Data: segunda-feira, 26 de julho de 2004
Que cultivas em teu jardim? - perguntou aquele homem que morava ao lado de sua casa. Gastão Arruda ficou surpreso. Em dois anos morando ali, o vizinho jamais o saudara. O homem repetiu a pergunta: - Que cultivas, em teu jardim, senhor Gastão? Chamado pelo nome, agora se confirmava que o vizinho queria mesmo conversar com ele. Gastão Arruda se aproximou da cerca, e respondeu: - Eu nem as planto... ...Elas simplesmente nascem... ...São flores que aparecem e morrem, pela força da natureza. E tu, senhor, o que cultivas? - Precisas ver o meu jardim! Eu só trabalho com espécies raras, que cultivo em estufa. Importo sementes e mudas da França e da Itália - Então sua casa deve ser inteiramente florida? Com tanto trabalho e desvelo dá para imaginar. - Não, senhor Gastão, retrucou o jardineiro. Não é bem assim que acontece. As minhas plantinhas são muito frágeis, e só sobrevivem na estufa. Elas produzem poucas flores. Acaso o senhor tem idéia de quantos livros precisamos consultar para aperfeiçoar uma única espécie? Gastão fez questão de frisar: - No meu jardim nunca faltaram flores. Elas se esparramam por toda a parte demonstrando a força e o poder de Deus... Eu nem preciso cultivá-las... ...Minha funcão é contemplá-las, com reverência, sentindo, nas flores do campo, uma certeza da perenidade da vida.
Eis aí, meus amigos, duas criaturas completamente diferentes: Por incrível que pareça, elas revelam o nosso retrato, como sociedade e como pessoas. Uma delas prefere a vida precária e artificial da bolorenta estufa... ...Enquanto outra, descomplicada, se deleita diante da natureza e do sol forte. "Olhai os lírios do campo" - aconselhou Jesus. Se assim procederdes, a vossa vida será mais alegre. Você já se deteve observando as flores que nascem à beira das estradas, sem jardineiro para cultivá-las? Cobertas de poeira, elas revelam a grande verdade: Deus existe... e é poderoso. "Considerai como crescem os lírios do campo", advertiu Jesus. A sobrevivência das flores atesta o poder divino. Percebam estes dois seres humanos da nossa estória: Um deles vive ansioso, em busca de um perfeccionismo que aquelas plantinhas poderão consolidar. Ele quer o prêmio maior numa exposição de flores. Por isso se encontra tenso e aflito. O outro prefere se desligar de preocupações desnecessárias. Ele não demonstra o mínimo interesse pela escuridão insalubre da estufa do vizinho. Está feliz com suas flores largadas ao acaso. As sementes chegam nas asas do vento... ... não há registros na alfandega... ...nem guias de importação. Deus colocou tanta beleza no mundo... Certamente tudo isto representa uma dadiva, sem etiqueta... sem preço e sem código de barra. Bastará termos olhos de ver, e ouvidos de ouvir. Há muita coisa boa, que nos acalma o espírito, proporcionando-nos maravilhosa sensação de paz. E justamente estas coisas importantes têm custo zero. Imaginem vocês se os "lírios do campo" fossem inascessíveis como pedras preciosas extraídas com inaudito esforço? Tudo o que é raro e difícil sobe de preço. Imaginem nossos campos sem flores... E de repente alguém descobre um único exemplar, numa curva do caminho. Seria uma revolução planetária... Daria manchetes em todos os jornais... ...e o fenômeno inédito faria o raminho de flores custar milhões. Graças a Deus, porém, as flores silvestres não são raridades. Elas se espalham por toda a parte, para deleitar os nossos olhos cansados. É justa a nossa inconformação, portanto, com o jardineiro da nossa estória. Não estará ele exagerando ao buscar sementes na França e na Itália? A sedução das coisas complicadas engana mais do que miragens no deserto. Dom Quixote ameaçava castelos, imaginando que os castelos fossem inimigos. O ser humano tem preferido os atalhos da enganação. Parece que o homem tem medo da cura, e corre deliberadamente atrás de falsos remédios. Doente, ele pode ser chamado de coitadinho, despertando piedade. Sim, meus