Qual a Lei Irrevogável?

Data: segunda-feira, 15 de maio de 2006

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Passagens aparentemente contraditórias existem na Bíblia e no Evangelho.
Do versículo de um livro para outro, muitas vezes a doutrina é radicalmente modificada.
Textos isolados podem apontar verdades parciais.
Para extrairmos lição coerente, teremos que examinar o espírito das Escrituras do Gênesis ao Apocalipse.
Não podemos ficar “comendo pelas beiradas”, como diz o povo.
Teremos que fazer uma refeição completa.
Só assim nós sentiremos o gosto da comida.
Eu já escutei interpretações que me deixaram vermelho de vergonha e frustração.
Vou citar apenas um exemplo:
Palavras trocadas entre Jesus e os discípulos, na cura do cego de nascença.
“ Nem ele pecou nem seus pais” - disse o Mestre. “Tudo aconteceu para glória de Deus”.
João, 9 v 3.
Um pregador, alhures, usou esta frase de Jesus como prova de que o pecado nada tem a ver com doença.
A sua teoria colocava por terra a Lei do Carma.
E ele foi enfático, declarando ao microfone:
- Não é o pecado que causa doenças. É Satanás. Ele chega, toma conta da vítima, e a pessoa termina de cama.
Se a Bíblia só tivesse este trecho do cego de nascença, a idéia deste pregador faria algum sentido.
“ Nem ele nem seus pais pecaram”, e ponto final.
Não haveria muito mais o que discutir.
O Tribunal Divino já formulara “jurisprudência”, como dizem os causídicos por aí.
Acontece que a Bíblia, em outras passagens, explica estas aparentes contradições.
Nós não vamos ficar patinando, como locomotiva subindo ladeira.
Voltemos um pouco, neste mesmo Evangelho de João, e encontraremos palavras de Jesus dizendo exatamente o contrário:
“ Veja que estás curado, disse o Mestre. Não peques mais para que não te aconteça coisa pior”.
João, 5 v 14.
Se aquela primeira frase mexe com a Lei do Carma, estas últimas palavras a consagram.
Não esqueçam que os times perdem pontos quando são derrotados.
Quando pecamos é natural que a correção aparece.
Foi o próprio Jesus quem disse isto ao paralítico de Betesda.
Apesar da qualidade divina do Médico, a doença poderia retornar ainda mais virulenta, se ele praticasse o mesmo pecado.
Todo o problema voltaria, com agravantes: “Não peques mais para que não te aconteça coisa pior”.
Ele ficaria entrevado outra vez, se perseverasse na prática da mesma transgressão. .
Aqui se comprova que uma parte das doenças é fruto do nosso carma.
O cego de nascença foi uma exceção.
Percebam a minha cautela: Eu disse “uma parte das doenças” é oriunda do nosso carma.
Jesus confirma que o pecado traz conseqüências, apesar de ter dito - no caso do cego - que a cegueira não se vinculara à transgressão.
Existem espíritos adiantados que descem à Terra como missionários.
O cego de nascença foi um destes “peregrinos do sacrifício”, que espontaneamente se propôs a reencarnar para exemplo.
No seu caso, não se tratava de moléstia carmica.
Esboçamos este prólogo como alerta para que vocês conheçam as armadilhas da Bíblia.
Quando penetramos salão espaçoso, e acendemos uma única lâmpada, nossa visão é prejudicada pela falta de claridade.
Enxergamos apenas uma área restrita.
Para conseguirmos visão panorâmica teremos que acender todas as luzes daquele salão..
Na interpretação dos livros sagrados, da mesma forma, a visão panorâmica se torna indispensável.
Teremos que enxergá-los no conjunto, com seus altos e baixos.
Abraçar o contexto em plenitude, auscultando as menores pulsações.
A leitura obrigatória, imposta por algumas religiões, não oferece esta visão esclarecedora, porque ela se enrosca no cipoal da rotina.
Ela não desperta o entusiasmo do bandeirante que se embrenhava nas matas em busca das esmeraldas.
Faltam as “esmeraldas da mística” para impulsionar a pesquisa.
O ser humano gosta de aventuras, coisas novas, grutas onde se encontram tesouros ocultos.
A Bíblia é uma destas grutas, onde nós encontramos inesperadas surpresas.
