Data: terça-feira, 28 de agosto de 2007
Havia, em Jerusalém, um homem piedoso que acalentava um sonho: conhecer o Messias, antes de morrer.
A seu respeito, descreve o Evangelho que “o Espírito Santo estava com ele”.
Lucas, 2 v 25.
Quando enxergou o Menino Jesus, no pátio do templo, Simeão o tomou nos braços, e exclamou enternecido:
- “Agora, Senhor, podes despedir o teu servo em paz, porque os meus olhos já contemplaram a salvação”.
Lucas, 2 vv 28 e 29.
E aquele ancião, repleto de espiritualidade, profetizou:
- “Eis que este Menino está destinado (...) para ser alvo de contradição”.
Lucas, 2 v 34.
Estava escrito nas estrelas: Toda vida de Jesus seria extensa sucessão de fatos contraditórios.
“Alvo de contradição”, vaticinara aquele velho, na força do seu carisma.
Estas palavras nos chegaram do Espírito Santo, através da mediunidade de Simeão.
Hoje, procuraremos enfatizar um dos aspectos mais importantes desta “contradição” que envolveu Jesus de Nazaré.
Não seria possível focalizarmos todos os raios do grande círculo.
Por isso, administrando a escassez de tempo, focalizaremos apenas uma parte que está no centro do contraditório.
“Os sãos não precisam de médico, mas tão somente os enfermos”, respondeu Jesus aos escribas e fariseus.
Com estas palavras o Mestre mergulhou numa contradição:
Apontou os médicos como zeladores da saúde dos enfermos, e Ele próprio exercitou a cura, esquecendo a medicina.
Aqui nós deparamos a boca do primeiro desencontro.
Somos forçados a reconhecer que os médicos são missionários, detentores de ponderável parcela de poder.
São tantas as vitórias dos cientistas, no descobrimento progressivo de novos medicamentos, que se torna inegável a missão dos médicos.
Em 1928, um patologista do hospital de S.Maria de Londres esbarrou numa estranha constatação:
Um esporo de fungo instalou-se acidentalmente numa placa de Petri, onde havia uma ativa colônia de estafilococos letais.
A súbita parada do crescimento dos estafilococos impressionou e a mente do cientista foi colocada em alerta máximo.
O fungo, mais tarde, foi identificado como Penicillium Notatum.
E o pesquisador chamava-se Alexander Fleming.
O que nós colocamos em evidência é o fato acidental.
Acidental coisa nenhuma é o nosso desabafo.
É o mundo espiritual atuando por trás da cortina, para criação de novos remédios.
O que nos causa surpresa é esta animosidade entre lá e cá.
Se os horizontes da ciência médica estão se ampliando, por que não reconhecê-la como parte do mesmo Universo?
Seria ignorância criarmos guerra entre o braço esquerdo e o direito.
Os dois fazem parte do mesmo corpo.
A ciência médica tem produzido tantos prodígios, que não podemos negar-lhes a origem.
Vamos citar um exemplo.
Jackie Brown é testemunha do poder dos sinais elétricos.
Ela sofre a doença de Parkinson.
Uma droga chamada Sinemet ajudou a controlar seus tremores e o desequilíbrio e seus movimentos lentos e rígidos.
Mas a cada noite, quando o efeito dos remédios declinava, os problemas voltavam.
Em março de 2004, os médicos perfuraram dois orifícios no crânio de Jackie, onde inseriram eletrodos ligados ao marca passo.
Hoje, a paciente faz t’ai chi, musculação, dirige o carro e vive uma vida normal.
- É um milagre! Afirma Jackie.
Do outro lado também acontecem prodígios.
O Mestre concedeu aos discípulos os seus poderes de curas:
“Quando impuserem as mãos sobre os enfermos, os enfermos ficarão curados”.
Palavras de Jesus, em Marcos, 16 v 18.
Igrejas estabelecidas em 30 grandes cidades dos Estados Unidos realizam serviços de cura.
Pesquisa feita apontou 460 religiosos realizando este trabalho.
Todos os envolvidos atestam que muitas doenças graves vêm sendo atalhadas com rapidez.
A unanimidade, porém, nunca foi alcançada.