amigos, o remédio para depressão está mais perto do que você pensa. - "Olhai os lírios do campo"- na expressão abalizada de Jesus. Eles existem com abundância ao nosso redor. A vida com Deus é maravilhosa. No caminho de Jesus, nós vivemos um renovado espetáculo. Se fôssemos mais sensíveis à beleza das coisas simples todas as nossas angústias seriam curadas. O grande erro é a procura de remédios falsos...e caros. Caminhar na trilha certa, desvestindo imperfeições, é o melhor investimento para sermos felizes. Isto não será resignar-se? perguntará alguém: Acomodar-se ao irremediável? A insatisfação não estará camuflada nas profundezas do inconsciente? Eu não gosto desta palavra "resignação". Ela favorece idéia de uma entrega difícil, de um trabalho forçado, de uma tarefa executada como "obrigação". Imagino um operário derramando suor, mas reclamando da sorte, de rosto fechado. Lembremos palavras de Jesus: "(...) o meu jugo é suave e o meu peso é leve". Mateus, 11 v 30. Por isso eu prefiro "aceitação" ao invés de "resignação". O verdadeiro seguidor do Cristo "aceita" alegremente a vontade do seu Mestre. Se isto não acontece algo não está certo. Nos primeiros séculos do cristianismo os mártires morriam cantando, louvando e agradecendo a Deus. Quando fazer o bem pesa é sinal que ainda não estamos maduros. O ser humano está procurando se corrigir, mais por medo do Inferno do que por amor. Aqui caberia uma pergunta: Se Jesus recomendou "olhai os lírios" para que fôssemos felizes, por que os mártires morreram? Realmente, o martírio dos bons parece uma nota dissonante. Por que Deus permite a vitória dos violentos? Nestes tempos onde correntes teológicas pregam a prosperidade a qualquer custo... ...onde sofrer significa não ter "a posse da graça"... ...É difícil entender esta atitude permissiva de Deus. Será que o Pai Eterno está em cima do muro, indiferente ao sofrimento dos seus filhos? Para nós que acreditamos na preponderância do espírito a questão é irrelevante. Não existe morte. Aqui ou além, a nossa vida continua. "Quem quiser ganhar a sua vida a perderá; e quem perder a sua vida, por minha causa, a ganhará". Palavras de Jesus, em Mateus, 16 v 25. E o Mestre, logo em seguida, dispara uma indagação: "(...) que aproveitará o homem se ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma?" Mateus, 16 v 26. Sendo a morte uma coisa negativa não será uma aberração que o ímpio execute sentença contra o justo? Disse Jesus: "Não temais os que matam o corpo, mas nada podem contra a alma". Mateus, 10 v 28. Mais adiante, no verso 30, o Mestre afirma: "Quanto a vós, até os cabelos da vossa cabeça estão contados". Mateus, 10 v 30. No primeiro verso, o Mestre aponta aquela parte do nosso "eu" que jamais morrerá. No segundo verso, Ele nos garante que Deus não está em cima do muro. Prova disto: "Até os cabelos da vossa cabeça estão contados". Se "os cabelos da nossa cabeça estão contados" é sinal que Deus se preocupa conosco. O grande problema é que nós valorizamos tanto os nossos cinco sentidos, que chegamos a esquecer que somos espíritos. O espírito é o nosso verdadeiro "eu" e este ninguém conseguirá matar. Eu acho que o ponto básico é o seguinte: Nossa alma existe independente do nosso corpo. Vocês não acham que Jesus foi suficientemente claro? Os próprios cientistas sempre cautelosos já estão diminuindo a resistência. Médicos têm feito pesquisas.
Em 1991, Pam Reynolds, de Atlanta, nos Estados Unidos precisou cirurgia no cérebro. O neurocirurgião Robert Spetzler, de Phoenix, informou que só faria a intervenção com o coração parado por uma hora. Pam morreria, por sessenta minutos, e depois seria ressuscitada. Até o sangue seria drenado para permitir a operação. Cérebro morto, sem sangue, Pam Reynolds "viu" detalhes da cirurgia, num espaço acima dos ombros do médico. Seu corpo estava lá, e ela se encontrava fora do corpo. Em espírito, ela conviveu com parentes já desencarnados, numa outra dimensão.