O pesquisador precisa descobrir no seu trabalho a alavanca do entusiasmo.
Eu já presenciei cenas chocantes: pessoas cabeceando em cima da Bíblia, procurando fugir ao sono.
Depois de um dia inteiro dedicado a mil tarefas, o relógio marcando vinte e três horas, aquele livro só poderá servir como travesseiro.
Em matéria de edificação espiritual, infelizmente, os ocidentais sempre foram extremamente desleixados.
Dentro das obrigações pontuais, o mendigo do nosso espírito recebe salário mínimo.
Todas as famílias têm suas Bíblias, mas elas estão cobertas de poeira nas estantes.
É verdade que o conhecimento das coisas divinas demanda estudo, meditação e prece.
Esta missão não é nada fácil.
Sem o exercício metódico do estudo e o contato com as forças espirituais, a tarefa se tornará impossível.
Teremos que analisar os textos em função da época.
Penetrar fundo na história, fazendo um comparativo da mentalidade do povo quando os fatos ocorreram.
Sabermos se o acontecimento foi antes ou depois de Jesus é um fator decisivo.
Vejam que Moisés recomendou: “Dente por dente, olho por olho” .
A vingança foi filha adotiva do Pentateuco Mosaico.
Jesus, ao contrário, decretou o perdão incondicional.
“ Orai pelos que vos perseguem e caluniam”, afirmou Nosso Mestre.
Como explicar o contraditório?
O Pentateuco Mosaico conclama o povo a proceder de um jeito.
Jesus vem e decreta algo diferente?
Alguém de vocês encontra alguma semelhança entre um beijo no rosto e um tapa no rosto?
Jesus recomenda o beijo.
Moisés determina o bofetão.
E os dois estão inseridos na mesma Bíblia.
Todos concordamos que existe enorme diferença entre beijo e tapa.
Neste caso nós chegamos à conclusão de que a Bíblia não pode ser aceita, de forma igual, em todos os seus versículos.
Somos obrigados a selecionar os textos.
Mas, qual a forma desta seleção?
Em nossa opinião, os ensinamentos de Jesus constituem-se no gabarito perfeito.
As palavras do Mestre devem ser usadas como molde.
Tomemos um trecho do Salmo 136 como exemplo:
“ Filha de Babilônia, que hás de ser destruída(...) feliz aquele que pegar teus filhinhos e os esmagar contra uma pedra”.
Salmo 136 vv 8 e 9.
Vamos utilizar o gabarito das lições de Jesus: Este trecho caberia no Evangelho?
De forma alguma!
Isto aí é uma barbaridade: esmagar crianças para se ressarcir de prejuízos causados por Babilônia?
Isto aí não passa de vingança sórdida, mesclada de sadismo e covardia. .
Os Salmos, embora contenham páginas edificantes, precisam, também, passar na peneira do Evangelho.
Esta parte não pode figurar como inspirada pelo Espírito Santo.
Nós não podemos aceitá-la.
É aquilo que nós temos dito e repetido: parte da Bíblia foi escrita por Deus, através dos profetas.
Outra porção é de autoria do ser humano imperfeito.
Também a época tem algo a ver com tamanha barbaridade: Moisés viveu treze séculos antes de Jesus.
O Salmista perto de mil anos
O perdão não cabia nos alforjes de Moisés e nem do rei Davi.
Naquela época, a vingança era procedimento consagrado.
Se Moisés, no seu tempo, exigisse o perdão recomendado por Jesus, ele seria esmagado pelos seus contemporâneos.
- A época não modifica a integridade da Bíblia, me disse alguém.
Tanto as recomendações de Moisés quanto o Sermão do Monte são válidos.
E assim a Bíblia é vendida, com fama de infalível, como “palavra de Deus” e como panacéia para todos os males.
- Sim, disse o meu interlocutor, sem me ouvir, e não esqueça que Jesus avalizou a Lei de Moisés.
E, de imediato, ele citou o trecho probatório deste aval:
“Não penseis que vim revogar a lei e os profetas; ao contrário, eu vim para dar-lhes cumprimento”.
Palavras de Jesus em Mateus, 5 v 17.
Este é o ponto de apoio defendido por todos os adeptos de uma Bíblia intocável e infalível.
