O Maior Estelionato da Terra

Data: quinta-feira, 8 de abril de 2004

[Página inicial] [Índice]


Fala-se muito no "Homem Novo" trazido pelas águas batismais,

o ser humano privilegiado que se considera "salvo".

Uma parte da mídia sectária levanta esta bandeira.

Precisamos deixar claro: Somos contra esta doutrina simplista .

Pregar que uma cerimônia nos salva é muita ingenuidade.

Esta conversa de que "fulano" ou "cicrano" nasceu de novo, e deixou de ser pecador, é enganação, no ciclo em que vivemos.

Ninguém garante o Céu repetindo juramentos padronizados.

Lembrem-se do que Jesus disse sobre João Batista:

"Entre os nascidos de mulher ninguém é maior do que João Batista. O menor no reino dos Céus, porém, é maior do que ele".

Mateus, 11 v 11.

Percebam que João viera "aplainar os caminhos do Senhor" como diz o Evangelho, e, no entanto, não dispunha de lugar no Céu.

O último lugarzinho já tinha dono, e este dono era melhor do que o Profeta do Deserto.

Outra coisa: Jesus nada fez para mudar a situação.

Vocês acham que Ele deixaria de ajudar o amigo, se fosse possível?

O Mestre deixou claro que o Batista ainda não amadurecera.

"Ninguém subiu ao Céu, a não ser aquele que desceu do Céu, a saber - o Filho do Homem", disse o Nazareno em João,3 v 13.

Do planeta Terra, ninguém mais chegara ao Paraíso...

...só Jesus tinha acesso livre.

Portanto, João Batista não fazia parte do "clube" dos salvos.

Desta maneira, quando a Bíblia fala do lugar para onde vão os desencarnados ela se refere às colônias espirituais.

João Batista foi para uma destas colônias.

Imaginem se eu fosse conduzido ao Sétimo Céu, com todas as minhas imperfeições.

Seria um desastre.

Dada a minha ignorância, eu não teria diálogo com os outros.

Ficaria sozinho completamente isolado...

Para mim, aquele Céu se tornaria um céu infernal.

Suplicaria para voltar ao convívio com os meus verdadeiros semelhantes, que são os pecadores da mesma faixa.

Não adianta forçarmos a barra para ostentar "perfeição".

Tem gente que alcança o cargo de "bispo" e depois é destituído porque descobrem que ele não passa de um "pecador" ganancioso...

Nunca esqueçam, todavia, que ele serviu de exemplo de "homem renascido" e salvo...e muita gente foi enganada.

Anos atrás, eu assistia na televisão um grande pregador, nos Estados Unidos, que atraía multidões.

De repente, porém, ele caíu em desgraça.

Foi flagrado numa casa de prostituição...

...e desapareceu do mapa.

Este é o perigo de se julgar "salvo".

Jesus demonstrou sabedoria não levando João Batista para o Céu, para onde ele não estava preparado.

"Maior na Terra" não basta: É preciso ser "perfeito" para alcançar o recanto paradisíaco.

Aliás, dia destes eu escutei um pregador focalizando a "Parábola do Rico e do Lázaro".

Candidamente, ele repetia que Abraão estava no Céu...

...e o Rico no Inferno.

Apesar de sacerdote, ele ignorava as palavras do Mestre que se dizia único terráqueo em condições de conviver com Deus.

Este sacerdote deve ter faltado esta aula.

Aliás, existem teólogos que colocam personagens bíblicos "em carne, osso, botas e esporas" no Céu.

Será que Jesus não foi claro?

"Ninguém subiu ao Céu a não ser o Filho do Homem".

João, 3 v 13.

De minha parte, a frase do Mestre não deixa dúvida:

Só os espíritos puros alcançarão a Morada Divina.

Cada ciclo é apenas um degrau...

...e quem não acompanha o "tranco" é reprovado.

A "vassoura" do Criador executa limpeza em regra.

No final do ciclo, Deus e o seu Cristo fazem "varredura".

Os desencarnados de todas as colônias comparecerão ao Juízo Final.

Naquela altura, a extrema violência dos "fins dos tempos" já "matou" todos os ímpios, e seus espíritos serão expulsos da Terra.

O planeta ficará limpo.

Jó interpreta este momento, quando diz:

"(...) tomarei a Terra pelas suas extremidades, para fazê-la estremecer, e sacudir dela os ímpios".

Jó, 38 v 13.

Este trecho de Jó nos lembra uma cabeça cheia de piolhos.

