Desertores das horas perdidas

Data: sábado, 20 de agosto de 2005

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Nós já falamos sobre homens que seguiram Jesus.
Muitos o seguiram, de imediato, sem olhar para trás.
Abandonaram tudo e deram o mergulho no lago misterioso.
Hoje, nós analisaremos uma estranha galeria:
Aqueles que chegaram, olharam, escutaram e fugiram.
Embora em estreita conexão com o Mestre, eles desertaram.
Foram sensibilizados pelo magnetismo de Jesus, mas desprezaram a chance de se tornarem apóstolos.
Cristãos de contrabando, mantiveram-se na periferia do Evangelho.
Estes camaleões doutrinários você os encontra até hoje.
Eles mudam de cor, conforme a conveniência.
Eles chegam na beira do rio, molham os pés, mas nunca resolvem dar o mergulho.
Vocês conhecem estes figurões pitorescos.
Eles são e não são, ao mesmo tempo.
Eles crêem, mas nunca assumem suas crenças.
Estão sempre de olho no além distante.
Conservam-se com os pés em duas canoas, na busca incessante do maravilhoso e do fantástico.
Desejam panacéias que curem câncer, na hora, esquecidos que a saúde é tarefa nossa de cada dia.
Jesus jamais desejou parceiros para espetáculo ruidoso.
E é exatamente o que desejam os “camaleões”.
Até hoje eles não compreenderam que o sacerdócio legítimo é o convívio fraterno com as pessoas.
“Raios e trovões” aconteciam nos tempos de Moisés.
Com Jesus o que verdadeiramente faz sentido é o trabalho silencioso que alivia dores e cura ferimentos.
Nunca esqueçamos que o Mestre lamentou a busca compulsiva do sobrenatural.
“(...) enquanto vocês não presenciam prodígios não conseguem crer”, lamenta Jesus em João, 4, v 48.
Estas palavras foram ditas ao funcionário de Herodes, que lhe pediu a cura do filho.
O Mestre lamentava que a crença popular fosse eternamente movida pelo combustível dos seus milagres.
Seu desejo era que tudo fosse diferente.
Seu desejo seria a não existência de moeda de troca entre Ele e os seus seguidores.
Mas havia:
“Vós me procurais não pela fé, mas porque comestes dos pães e vos fartastes”.
João, 6 v 26.
Estas palavras foram ditas pelo Mestre, após a multiplicação dos pães.
A cura e o alimento, como objetivos da aproximação, entristeciam Jesus.
Os desertores das horas perdidas foram sub-produtos desta busca interesseira.
Este desvio custou, a todos eles, um preço alto.
É sobre este desencontro que nós desejamos discorrer em nossa palestra de hoje.
Nicodemos é o primeiro da lista.
Em todos os anos de sua vida, Nicodemos jamais esqueceria a noite em que apagou a lâmpada do Sinédrio, e saiu para encontrar Jesus.
As estrelas e o luar iluminavam a Cidade Sagrada.
Ele procurara os atalhos mais desertos, para não ser reconhecido.
Esta covardia custou-lhe muito caro.
Ele jamais esqueceu aquela noite.
Toda vez que a brisa fresca soprava na cortina de sua casa, ele lembrava a voz do Mestre:
"O vento sopra onde quer e ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem nem para onde vai.
Assim é todo aquele que nasce do espírito”
.
João, 3 v. 8.
Temos certeza que Nicodemos se comoveu com estas palavras, pois ele reaparece no relatório sagrado.
Nicodemos pediu a palavra e defendeu a causa do Mestre, no Sinédrio.
Era preciso ter coragem.
Os sacerdotes judeus não gostaram.
Mas ele falou com desassombro.
Isto mostra que ele reconhecia a nobreza da causa.
Vacilou o tempo todo, porém, para não prejudicar sua imagem como membro do Sinédrio.
Ele esteve presente na crucificação, pois ajudou Arimatéia a descer o corpo da cruz.
O evangelista João nos dá notícia de que Nicodemos contribuiu com cem libras de aromas, para ungir o corpo do Mestre.
Ele nunca negara Jesus, é verdade.
Da mesma forma, nunca o confessara, porém.