Na opinião dos catedráticos, o Nosso Rabi colocou o contraditório debaixo do tapete...
Ele escondeu a sucata, dizem os escarnecedores, e rematam agressivos:
Jesus deu um suspiro, a contra gosto, engoliu em seco, e assinou a promissória como avalista de Moisés.
E o vento forte continuou soprando:
“Até que o Céu e a Terra passem, não passará um til da lei até que tudo se cumpra”.
Palavras de Jesus, em Mateus, 5 v 18.
Agora, somos nós que apontamos o contraditório.
No mesmo Sermão, o Mestre declarou:
“Ouvistes o que foi dito: Amarás teu próximo e odiarás teu inimigo”.
Eu, porém, vos digo: “Amai os vossos inimigos e orai por eles”.
Mateus, 5 v 43.
Depois de ter assinado como avalista da lei mosaica, é estranho que Jesus dê uma guinada de trezentos e sessenta graus: Vocês não acham?
Está perfeitamente claro que o Mestre desmoronou a recomendação perversa de Moisés, e colocou em evidência o preceito cristão.
A controvérsia fica atravessada em nossa garganta.
Neste ponto surge uma dúvida pertinente: Afinal, de qual lei estaremos falando que o Mestre não veio revogar?
Se Moisés ordenou algo, e Jesus aponta coisa oposta, os dois não estão falando a mesma linguagem.
Não existe a menor sintonia entre a doutrina de Moisés e a pregação de Jesus.
Um fala em perdão outro prega vingança.
Entre vingança e perdão existe clamorosa diferença.
Eu não posso pregar o amor que está no Evangelho, e, ao mesmo tempo exaltar o sadismo do Salmista e a violência mosaica.
Brincadeira tem hora, meus amigos.
Como aceitaremos que o Nosso Rabi não veio para revogar este amontoado de “sucata”?
Não encontramos coerência na aceitação da irrevogabilidade da vingança.
Entre “olho por olho” e perdão não existe ponte...
Um abismo profundo separa tais preceitos
Uma das idéias segue no rumo do norte...
Outra recomendação caminha para o sul.
Formam duas paralelas que nunca se encontram. .
Repito o que já falei: Não podemos igualar beijo no rosto com bofetada no rosto.
Se alguém me provar que o Messias não veio revogar este amontoado de incoerências, eu fecho a Bíblia e me calo para sempre.
Não estará aqui quem pretendeu ser divulgador do Evangelho.
Ninguém dorme com tamanho barulho.
É aquilo que dissemos no início da nossa palestra:
Não podemos ficar “comendo pelas beiradas”.
Teremos que fazer refeição completa, meus amigos.
Vamos sentar à mesa do banquete e matar a nossa fome das coisas de Deus.
Somente desta forma sentiremos todo o gosto e aroma da comida.
A Bíblia é um banquete, quando nós a invadimos e a devassamos sem idéias preconcebidas.
Quando mostramos coragem, ela nos convida para celebrar.
Ela própria responde as nossas dúvidas.
Como fio de Ariadne, as Escrituras nos encaminham pelo misterioso labirinto dos seus mistérios.
No assunto de hoje, realmente, nós precisamos do fio de Ariadne para nos safar do enorme labirinto.
Sem dúvida nenhuma.
Jesus fala que não veio revogar a lei, e ao mesmo tempo derruba Moisés do seu pedestal.
Chegamos então a uma conclusão:
O que Jesus não viera revogar era outra coisa.
Ele abria nosso entendimento para este algo imponderável...
Jesus revelava o código da consciência, que palpita nas profundezas do ser humano.
Este é o código irrevogável de que o Mestre falou.
O Evangelho nos aponta os parâmetros deste código universal:
“Não façais aos outros o que não quereis que vos façam”.
Você deseja ser torturado e morto?
Você gostaria de ter seus bens furtados?
Você aceitaria os grilhões da escravidão?
Todos responderão: Não, não e não!
Pois então não mate, não furte e não escravize.
Abstraindo-nos de Moisés, de Hamurabi e de todos os legisladores, este é o verdadeiro catecismo cristão.
Independente de todos os códigos humanos, o nosso bem estar clama pelo bem estar de todos os que nos rodeiam.
Esta é a lei irrevogável.