Os piolhos representam os ímpios que vão caíndo pelo estremecimento da enorme cabeça.

Como piolhos, eles se desprenderão e irão "baixar noutra freguesia", levando a violência com eles.

Neste ponto, nós também destruímos o mito do Inferno.

Os ímpios vão comer fogo, em planetas primitivos, "onde há pranto e ranger de dentes".

Este é o Inferno (temporário) em que acreditamos.

"Eis que vêm dias, e ele arde como fornalha, onde todos os perversos serão abrasados, de sorte que não ficará deles nem raiz nem ramagem".

Malaquias, 4 vv 1 e 2.

Percebam que os ímpios desaparecerão por completo, como influência maligna, em nosso planeta.

Não restará deles nem raíz nem ramagens.

Todas as siglas terroristas serão varridas.

Através da mediunidade do profeta Isaias, Deus disse:

"(...) Eu crio Novos Céus e Nova Terra, e não haverá lembrança das coisas passadas".

Serão destruídas todas as estruturas injustas da violência.

Só a justiça prevalecerá no planeta higienizado.

Este será o prêmio para os que ficarem na Terra.

Vejam que o "Céu" não é aquele desenhado pela teologia:

Um eterno toque de arpas, sem nada o que fazer.

O paraíso, meus amigos, é a continuidade da vida, cada ciclo trazendo mais alegria...e mais amor.

O apóstolo Pedro escreveu sobre esta realidade:

"Nós, porém, segundo a sua promessa, esperamos novos céus e nova terra, nos quais habite a justiça".

II Pedro, 3 v 13.

Percebam que Simão Pedro também acreditava que o paraíso será aqui mesmo, no chão planetário.

Afastados os elementos indesejáveis...

...higienizados os pensamentos coletivos...

...a aura da Terra será outra.

Todos respiraremos novo ar, numa atmosfera de paz.

Esta é a modificação prometida por Deus.

Estupros, homicídios, desfalques, e drogas - tudo isto têm raízes em maus pensamentos.

São eles que forjam o alicerce para todos crimes.

São eles que favorecem a influência de espíritos inferiores.

Façamos uma experiência:

Vamos visitar duas famílias - uma delas brigando, e trocando impropérios; outra feliz e harmoniosa permutando carícias.

Qualquer um sente o peso da primeira...

...e a leveza da segunda.

O ódio pesa mais que uma carroça de pedras.

O amor, ao contrário, é leve como plumas ao vento.

O profeta Isaias também era partidário da recompensa na continuidade da vida.

"(...) Eu crio novos céus e nova terra, e não haverá lembrança das coisas passadas.

Crio para Jerusalém alegria e para seu povo regozijo.

E nunca mais se ouvirá voz de choro ou de clamor (...) em todo o meu Santo Monte".

Isaias, 65 vv 17 a 19.

Toda uma civilização pacífica festejará o Novo Ciclo...

...E todos terão consciência do atraso que a violência ocasionou no planeta.

"(...) os mansos herdarão a Terra", na expressão indesmentível do Sermão da Montanha.

Após o Juízo Final, o paraíso dos "salvos" será este.

Mas o aperfeiçoamento continuará...

O "Sede Perfeitos" ainda será meta futura.

A Bíblia diz que ainda haverá "pecadores".

"(...) quem pecar somente aos cem anos será castigado".

Isaias, 65 v 20.

Contrariando teólogos, haverá morte após o Juízo Final:

"(...) porque morrer aos cem anos será morrer jovem".

Outra vez Isaias, 65 v 20.

Nesta altura, alguém poderá me interrogar:

Afinal, Jesus disse que os ressuscitados seriam como anjos?

Verdade! Jesus disse:

"(...) na ressurreição nem casam nem se dão em casamento, porque serão como os anjos(...)"

Mateus, 22 v 30.

Isaias ensina de forma diferente.

Para nós, reencarnacionistas, a explicação é simples:

Isaias falava do próximo Juízo Final.

Jesus apontava outros ciclos ainda mais distantes.

Isto é mais uma prova da evolução gradativa do espírito.

Aqui nós atingimos o ponto primordial desta exposição:

Este "aceitar Jesus", balbuciado através de frases fabricadas, não salva ninguém.

A coisa é muito mais complicada do que vocês pensam.

A Bíblia não se resume a meia dúzia de versículos.

A Bíblia integral é bem diferente.

Para explicá-la, no conjunto, é preciso renunciar ao fascínio do interesse personalista.

É indispensável descer do pedestal de donos do "Céu" e do "Inferno" e confessar, publicamente, a própria ignorância.