E agora Jesus fora crucificado.
Naquela noite, Nicodemos deve ter se revirado, insone, até o nascer do sol.
Agora é tarde – foi o desabafo de Nicodemos pela manhã.
Quantas coisas poderia ter feito ao lado daquele homem.
Quantas lições divinas lhe escaparam por não tê-lo seguido?
Nicodemos umedecera com lágrimas o linho branco do sudário, quando ajudou a envolver, nele, o corpo de Jesus.
Infelizmente, eram lágrimas de remorso, por não tê-lo ajudado enquanto vivo.
Depois de Nicodemos, lembramos outro personagem.
Este era bem falante, advogado talvez, curioso com certeza.
Ele fez uma pergunta direta ao Nazareno:
- Quem é o meu próximo?
Como outros rabinos, Jesus poderia ter apontado apenas preceitos, nada mais que preceitos:
Quem mais sofre é o teu próximo: Socorrendo o reconhecerás.
Quem tem sede é o teu próximo: Cavando um poço, estarás mais perto dele.
Quem padece dores é o teu próximo: levando-lhe o remédio comungarás com ele.

Se o Mestre tivesse alinhavado estas recomendações, o ilustre causídico as esqueceria no dobrar da primeira esquina.
A empolgação o enterneceria apenas na primeira hora.
Conhecendo esta reação bem humana, o Nazareno preferiu contar-lhe uma história: A história do Bom Samaritano.
A narrativa produziu melhores efeitos.
Aquele homem permaneceu plantado na frente de Jesus, pensativo.
Mais do que fariam as ponderações sobre convivência fraterna, a história o comoveu.
Pudera!
Jesus desenhou episódio inesquecível.
O sacerdote e o levita passaram e torceram o nariz.
O Samaritano estacou, prestativo, e socorreu a vítima.
Então Jesus fez a pergunta ao ilustre causídico:
“Qual destes três se houve como próximo daquele que caíra nas mãos dos ladrões?
- Aquele que agiu com misericórdia” – respondeu o doutor
. - Pois vai e faze o mesmo”
, rematou o Mestre.
Lucas, 10 vv 25 a 37.
- "Vai e faze o mesmo!"
Aquilo era um convite. Mais do que um convite era um desafio.
Fazer alguma coisa: Não amanhã, nem depois, mas hoje.
Ser alguém - agora - no cenário do mundo, que é o verdadeiro teste.
Somos obrigados a deduzir que o nobre argüidor, o ilustre causídico, não aceitou o convite.
Nas entrelinhas, verificamos que o Mestre o chamou para o trabalho, e o advogado fugiu dele.
- Vai e faze o mesmo, foi a ordem.
Aquele homem preferiu ser alguém no mundo periférico, horizontal, dos interesses humanos.
Aquele homem se misturou no anonimato das ovelhas perdidas.
Era mais fácil e mais lucrativo viver sua própria existência.
Continuou “como morto, enterrando seus mortos”.
Todavia, nós não acreditamos que ele permaneceu indiferente.
Temos a certeza que as palavras do Mestre calaram fundo em sua alma.
Como todos os judeus, aquele advogado detestava os samaritanos.
Jesus desenhara todo aquele mapa de propósito.
Apontara o samaritano compadecido, para fazê-lo ciente que não existiam fronteiras no reino do bem querer.
Todos os preconceitos deveriam ser jogados fora.
Aquele homem caído não tinha raça, religião ou cor de pele.
Era um ser humano vulnerável clamando por socorro...
...Era um irmão.
Quando nada, Jesus alargara os horizontes do seu consulente, deixando claro que a fraternidade não conhece limites.
Sem qualquer dúvida, eu acredito que aquele advogado jamais esqueceu a história singela que Jesus lhe contou.
Mas, continuemos a retratar os desertores.
Barrabás é outro personagem que foi profundamente marcado, no encontro insólito que teve com o Rabi Galileu.
Ele tinha certeza de que seria condenado à morte.
Ele não dormiu naquela madrugada sinistra de sexta-feira.
Todos os anos, Pôncio Pilatos libertava um prisioneiro, por ocasião da páscoa.
Por mais terríveis que fossem seus crimes, Barrabás alimentava uma secreta esperança.