Alguém perguntará: Não terá sido uma alucinação? Ora, meus amigos, alucinações são produzidas no cérebro. Não esqueçam que o cérebro de Pam fora desligado, e drenado, dele, o próprio sangue. Não existe maneira de entendermos diferente. "Um cérebro morto não consegue funcionar, nem com defeito". Leiam o artigo "Após a morte" em Selecões de julho/2004, e vocês concordarão comigo. É pelo menos curioso que cristãos duvidem nesta verdade. Dois mil anos antes da ciência cogitar do assunto, Jesus já dizia que "corpo" e "alma" são coisas diferentes. Decomponham esta frase do Mestre: "Não temais os que matam o corpo, mas nada podem contra a alma". Se esta coisa chamada "alma" estivesse amarrada ao corpo, morreria com ele. Não existe maneira de interpretarmos diferente. No texto do Evangelho, e agora também na ciência, encontramos "mil" provas de que existe algo mais, além do corpo. O fato é que Deus abriu fronteiras enormes para permitir o nosso aprendizado. "A casa de meu Pai tem muitas moradas", como disse Jesus. Se faltasse chão na Terra para nossos pés, Ele nos levaria para outros mundos. Estamos destinados a uma vida plena, aqui ou acolá. Em todas as circunstâncias, só nos resta confiarmos em Deus... ...e nos aninharmos debaixo das suas asas. Neste caso, o cristão nunca tem prejuízo? Em todas as circunstâncias ele será um vitorioso? Com certeza! Estando com Deus, o lucro é sempre nosso.
Uma velhinha, em Berlim, de repente deixou de passar as noites no abrigo antiaéreo, na época da guerra. Um conhecido perguntou-lhe: - Senhora, por que deixou de se proteger no abrigo? A resposta da velhinha foi original: - Eu descobri, na Bíblia, que Deus nunca dorme. Por isso não me preocupei mais. Se Ele está acordado, eu sei que não corro perigo.
Ter confiança em Deus deve ser a resposta do cristão. Viver em função desta confiança é o ponto crucial. - "Por que andais ansiosos?"- perguntou Jesus. "Considerai como crescem os lírios do campo; eles não trabalham nem tecem. Contudo, nem Salomão com toda a sua glória conseguiu vestir-se como um deles". Mateus, 6 vv 28 e 29. Pautar nossa conduta por esta realidade seria o máximo. Entretanto, infelizmente não é isto que acontece na vida de muita gente. O problema de uma grande parcela da humanidade é a insatisfação com a vida. Este desgosto crônico termina em dívidas, para manutenção de um padrão de vida acima das possibilidades. Aproveitar créditos é fácil... ... difícil é honrar compromissos! O descontrole financeiro termina em falência. Neste ponto começa a bola de neve, de agiota em agiota... ...juros sobre juros... ...E a vida se transforma em verdadeiro inferno. Certamente Deus não deseja que tal aconteça... Quem vive numa "ilha de fantasia" termina neste buraco. Fique claro: Não estamos estabelecendo restrições ao consumo. Você tem possibilidade? Aproveite. A vida é sua. Todos somos livres para vivermos como quisermos. Simplesmente alertamos para os perigos de um padrão de vida além dos nossos recursos. Nesta página, estamos apontando os prejuízos da ansiedade. Tudo aquilo que produz aflição é mau negócio. Agora se você tem as mãos firmes no leme, vai em frente. Desde que tenha recursos, pode montar o seu castelo... e até adquirir o seu avião particular. Cada um de nós traz, ao reencarnar, um projeto de vida... Por isso uns são pobres e outros ricos. Desde que não ultrapassemos nossos limites tudo bem. Se formos cautelosos não teremos surpresas desagradáveis. Ninguém pretende ensiná-lo a gastar o seu dinheiro. Aliás, é tamanha a sede de se tornar "celebridade" que muita gente vai fundo... ...e termina "quebrando a cara". Vocês já devem conhecer o tipo? Anos atrás, convivemos com alguém