Opa, isto aí eu não gostaria que acontecesse na minha vida.
Sinceramente, então, eu passo a fazer todos os esforços para que também não aconteça na vida dos outros.
Porque eu desejo para os outros o que eu quero que aconteça em minha vida.
Esta é a lei que não se encontra em pesados alfarrábios, nem na pedra nem na “letra mortífera”.
Conta o Evangelho que naquela tarde Jesus se encontrava além do Jordão, em pleno território da Judéia.
Alguns fariseus que o seguiram desde a Galiléia o cercaram:
- “É lícito repudiar a esposa?” Perguntaram.
E o Mestre respondeu: “Não tendes lido que o Criador, desde o princípio, os fez homem e mulher?”
Percebam, meus amigos, que as palavras “não tendes lido” se revelam quase irônicas.
Apesar de leitores assíduos das Escrituras, a perseverança não os desviara da perversidade.
Quando a esposa envelhecia, eles trocavam por duas de vinte.
Jesus contrariou, mais uma vez, o egoísmo dos fariseus e rematou dizendo:
“O que Deus uniu não separe o homem”.
E aqui surge a parte conclusiva do diálogo:
“Neste caso, por que Moisés ordenou o repúdio e a carta de divórcio?” - interrogaram os fariseus.
E Jesus lhes disse:
- “Por causa da dureza do vosso coração é que Moisés permitiu o repúdio; entretanto, não foi assim desde o princípio”.
Mateus, 19 v 3 a 8.
Este trecho do Evangelho é de extrema importância, para compreendermos que as revelações antigas foram se adaptando.
Elas não continham cláusulas pétreas.
Se não era assim “desde o princípio” e a lei fora modificada “por causa da dureza de coração” aquela lei não tinha raízes...
Acompanhava os percalços da evolução do homem...
Era joguete dos defeitos humanos.
Javé - todo Ele perfeição e santidade - apenas tolerava aquela lei.
A “dureza de coração” flexibilizava os preceitos, modificando os mandamentos, se ajustando ao caráter imperfeito das criaturas.
Analisem uma reação de Moisés guerreiro e vocês compreenderão:
“Matai todos os machos, ainda que sejam crianças, e degolai as mulheres, mas reservai para vós as meninas e as donzelas”.
Palavras de Moisés, em Números, 31 vv 17 e 18.
Se Moisés aconselhava esta barbaridade, imaginem o quanto a “dureza de coração” obrigou Javé a modificar suas leis.
Algo que muda conforme o sopro dos ventos não pode ser irrevogável.
Se eu não “revogar” as trevas não posso me beneficiar da luz.
A Bíblia é uma seta apontando caminhos.
Se alguém permanecer à beira da estrada adorando setas não chegará ao destino.
O máximo que conseguirá é o apelido de Bibliólatra, ou seja - adorador da Bíblia.
Da mesma forma um idólatra.
Adorador de setas.
Quando Jesus apontou leis irrevogáveis, com certeza Ele nem pensava naqueles preceitos provisórios escritos por Moisés.
O Mestre tinha os olhos e o pensamento perdidos nas estrelas, onde se encontra a consciência imperecível de Deus.
Nas alturas e nas profundezas do coração humano dorme esta lei não escrita que jamais será revogada.
Eu pergunto para vocês:
- Por que Jesus iria eternizar estes códigos remendados?
- Por que Jesus iria colocar vinho novo em odres velhos?
Precisamos ter coragem para definir coerência.
Eu poderia ficar aqui agradando todo mundo, apontando a parte cor de rosa da Bíblia...
Dizendo que nada existe de humano no Livro Sagrado...
Ensinando que nada encontraremos provisório na Bíblia...
Poderia, mas não quero!
Não me encontro aqui para agradar quem quer que seja.
Detesto algemas.
Divulgar a verdade que eu entendo, sem véus, sem mistérios e sem subterfúgios sempre foi o meu propósito.
Não faço proselitismo porque não defendo seitas nem filosofias.
Sou livre e quero que todos sejam livres.
E aqui acreditamos ser o momento propício para revelarmos um trecho da Bíblia que tem sido esquecido.
Escutem, por favor!
