Data: quinta-feira, 8 de abril de 2004
Alguém do público nos interrompeu para reclamar:
- Eu não tenho muita certeza desta assistência. Inúmeras vezes, eu sinto que minhas preces se perdem no vazio.
Hoje, meus amigos, tentaremos equacionar este lado negativo do nosso relacionamente com o Pai Criador.
Começaremos formulando uma pergunta:
Quando um filho pede para nadar, qual a atitude do pai?
Ora, o pai tem que analisar duas coisas:
A habilidade do filho...e a violência das águas.
De posse destes dados, sua resposta pode ser sim ou não.
Mesmo que o filho se revolte, o pai fica tranqüilo.
Fez aquilo para o bem da criança.
Em nossas relações com o Pai Celestial acontece o mesmo.
Nós pedimos algo prejudicial, e Deus recusa atender-nos.
É natural que o silêncio divino nos incomode.
Alguns chegam até a se revoltar contra Deus.
No interior, onde a devoção é mais singela, meninas frustradas colocam a imagem de Santo Antonio de cabeça para baixo.
Revoltam-se contra o "Santo", que lhes negou casamento.
Para muita gente, Deus e os "santos" são obrigados a nos ajudar em todas as nossas aflições.
O Pai Celestial, todavia, não embarca no caos da nossa mente. Ele faz a triagem dos nossos pedidos, e resolve se deve atendê-los ou não.
Para nosso bem, ele toma sempre a decisão acertada.
Diz a Mitologia Grega que no Olimpo existia um Deus com a missão de examinar os pedidos humanos.
Tratava-se de uma espécie de ouvidor geral.
Como sua missão acabava destruindo sonhos, ele nunca foi muito benquisto.
Pudera! Ninguém considera ilegítimos os seus desejos.
O garoto que se joga no riacho para se refrescar...
A menina moça que se apaixona e pede casamento...
O homem ambicioso que reivindica lucros na empresa.
Todos consideram seus pedidos autênticos e justos.
Os olhos de Deus, todavia, enxergam além da montanha.
Os olhos de Deus percebem o cruzamento perigoso, no quilômetro setenta e seis.
Os olhos de Deus colocam na "balança" até mesmo acontecimentos de outras vidas.
Muitas vezes, porém, nos tornamos tão "chatos" que o Pai Celestial resolve atender-nos...
... e acontecem coisas estranhas.
Afrânio Lopes, comerciante super-dinâmico, ocupava todos os minutos de sua vida.
Até no banheiro, ele continuava fazendo cálculos...
Perfeccionista, ele não admitia erros.
Seus assessores andavam sempre na linha do "penalti".
Certa vez, Afrânio Lopes assistiu palestra de um pregador e ficou impressionado.
Fez um exame de consciência e deduziu que violara preceitos da lei maior.
Dentre os seus muitos pecados, Afrânio Lopes percebeu a falta de paciência.
Resolveu suplicar o socorro divino para se tornar mais tranqüilo.
Todas as noites, em sua prece, ele pedia paciência.
- Dai-me paciência, Senhor!
- Dai-me paciência, Senhor!
- Dai-me paciência, Senhor!
Esta petição foi sendo repetida, sistematicamente, durante muitas semanas.
E tornou-se um hábito.
Foi aí que apareceu Flora, candidata ao cargo de secretária.
Se Afrânio Lopes fosse um terremoto estaria classificado em "nove" na escala.
Flora, ao contrário, era tão sossegada, que não passaria de zero.
O patrão fez tudo para dinamizá-la, forçá-la a mexer-se...
...mas nada conseguiu!
Quando Afrânio Lopes percebeu que ia enlouquecer, resolveu despedir a moça.
Foi nesta altura que a "ficha caiu".
Afrânio lembrou a prece que vinha fazendo há tanto tempo:
- Dai-me paciência, Senhor!
A secretária Flora representava a resposta de Deus ao seu pedido.
O exercício de paciência passava por ela.
Deus simplesmente atendera o seu pedido.
Afrânio Lopes teria que aprender a ter calma, convivendo com aquele tipo de personalidade.
Teria que aprender, também, que é preciso pensar duas vezes, antes de fazer uma petição a Deus.
Deus pode atender, literalmente, a nossa prece...
...e acontecem até mesmo coisas engraçadas.
Afinal, precisamos admitir que o Pai Celestial tem senso de humor.
Muitas vezes, Ele resolve se divertir com nossas confusões.
No fundo, no fundo, porém, tudo o que ele faz é para nosso bem, visando a nossa felicidade.
Manoel Bernardes de Vasconcelos atuava no ramo de importações, em São Paulo.
Seus negócios, apesar das dificuldades, ocorriam normais.
Certa vez, um primo de Portugal lhe escreveu.
Ele ficou encantado com a proposta do primo.
Chegou em casa eufórico.
- Maria, exclamou ele. O primo Joaquim vem aí com um carregamento que é um "estouro". Poderei "abiscoitar" cinqüenta mil cruzeiros de lucro,,, de uma só vez!
- Este seu primo é honesto? - perguntou Maria, preocupada.
- Sempre foi, respondeu Manoel, pleno de confiança.
- Ora, pois, pois! - retrucou Maria. Então vamos lá.
- Só existe um problema! - explicou Manoel. Terei que enviar cem mil, como sinal de sociedade. Sem isto, ficarei fora da operação.
- Vamos rezar, Manoel... E tudo vai dar certo. Garanto que a força de Deus vai trazer seus clientes para acertar contas.
O casal sempre fora muito religioso.
De joelho em terra, eles pediram que Deus encaminhasse os fregueses, para "engrossar" o caixa.
Não podiam perder aquele negócio.
Os dias passaram, todavia, e nada.