No corredor da morte, a libertação era um jogo de muitas cartas.
Em suas cogitações, a execução desenhava-se quase inevitável.
Barrabás sabia que só um milagre poderia salvá-lo.
Uma interrogação, porém, o castigava:
Quem faria milagres em favor de um bandido?
Quando percebeu o semblante do seu concorrente, a poucos passos, Barrabás teve um acesso de desespero.
- Brincadeira, gemeu, carregado de ódio.
Pilatos deveria estar zombando de sua desgraça.
Ele não teria a menor chance contra aquele homem.
O perfil do Nazareno desmoronou suas esperanças.
Contaram-lhe, na prisão, que Jesus recebera homenagem unânime das multidões ainda no domingo anterior.
Todos o amam! - balbuciou Barrabás, ostentando uma ponta ácida de inveja.
Jesus fora aclamado com palmas e flores.
Com toda a certeza – concluiu Barrabás, Ele será beneficiado com a graça da liberdade.
Ninguém poderá competir com este Anjo de Deus.
Dali a pouco, contrariando todas as previsões, um grito uníssono escapou da enorme massa de gente.
Barrabás vencera.
Por incrível que pareça, Barrabás conquistara a preferência unânime de toda aquela multidão.
O marginal desceu as escadas num salto, e, gritando de alegria, abraçava todo o mundo.
Foi um dia de festa na caverna do temido assaltante.
Muita bebida e bastante alegria.
No silêncio do seu quarto, porém, a euforia de Barrabás se transformou em leve inquietação.
E aquela inquietação foi crescendo...
Uma dúvida atroz passou a perturbá-lo.
Alguém fora morto em seu lugar.
O justo pelo injusto!
Uma pergunta deverá tê-lo atormentado pela vida inteira:
- Afinal, qual seria o motivo de o considerarem mais perigoso do que eu?
Algo deve ter mudado naquele coração perverso.
Infelizmente a história não registra se o apelo silencioso do Cristo alcançou resultado.
Depois de Barrabás, na galeria imensa dos que poderiam ter sido e não foram, encontramos mais um:
- Pôncio Pilatos.
Muito já se escreveu sobre o governador da Judéia.
Seu nome vem fazendo parte de romances e filmes.
O que eu posso garantir é que ele não esqueceu aquele estranho prisioneiro.
Insone, esbofeteado, espancado, Ele conservava os traços fidalgos e a postura majestosa.
Quando encarou o prisioneiro, Pilatos parecia confuso.
Não sabia onde guardar as mãos.
Não sabia o que fazer, nem o que dizer.
A expressão tranqüila do Mestre o perturbava.
Parecia que o governador da Judéia era o réu, e Jesus presidia seu julgamento.
- Que é a Verdade? - perguntou o governador, para disfarçar.
Esta pergunta revela que Pôncio Pilatos já vinha se informando sobre o Nazareno.
A pergunta de um nobre romano não seria esta, se o Governador considerasse Jesus simplesmente um rabino.
Somente alguém que possua todas as respostas tem suficiente sabedoria para definir a Verdade.
A pergunta com certeza era fruto desta constatação.
Ela mostra que Pôncio Pilatos tinha o Mestre em alta conta.
Se Jesus o pressionasse, ele se tornaria discípulo.
A resposta do Mestre foi o silêncio, todavia, e este silêncio selou o destino de ambos.
Jesus foi entregue aos seus flageladores...
E Pilatos lavou as mãos numa bacia de prata.
O Moço Rico é o personagem seguinte de nossa galeria.
Pela sua condição social, ele deve ter vacilado bastante antes de procurar Jesus.
Ele por certo deve ter dançado naquele vai e vem da dúvida inflacionada pela sua juventude.
- Valerá a pena abordar o Rabi Galileu? Ele se perguntava.
Tinha escrúpulos em ombrear aquela gente inculta e maltrapilha que rodeava o Mestre.
Sentia vergonha. É isto! O Moço Rico sentia vergonha.
Encarar aquele profeta poderia terminar em desastre, no circulo restrito dos seus amigos.
Um dia, porém, ele criou coragem, e fez a pergunta que ensaiara durante longo tempo:
- "Que devo fazer para alcançar a vida eterna?”