É Javé falando, minha gente, por intermédio da mediunidade do profeta Ezequiel:
“Além disso”, afirma Javé, “Eu lhes dei leis que não eram boas e costumes que não fazem viver”.
Ezequiel, 20 v 25.
Javé divulgando leis que não eram boas?
Uma coisa que não é boa só pode ser má.
Fica claro, portanto, que o próprio Deus foi obrigado a criar leis precárias, com sabor e gosto de humanidade.
E o meu recado vai para os que defendem que Jesus reconheceu e avalizou cem por cento da Bíblia.
Sejamos coerentes no contexto das escrituras, meus amigos.
O próprio Javé escondeu o joio no trigal da “letra mortífera”.
Irrevogabilidade, em matéria de lei, portanto, só existe no Tribunal da Consciência.
Aqui nós somos compelidos a uma viagem astral pelas esferas.
Aonde chegarmos, encontraremos esta lei cósmica, norteando as relações entre os seres.
Existe uma única lei universal não escrita.
Jesus não pode revogá-la porque ela foi promulgada pelo próprio Cristo, na noite das origens.
Aqui nós compreendemos as palavras esotéricas de Jesus, no caso do divórcio.
“Não foi assim desde o princípio”, afirmou o Nosso Rabi.
Lá, na escuridão primordial do nosso bebê planeta, a Terra ainda não se contaminara.
Tudo tinha cheiro de novo e a inocência pairava nos ares.
Tudo era real, verdadeiro e eterno naqueles primórdios.
No princípio, somente no princípio, a lei natural, sem manchas e mazelas, esteve presente, mostrando sua cara.
Não havia letras, nem números, nem papiros e nem canetas.
Naquele mundo primitivo nada disto existia.
A única coisa que já despontava era o farol instintivo da consciência.
Intuitivamente, o casal primitivo compreendia sua dobrada força.
Sendo dois, eles enfrentavam as feras, se aquietavam diante das tempestades e não sofriam os percalços da solidão.
Ferimento num deles causava dor também no outro.
A união era estável sem escoras, perdurava sem vínculos e sobrevivia sem algemas.
Para os fariseus que o questionaram, além do Jordão, foi exatamente esta realidade que o Mestre apontou:
“Não tendes lido que o Criador desde o princípio os fez homem e mulher”.
Mateus, 19 v 4.
A lei natural manteve o casal unido, na permuta saudável de interesses compartilhados.
Depois, muito depois, surgiram leis mutáveis para atender interesses também mutáveis.
O egoísmo apareceria mais tarde criado pelo intelecto sem Deus.
Os conflitos separariam as famílias.
Códigos provisórios acompanhariam a evolução lenta e gradual dos seres humanos.
Todas as grandes religiões redigiriam escrituras, e os preceitos e proibições se multiplicariam.
Filósofos definiriam prioridades.
Criaturas piedosas viveram disciplinas.
O padre católico não pode casar, mas lhe é lícito comer carne de porco.
O rabino judeu tem livre acesso ao casamento, mas não lhe é permitido comer carne de porco.
Tudo particular, tudo provisório, tudo atendendo interesses imediatos.
Nada eterno ou de relevância universal.
No vértice de todas estas disparidades...
No eixo de todos os planetas habitados...
...Uma lei sem letras aparece, diáfana como a luz, simples como o rosto de uma criança, mostrando o verdadeiro caminho...
“Fazei aos outros o que quereis que vos façam”.
A sabedoria de Jesus marcou na figura do nosso semelhante o gabarito da nossa conduta.
São os nossos irmãos que carregam a outra ponta do nosso talismã sagrado.
Se eles viverem felizes, alcançados pelas nossas vibrações fraternas, nós também seremos felizes.
Teremos concretizado aquele abraço que faltou nas relações de Caim e Abel, de Nero e sua mãe, de Hitler e o resto do mundo.
Neste movimento de retorno às origens, todos sentirão o fantástico milagre de um pregador de Nazaré:
“ Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo”
“ Nisto se resume toda a lei e todos os profetas
”.
Estas são as cláusulas pétreas, irrevogáveis, de uma lei tão simples como Jesus...
...tão verdadeiras como o próprio Deus.
Esta nem mesmo Jesus revoga, porque esta lei é Eterna quanto Deus e tão Imortal quanto nosso Espírito.
Louvado seja Deus.

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