que era campeão na arte de contar vantagens. Ele se dizia rico, gastava nos melhores clubes e conhecia todo mundo. Na hora do almoço ele comia repolho. Durante toda a tarde, ele esfregava o estomago e dizia: - Este perú não me fez bem. Nós apreciamos bastante a reação de um garoto, que devolveu a moeda ao inventador de estórias Ele detalhava uma suposta viagem que fizera em torno do planeta. - Dei a volta ao mundo! - proclamava, satisfeito. O garoto foi rápido; deu o troco na hora: - Pois saiba, meu amigo, que eu faço, todos os anos, uma volta completa, em torno do Sol. Uso a nave do planeta Terra. Como era de se esperar, a gargalhada foi geral. O fato é que durante os 365 dias do ano nós viajamos uma volta completa em torno do sol. A nossa viagem é mais importante que a dos milionários. Eles se gabam de dar a volta ao planeta Terra, com seus recursos. Nós damos volta ao sol, com passagem paga por Deus. O milionário falso sorriu, "amarelo", e se afastou do grupo. Finalmente, ele percebera que perdera o crédito. O incidente terminou nos ensinando uma grande lição: Mesmo nós que possuímos recursos menores gozamos de confortos incríveis, recebidos do Pai Criador. Esta viagem anual em torno do Sol é prova disso. Há muita coisa bonita, no mundo, que Deus colocou para nosso deleite. Basta termos olhos de ver, e ouvidos de ouvir. Há muita coisa repousante, que nos acalma o espírito... E justamente estas coisas tão importantes, em termos monetários custam quase nada. Falo isto, para deixar claro que não precisamos importar flores da França ou da Itália . Há um ditado popular que traduz uma grande verdade: "Eu não tenho tudo o que gostaria. No entanto, estou feliz por aquilo que tenho". Eu repito o conselho importante: aceitação. Não será esta a melhor maneira de conviver com Deus? Uma grande parcela da humanidade vive insatisfeita... ...insatisfeita com sua morada... ...insatisfeita com o bairro onde vive... ...insatisfeita consigo mesma. Este é o grande problema. Aquelas terríveis noites de insonia nascem desta insatisfação. As neuroses aparecem criadas pela ansiedade. Todos correm atrás da "bola", desesperados. Detestamos que alguém passe em nossa frente, na porta giratória do banco. Um gaiato me disse que uma fração de segundo é o espaço entre a abertura do sinal verde e o xingamento do motorista que vem atrás... Nossos avós permaneciam horas com a xícara de chá nas mãos, e a família toda reunida. Escutavam a caçula tocar piano... A titia cantar um clássico da música... E todos jogavam conversa fora... Quem faz isto, em nossos dias? Hoje, homens e mulheres participam de jantares de negócio. Fazem trinta telefonemas. Assistem o jornal das oito. Combinam cinema a dois. No caminho do cinema, ainda fazem compras. Tudo isto numa única noite. O ser humano vive a síndrome do "dia cheio". Eles sabem que o dia de amanhã ainda será pior. Por esta razão, é preciso correr hoje... ...correr sempre... ...correr como loucos. A neurose dos compromissos inadiáveis vai faturando a saúde dos apressadinhos. Minha mãe costumava dizer: "Este menino parece que vai tirar o pai da forca". Na minha terra natal, e nos meus tempos de criança, estas palavras condenavam a pressa. Para fazer as coisas com perfeição é preciso calma, diziam os nossos antepassados. Vocês já pensaram que afobação pode ser doença? Se você não consegue equilíbrio emocional existe algo errado. Está na hora de procurar um contato mais íntimo com Deus. Conte ao Pai Eterno as suas aflições. Com toda a certeza, esta ansiedade só pode ter raízes em alguma perturbação espiritual. Desabafe suas amarguras no seio do Senhor. Ele é paciente. Vai ouvir suas queixas. Vai registrar