O atrevimento da pergunta demonstra a dimensão da expectativa.
Há os que desejam a saúde e o pão.
O moço rico desejava a graça da Vida Eterna.
Ele queria fórmulas que assegurassem sobrevivência.
Aquele Rabi com certeza conheceria o caminho perfeito.
O teor da interrogação define o idealismo do rapaz.
A sua sede pela abertura das cortinas...
Gozava de bom conceito social. Era rico e culto.
Tinha enorme possibilidade de prestar um grande serviço.
De repente, contudo, quando já se alinhava entre os seguidores, Jesus apontou a suprema exigência:
"Se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens e entrega aos pobres. Depois, vem e segue-me”.
O moço foi esmagado, naquele momento, por todas as facilidades que o dinheiro lhe proporcionavam.
Sem dizer nada, atravessou a multidão e fugiu de Jesus.
- "Uma coisa ainda te falta..." - dissera o Mestre.
Será que ele conseguiu esquecer, algum dia, estas palavras?
Com toda a sinceridade nós acreditamos que não.
Jamais aquele rapaz colocou suas mãos em dinheiro, sem escutar a voz de Jesus percutindo em sua consciência.
- Uma coisa te falta... Uma coisa te falta... Uma coisa te falta...
O fato é que o Mestre continua procurando colaboradores, em todos os cantos da Terra.
Em nosso tempo e em todos os tempos.
Hoje, focalizamos os desertores das horas perdidas.
Aqueles que poderiam ter sido...e não foram.
De repente, porém, lembramos alguém que ficou no meio da correnteza, nem lá nem cá.
Este foi apóstolo, sem ter sido apóstolo.
Um enigma?
Talvez!
Nesta imensa galeria de soldados e desertores, nós encontramos um seguidor anônimo que jamais cruzou com Jesus.
A diferença entre ele e os que fugiram é que este não foi sequer convocado.
Ele já era apóstolo, e Jesus ainda nem o conhecia.
Da mesma forma que os desertores, oficialmente ele jamais fez parte daquele grupo de companheiros de Jesus.
A despeito disso, porém, ele usava o Nome Santo para exorcizar espíritos malignos.
Ele era alguém fora do grupo que exercia funções no apostolado.
Ele não procurara o Nazareno.
Ele não recebera o convite do Grande Mestre.
Ele não aprendera as lições básicas para evangelizar.
No entanto, ele se encontrava ali, no teste das ruas, e tinha que ser levado em conta.
Aquele anônimo era uma realidade, mesmo que outros o negassem e hostilizassem.
Ninguém podia lutar contra fatos.
E aqui se levanta o véu de mais um aspecto polêmico da doutrina de Jesus:
Não existem fórmulas exclusivas para o trabalho divino.
Melquisedec foi reverenciado por Abraão...
...E este anônimo recebeu as bênçãos de Jesus.
E o que é mais importante: Jesus defendeu suas prerrogativas de representá-lo.
Contrariando as opiniões discriminatórias de todos os séculos e milênios, o Rabi Galileu admitiu o discípulo sem “crachá”.
“ Mestre”, bradou irritado o apóstolo João, “encontramos um homem que expulsava demônios em teu nome, e lho proibimos, porque não segue conosco.
- Não deveis proibi-lo”
, ordenou Jesus, pois “quem não é contra vós e por vós”.
Lucas, 9 vv 49 e 50.
Há os que são convocados e se tornam discípulos.
Há os que são chamados e desertam.
Há os que são livres e mergulham no oceano divino por conta própria.
Não pode existir burocracia nas relações entre o homem e Deus.
Escreveu o Apóstolo dos Gentios na carta aos gálatas:
“ Paulo, constituído apóstolo não pelos homens (...) mas por Jesus Cristo e por Deus Pai(...)”.
Gálatas, capítulo 1 verso 1.
Todos são chamados, mas nem todos terminarão escolhidos.
Nem todos obedecem ao chamamento, embora esta deserção cause arrependimentos tardios.
Por último, deparamos a excelência desta terceira força:
Aqueles que se fazem discípulos por conta própria.
Onde predomina o Espírito do Senhor naquele recanto existe liberdade.