Embora tenhamos a semente de Deus em nós, estamos muito longe de vê-la frutificar.

O apóstolo Paulo exortou os efésios:

"Até que todos cheguemos (...) a varão perfeito, na medida da completa estatura do Cristo".

Efésios, 4 v 13.

O Cristo é a meta, e Ele deixou ainda mais claro:

"Sede perfeitos, como Deus é perfeito".

Vejam vocês que Jesus esteve junto com os apóstolos, durante três longos anos.

Todos os apóstolos "aceitaram Jesus".

No entanto, pareciam "mercenários" na disputa dos primeiros cargos do reino, que todos esperavam fosse na Judéia.

Brigaram, entre si, para definir quem deles era o "maior".

Tiago e João pediram fogo do Céu para destruir inimigos.

Judas negociou a entrega do Mestre por dinheiro.

Pedro o negou três vezes...

...E todos fugiram da sombra da cruz.

A própria Bíblia, portanto, nos mostra o quanto somos carentes.

Nem Jesus, pessoalmente, conseguiu aperfeiçoar aqueles doze homens.

Para sermos verdadeiros, teremos que admitir: ninguém se tornará melhor num passe de mágica.

"Varinha de condão" é coisa de crianças.

Nossa próxima etapa é o Juízo Final:

Os salvos continuarão no chão planetário.

Este é o troféu que as "ovelhas" de Jesus ganharão. .

A Terra deixará de ser um planeta de provas para se tornar um planeta de regeneração.

No momento, o conceito de "salvação" é este.

Após este ciclo, porém, outros ciclos virão...e mais outros, até completo aperfeiçoamento.

A conversa de Jesus com Nicodemos versou este tema.

Numa vida é impossível alcançar o "reino de Deus".

"Não te admires de eu te dizer: terás que renascer".

João, 3 v 7.

As palavras "não te admires" mostram que Nicodemos estava de queixo caído - perplexo.

Com certeza aquela conversa era muito mais do que uma troca de "figurinhas".

Se fosse uma simples exortação de abandonar vícios, e se tornar melhor, Nicodemos não ficaria tão abalado.

E Jesus foi mais longe:

"Em verdade te digo que nós dizemos o que sabemos e testificamos o que temos visto.

Contudo não aceitais o nosso testemunho".

João, 3 v 11.

Se o Mestre falasse em mudança de procedimento, tão somente, não precisaria censurar a indecisão de Nicodemos.

Os dois se entenderiam de imediato.

"Nós dizemos o que sabemos" é frase muito esotérica para dizer simplesmente que todos devem ficar "bonzinhos".

Verdadeiramente, Nicodemos foi abalado pela possibilidade de nascer de novo, e continuar aprendendo em outro corpo.

É Jesus condenando a idéia de que alguém possa tornar-se perfeito em oitenta, noventa ou cem anos.

"Se alguém não nascer de novo não pode ver o reino de Deus".

João, 3 v 3.

Nascer...e renascer...e renascer...até aprender.

As palavras são muito claras para serem "torcidas".

A dramaticidade é bastante evidente para desmontar desvios interesseiros.

Nicodemos voltou a insistir:

"Como pode um homem (...) voltar ao ventre materno (...)?

Pela segunda vez, Jesus foi enfático:

"Quem não nascer da água e do espírito não entrará no reino de Deus".

João, 3 v 5.

Ora, sessenta por cento de nosso corpo é água.

Com razão, a água é pois o símbolo da matéria.

O nascimento que gera progresso, portanto, tem que ser duplo: reunir corpo e espírito.

Ninguém progredirá espiritualmente, no limbo ou purgatório.

É preciso juntar a água (corpo físico) e o espírito (centelha divina) para consolidar as condições para o aprendizado.

Jesus enfatizou esta fusão dos dois elementos, para evitar futuras enganações.

Afinal, certos teólogos admitem até mesmo a compra de indulgências, que queimam pecados, mesmo após a morte.

Jesus aproveitou a conversa com Nicodemos, para mandar recado para estes teólogos.

Alguém nesta altura poderá citar Santo Agostinho, tentando confirmar a "santificação" imediata.

"Aspergirei água limpa sobre vós e ficareis purificados".

Este trecho - Ezequiel, 36 v 25 - é base de Agostinho.

Numa coisa eu concordo com o famoso teólogo: Agora ou daqui a mil anos quem nos salva é Deus.

Portanto, nossa única discordância é o calendário.

Ele falava numa única vida; eu falo em muitas vidas.

