Deus".
Eis ai, meus amigos, uma explicação para as palavras reveladas no Apocalipse:
"Não haverá mais morte".
Há religiões que interpretam isto, literalmente, pela "letra".
Para elas, neste mundo novo os corpos serão eternos.
Nós não pensamos assim!
O que vai mudar, naquele mundo, é a atitude dos seus habitantes perante a morte.
Eles terão uma reação totalmente nova.
A morte será recebida até mesmo com alegria, como irmã querida que ela sempre foi.
Quando envelhecemos, todos desejam um nova etapa.
Um mundo sem renovação seria verdadeiro inferno...
O poeta Guilherme de Almeida falou certo quando escreveu:
"(...) a ciência, se fôssemos eternos, num transporte de desespero, inventaria a morte..."
O profeta Isaias, falando da vida após o Juízo Final, escreveu:
"Não haverá mais crianças para viver poucos dias, nem velho que não cumpra os seus; (...) morrer aos cem anos é morrer ainda jovem(...)"
Isaias, 65 v 20.
É verdade que neste novo mundo, por força do clima e da paz, a velhice chegará tarde, e doenças terríveis desaparecerão do planeta.
A morte será um sono que chegará mansamente...
Os que permanecerem, na terra, após a grande tribulação, terão galgado um degrau a mais, na escala evolutiva.
Não pensem, todavia, que já estarão no "Sétimo Céu".
Por favor, não pensem desta forma.
A ascenção não se processa a toque de caixa.
A ascenção é lenta...
O eleitos do Senhor Jesus passarão de um ciclo de provas para outro ciclo de regeneração.
Ninguém pense que vai dormir sob árvores frondosas, no "dolce far niente" da ociosidade. .
Tudo isto se origina de interpretações tendenciosas da Bíblia. O próprio Apocalipse prova esta realidade indiscutível.
"No meio da praça (...) está a árvore da vida, que dá doze frutos (...) e as folhas da árvore fornecem cura aos povos."
Apocalipse, 22 v 2.
O novo mundo fervilhará de atividades.
Já dissemos que a árvore da vida é "a ciência e a tecnologia".
No texto, é a indústria farmacêutica, que continuará existindo na "Nova Terra".
As pesquisas continuarão para o conforto e alegria de todos.
Por aí nós percebemos que os seus habitantes ainda estarão sujeitos a pequenas enfermidades.
Os habitantes da "Nova Jerusalém" usarão remédios!
Em última análise, porém, o mundo será um paraíso.
A vaca e a cabra já terão sido retiradas da nossa intimidade.
Não seremos como agora.
Não mais a mente enrugada, e os olhos cada vez mais fracos.
Não mais a perna amputada e um coração doente.
Não mais a sede do álcool, como fogo do inferno...
Nada disto, nunca mais!
Horizontes abertos...
Corações abertos...
Braços abertos...
Louvado seja Deus!