Quem é livre não suporta clausura.
Quem é livre esgarçará qualquer veste teológica com que tentarem vesti-lo.
O Pai Celestial é a própria liberdade.
Ele não usa o seu poder nem mesmo para cobrar o tributo da própria vida.
Ele abre a gaiola e solta o espírito pela vastidão do infinito.
O Pai Celestial segue o pássaro, de longe, com os seus olhos Eternos, esperando seu retorno.
O Pai Celestial jamais violentará o nosso livre arbítrio.
Nós poderíamos ampliar a resenha de apóstolos fracassados e vencedores.
Vitória ou derrota, todavia, são fenômenos pontuais.
A roda da fortuna retorna ao mesmo lugar.
Bastará permanecer atento, desta vez.
Aqueles que ouviram a trombeta e fecharam os ouvidos com certeza aprenderam a lição.
A consciência do prejuízo pela displicência despertou-lhes maior senso de oportunidade.
Todos eles gemeram e choraram os prejuízos da fuga.
De formas diferentes, todos eles tiveram contato com o Cristo... ...Foram sensibilizados...
...Balançaram...
...Mas recuaram por absoluta falta de fé...
Deixaram o trabalho para mais tarde...
O tempo passou... e eles perderam a oportunidade de servir.
Na cidade de Balk, há muito tempo, viveu alguém que se chamava Mahmud.
Ele era um visionário.
Tinha planos salvadores.
Diziam as lendas que ele se comunicava, diretamente, com os anjos do deus babilônico.
E foram estes gênios que lhes sugeriram a construção da grande pirâmide.
O sonho de Mahmud era abrigar, sob aquele gigantesco teto, todos os infelizes da terra.
Enquanto Mahmud trabalhava, em sua obra gigantesca, procissões de miseráveis chegavam de todas as partes do mundo.
Mahmud os despedia, com impaciência, dizendo-lhes:
- Nada posso fazer agora. Aguardem a construção da pirâmide. Nela, os infelizes da Terra serão tratados e abrigados.
Os anos passaram.
Os pobres de Balk já eram outros.
Muitos haviam morrido de fome e de frio...
Mahmud não parava.
Continuava construindo a grande pirâmide.
Procissões de desesperados continuavam chegando.
Eles recebiam, sempre, a mesma resposta:
- Esperem o término da pirâmide.
Mahmud continuava o trabalho, embora mais curvado e mais trêmulo.
Os anos embranqueceram seus cabelos, e seus olhos enxergavam menos.
Mahmud envelhecera.
Sua resposta, todavia, continuava sempre a mesma:
- Aguardem a grande pirâmide. Nela, serão socorridos todos os infelizes da Terra.
E os anos continuaram passando.
A procissão dos deserdados era cada vez mais longa.
Até que um dia a pirâmide ficou pronta...
E vocês ganharam o direito de me perguntar:
Os infelizes da terra finalmente foram abrigados, não é verdade?
Não, meus amigos. Não foi isto que aconteceu.
Mahmud morreu no mesmo dia da inauguração da pirâmide.
Outra pergunta de vocês: E a pirâmide? O que foi feito da pirâmide?
Ora, meus amigos. A pirâmide serviu de túmulo para Mahmud.

Moral da história: Pretexto algum justifica o retardamento do trabalho.
Precisamos continuar atentos ao chamamento de Deus, através de Jesus.
Cada um de nós nasceu para missões específicas.
Com as ferramentas disponíveis teremos que realizar as nossas tarefas.
Hoje é o vencimento da nossa dívida com Deus.
Quem vive precisa estar atento...e ativo.
Quem vive tem obrigação de servir.
A luta deve ser uma conseqüência da própria vida.
As ferramentas que Deus nos emprestou precisam ser acionadas longe da ociosidade.
A obra do Criador é um enorme mosaico, onde faltam azulejos que é nossa tarefa colocar.
Ninguém fará por nós o trabalho que nos cabe.
Jesus continua nos chamando para cumprirmos a nossa parte.
A criação não é tarefa única de Deus.
No grande plano do Criador nós somos pequeninos artífices, cujo trabalho vai consolidando o nosso progresso.
Louvado seja Deus.

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