todos os seus temores. Vai auscultar as pulsações do seu coração enfermo. Nunca esqueçamos que foi Ele que nos criou. Ele conhece todas as peças da máquina de nosso corpo. Ele sabe o quanto somos frágeis. No Japão, na época da guerra, era difícil viver. Aviões passavam despejando bombas. Com os nervos à flor da pele, quem poderia cultivar tranqüilidade? Em resposta, eu apontarei alguém que sabia viver, no meio daquele sangrento conflito. Jigoro Fujiwara era o seu nome. Ele vivia com o filho Kose, numa região agrícola do Japão. Este incidente ocorreu no último ano da guerra. Pai e filho cultivavam pequeno sítio. Certa manhã de agosto de 1945, eles atrelaram o carro, e partiram ao encontro da cidade grande. - Se chegarmos ao mercado antes dos outros, disse o filho, conseguiremos melhores preços. - Calma, disse o velho... Você viverá mais! Quatro horas depois, iam passando por uma pequena casa, quando Jigoro gritou: - Pare o carro, filho. É a casa do seu tio. Vamos entrar para saudá-lo! - Já perdemos uma hora, retrucou Kose, de cara amarrada. O filho não acompanhava o raciocínio do pai. Ao contrário, cada vez ficava mais tenso e zangado. Terá aquela viagem aprofundado o conflito de gerações entre os dois? É possível, meus caros amigos. O fato é que se tornou difícil para o rapaz suportar a conversa dos dois velhos. Finalmente, depois de muitas e delicadas curvaturas, o carro voltou à estrada. Agora, era o velho quem dirigia o boi. - Por esta estrada não, papai. Por favor, aquela da direita é mais curta. - Pode ser mais curta, respondeu Jigoro. Mas este caminho é muito mais bonito. Existem flores por todo o percurso. - Você parece não fazer caso do tempo, meu pai. Ainda não se apercebeu do enorme atraso? - Eu dou tanto valor ao tempo, filho, que o aplico, inteirinho, para contemplar coisas belas e agradáveis. Quando a noite chegou, eles atravessaram lugar esplêndido...um verdadeiro jardim. Kose, desesperado, percebeu o carro adentrar o mato. Seu gosto seria viajar a noite toda, sob o clarão da lua, para recuperar o tempo perdido. E agora: como dobrar a vontade do pai? Nem pensar, bradou Kose, no auge da aflição. - Vamos dormir aqui, disse Jigoro, sorridente. O perfume destas flores está me fascinando. Que noite sublime, meu Deus! - Pai, eu nunca mais vou viajar com você. O senhor se incomoda mais com flores do que com ganhar dinheiro. Antes de clarear o dia, o jovem Kose já acordara o pai...e partiram. Uma hora mais tarde passaram por carro atolado. - Vamos ajudá-lo! - disse o velho, prestativo. - Eu não agüento mais! - respondeu o rapaz, explodindo. - Calma, filho... Com calma você terá vida longa... e será feliz. Quando conseguiram desatolar o carro, o sol já ía alto. Repentinamente, um relâmpago rasgou o céu. Ouviu-se estranha trovoada, além da montanha distante. - Se não tivéssemos atrasado tanto, estaríamos voltando, com tudo vendido, queixou-se Kose, no auge da revolta. - Calma! - repetiu o velho. Você viverá mais. O rosto enrugado de Jigoro mantinha-se imperturbável e sereno, dirigindo o carro de boi. Atento, ele vivia todas as sensações da viagem. Kose pensava: Que fazer com este velho? Muitos que nos assistem devem concordar com o filho: Afinal, dirão estas pessoas: Jigoro é um velho difícil. Ele está mais preocupado com suas emoções do que com ganhar dinheiro...e progredir. Foi somente na tarde do outro dia, que chegaram ao monte, de onde enxergaram a cidade grande... Aquela cidade, meus amigos, era Hiroxima, atingida em cheio pela bomba atômica. Finalmente o rapaz, pela primeira vez, agradeceu ao pai: - Obrigado, papai. Se chegássemos antes, também nós estaríamos no meio destas cinzas...
Louvado seja Deus!