A água prometida vai nos limpar daqui a milênios.

Também acho que Deus tem poder para nos fazer anjos...

...Se não procede assim é porque não deseja.

E sabem por quê?

Porque Ele mesmo criou uma lei chamada Livre Arbítrio.

E Ele não pode revogar suas próprias leis.

Aliás, será interessante voltarmos ao Velho Testamento, onde perceberemos que Ezequiel profetizava para os judeus.

São promessas de Deus para depois do Juízo Final.

Vejam que o "banho" purificador não foi para ontem, nem para hoje; foi para milênios futuros.

"Eu vos tomarei dentre as nações (...) e vos trarei para vossa terra, diz o Senhor".

Ezequiel, 36 v 24.

"Porei dentre vós o meu Espírito (...) farei crescer o trigo (...) e não haverá fome entre vós".

Ezequiel, 36 vv 27 e 29.

Vejam que estas promessas foram feitas há 2600 anos.

"Eu os multiplicarei como um rebanho santo(...)"

Ezequiel, 36 vv 37 e 38.

Ora, amigos apressadinhos, já se foram três milênios...

...e este "rebanho santo" ainda está no papel.

As guerras se sucedem...

Arafat continua brigando com o Primeiro Ministro...

...e o resto do mundo é um caos.

Se a nossa alforria dependesse de um decreto, o Pai Criador já o teria promulgado.

Como vocês podem perceber, nem sempre as profecias se atrelam ao calendário.

A redenção se fundamenta num tripé:

Deus para abençoar...

... o Cristo para alavancar...

... e o ser humano para fazer sua parte.

Tudo aquilo que o homem semear isto mesmo terá de colher.

Jesus disse:

"(...) aquele que crê em mim fará as obras que eu faço e maiores ainda (...)"

João, 14 v 12.

Eu pergunto:

Alguém já ressuscitou morto sepultado há quatro dias?

Alguém já alimentou mais de cinco mil pessoas, multiplicando cinco pães e dois peixes?

Apesar da promessa, ninguém fez isto até hoje.

Outra vez o Mestre apontava o futuro distante, provando que seus discípulos chegariam lá.

Não adianta pressa, amigos teólogos...

...tudo faremos no devido tempo.

E lembrem-se que a doutrina de salvação fácil pode ser perigosa: O nariz de Pinóquio cresceu por causa da mentira.

Nós pertencemos a um planeta de provas, e o nosso corpo é cheio de apetites.

Não adianta fugirmos da realidade.

O certo será continuarmos "orando e vigiando".

Teremos que conviver com nossa fragilidade.

No meio da areia movediça da nossa condição humana, a oração e o trabalho são rochedos onde firmar nossos pés.

Mesmo pecadores, Deus é nosso Pai.

Lembrem-se que de todos os personagens bíblicos só Jesus foi perfeito.

O próprio apóstolo Paulo escreveu:

"(...) o pecado (...) despertou em mim toda a sorte de concupiscência (...)".

Romanos, 7 v 8.

Outra vez Paulo: "Bem sabemos que a lei é espiritual; eu, todavia, sou carnal, vendido à escravidão do pecado".

(...) não faço o que desejo, mas sim o que detesto".

Romanos, 7 vv 14 e 15.

É aquilo que nós pregamos: Neste ciclo, o Inferno e o Céu estão dentro de nós.

Esta estória de "homem novo" é tão falsa quanto uma nota de três reais.

Por isso, eu repito com os bons intérpretes do Evangelho:

Quando Jesus falou em "renascer" para Nicodemos, ele ensinava reencarnação.

O apóstolo João, que recebera o "Espirito" no Pentecostes, também se incluíu no clube dos pecadores.

"Se dissermos que não temos pecado, a nós mesmos nos enganamos e a verdade não está em nós".

I João, 1 v 8.

Com estas palavras, o "Discípulo Amado" escapou da mentira.

Confessou sua condição de "homem velho".

O fato é que o tempo pertence a Deus...

...Ele é o Senhor da Eternidade.

O trabalho de regeneração, porém, pertence a nós.

Percebam mais uma curiosidade: Quando Jesus diz que somos deuses Ele usa - "Vós sois..."

Quando afirma que faremos "maiores obras que Ele", Jesus aponta o futuro: "vós fareis..."

Todos temos a semente divina dentro de nós...

...As obras e a perfeição, todavia, estão reservadas para o futuro, quando a semente divina desabrochar

Louvado seja Deus.


[Página inicial] [Índice] [Topo]