Chegou a data da remessa, e Manoel dispunha apenas de dez por cento do valor.
- Perdemos a transação! - exclamou Manoel, desalentado. Nossas orações não foram aceitas por Deus!
Dias depois, a notícia "bomba" chegou ao escritório de Manoel.
O primo Joaquim fora preso, logo que desambarcou no porto de Santos.
Todas as mercadorias contrabandeadas foram confiscadas pela polícia.
Prejuízo total!
Nesta altura, Manoel compreendeu a razão do silêncio divino.
Negando seu pedido, Deus o salvara da desonra, da falência e
da prisão.
Imaginem vocês se Deus atendesse todas as nossas orações?
A criancinha vai caminhando para o abismo, com seus passos vacilantes...
Que faz o pai?
Vai correndo atrás dela, e a toma pela mão, e a ergue nos braços.
O nosso Pai Celestial faz a mesma coisa.
O importante é confiar em Deus.
Ainda que eu ande pelo "vale das sombras da morte, não temerei mal algum". - diz o Salmista...
...porque Deus está comigo.
Se você caminha, irrequieto, cambaleante, noite a dentro, sem rumo, pode ter certeza que os olhos de Deus não o perdem de vista.
Os olhos do Senhor estarão sempre vigilantes.
Eles o seguem até mesmo na escuridão.
Por mais arriscados que sejam os nossos propósitos, uma coisa é certa:
A oração é o elo mais perfeito que nos une a Deus.
Não existe caminho melhor.
Se nós ensinamos que certas preces são arriscadas, como verdadeira bomba, não nos move nenhum desestímulo...
Antes, pelo contrário, nós somos um apologista da oração.
Nossas palavras recomendam apenas cautela.
Afinal, a oração possui, também, um poder explosivo.
A dinamite abre crateras na rocha.
A prece pode nos abrir caminhos inesperados.
Teremos que aprender a usar a dinamite e a oração, de maneira adequada.
O manuseio de ambas é arriscado.
Há quase dois mil anos, em Betânia, um homem chamado Lázaro fora sepultado há quatro dias.
Alguns diziam que o seu corpo já cheirava mal.
Do lado de fora, um outro homem chorava.
Ele ainda estava com os olhos úmidos, quando disse a Marta:
- "Se creres, verás a glória de Deus!"
Obedecendo ao comando daquele homem, todos ajudaram a tirar a pedra.
Então, erguendo os olhos para o Céu, aquele homem disse:
- "Pai, graças de te dou porque me atendeste".
Depois, um brado poderoso escapou dos seus lábios:
- "Lázaro, vem para fora!"
Eis aí, meus amigos, até onde pode chegar a força da prece.
A própria morte se curva diante deste Poder.
Ossos quebrados podem ser reconstituídos.
O câncer desaparece.
Coração fraco e combalido readquire força e ânimo.
Espíritos obsessores fogem.
Tudo é possível àqueles que acreditam.
Jacó sonhou com uma escada, que ligava o mundo dos homens ao mundo de Deus.
Os anjos subiam e desciam pelos degraus daquela escada.
Aquela escada, meus amigos, representa a prece nossa de cada dia..
Ninguém duvide desta grande verdade:
A prece nos liga a Deus!
Confiar fervorosamente nesta verdade, todavia, não significa que jamais nos alcancem contratempos...
Não esqueçamos que este mundo é um planeta de provas.
Muitas vezes, Deus precisa medir a nossa têmpera.
Disse Jesus:
"No mundo tereis aflições..."
Mas é o mesmo Jesus, que, logo em seguida, nos consola:
"Tende bom ânimo... Eu venci o mundo!"
Deus só permitirá aborrecimentos, na razão direta de alguma graça especial, que ele deseja nos conceder.
Depois da tempestade, sempre surge a bonança...e o sol brilha com mais intensidade.
Vocês querem um protótipo de prece perfeita?
Leiam o Evangelho de Mateus, 26 v 39.
Jesus caiu de face em terra, e derramou lágrimas diante de Deus :
"Pai", exclamou Ele "se for possível afasta de mim este cálice. Contudo, não seja como Eu quero, mas sim como Tu queres".
Vejam que a fórmula perfeita nos foi ensinada.
O Filho nada exige do Pai: Aponta o cálice amargoso...e se entrega obediente em suas mãos.
Acima de tudo - seja feita a vontade de Deus!
Não existe perigo algum, quando alcançamos a esfera do Divino Espírito.
Toda a inquietação desaparece.
Estamos nas mãos de Deus, e é quanto basta.
"Mesmo que eu ande pelo vale das sombras da morte, não temerei males"- diz o Salmista.
Se tivermos confiança, caminharemos em paz.
Na década de quarenta, todos os jornais americanos publicaram esta notícia.
Acontecera um milagre.
Uma mulher adentrou, chorando, o escritório do pastor Brown, com o filho agonizante em seus braços.
O Reverendo teve uma inspiração, e perguntou à mulher:
- Se a senhora soubesse que a morte do seu filho é vontade do Pai, teria forças para entregá-lo sem revolta?
A mulher afastou-se alguns passos, completamente desfigurada pela dor e pela indecisão.
Ela demorou um tempo enorme para responder.
Lutou, deseperadamente, contra os seus próprios sentimentos.
Ainda tremia, quando entregou o corpo do menino nos braços do Pastor, e lhe disse:
- Seja feita a vontade do Senhor!
O Reverendo balbuciou algumas palavras, enquanto levantava o corpo da criança no rumo do infinito.
Três dias depois, milagrosamente, o menino acordou do seu letargo...e sorriu...
Estava curado!
Feliz, meus amigos, é aquele que conhece a oração da entrega.
Se houver absoluta sinceridade, será surpreendente a resposta do Pai Celestial.
Louvado seja Deus!