A Associação Médica Americana aponta sugestão mental.
Essa opinião, todavia, também nunca foi unânime.
Um dos membros da Associação – o Dr. Robert Laidlaw, antigo psiquiatra-chefe do Hospital Roosevelt, foi consultado:
- Existe uma força espiritual curativa, doutor?
- Creio que podemos responder “sim” de maneira incondicional, foi a resposta do médico.
Percebam que a contradição vem espalhando incertezas.
O Reverendo Carroll da Igreja Presbiteriana de Shalimar, na Flórida, realizou pesquisas, percorrendo três Estados.
A conclusão dele foi inexistência de qualquer cura autêntica.
Os casos aparentemente bem sucedidos, na opinião dele, são resultados de cuidadosa preparação.
Os curadores limitam suas escolhas a pessoas portadoras de doenças funcionais.
Evitam, habilmente, aqueles que sofrem de doenças orgânicas.
Este reverendo fez um depoimento bastante grave.
Verdade! Escolher cenários favoráveis representa manipulação de resultados.
Isto aí não se coaduna com a doutrina cristã.
É falta de honestidade.
Isto permitiria que um grupo forte comparecesse na televisão, com claque organizada.
Este cenário de um cristianismo interesseiro nos revela o quanto o Velho Simeão acertou.
Evangelho misturado com falsidade ideológica é uma contradição.
Isto aí dificulta a compreensão do Espírito do Cristo!
Lembramos as palavras de Pilatos, no Sinédrio de Jerusalém:
“(...) a tua própria gente e os principais sacerdotes te entregaram para condenação”.
João, 18 v 35.
Jesus pregara no Templo deles, e fora entregue para que o estrangeiro decretasse sua morte.
A contradição aqui se manifestava no seu aspecto mais triste.
Nós lembramos que o anjo Gabriel disse a Maria: “Eis que conceberás e te nascerá um Filho, a quem chamarás Jesus”.
“Ele será Filho do Altíssimo. Deus, o Senhor, lhe dará o trono do seu pai Davi, e Ele reinará eternamente (...)”.
Estas promessas registradas no Evangelho de Lucas, já estavam no Livro de Isaias:
“Porque um menino nos nasceu, um filho nos foi dado; o governo está sobre os seus ombros”.
Isaias, 9 v 6.
As palavras adquirem conotação contraditória, se considerarmos a violência que predomina em nosso planeta.
E outra vez lembramos o Velho Simeão.
Dois mil anos depois do primeiro Natal, onde encontraremos sinais da administração de Jesus como Rei?
Se alguém olha o nosso mundo como definitivo percebe monstruosa contradição.
No auge de uma civilização alucinada, clamam os excluídos.
Todos suplicam e a resposta não tem sido satisfatória.
A Bíblia diz que Jesus veio para os pobres, mas os pobres continuam mendigando pelas esquinas.
Jesus desceu para os escravos, mas a escravidão é uma constante em nosso mundo.
Como se fôssemos uma ilha no meio das muitas águas, a injustiça nos rodeia por todos os lados.
Não existem sinais visíveis de um governo justo.
E a coisa ainda mais se complica se aspirarmos um governo santo.
Ao passarmos do justo para o santo, o processo ficará inviável.
Exaltado por alguns, traído pelos Judas modernos, o Nosso Rabi ainda escuta a gozação de Pôncio Pilatos:
“(...) a tua própria gente e os teus sacerdotes te entregaram para condenação”.
Os Judas se multiplicaram, acompanhando a inflação dos “trinta dinheiros”.
Hoje, o preço é mais alto, devido correção monetária.
A despeito desta nossa expectativa frustrada Isaias reafirma o reinado.
“(...) para que se consolide o seu governo (...) desde agora e para sempre”.
Isaias, 9 v 7.
Existe, na Bíblia, uma insistência contraditória proclamando Jesus como Rei.
“(...) desde agora e para sempre”, na afirmação de Isaias.
É uma proclamação cheia de pressa emitida pelo Profeta.
É flagrante o descompasso entre a realidade e a promessa.
Faltam sinais visíveis de que estejamos vivendo uma administração igualitária e justa.
O próprio Mestre desabafou no Pretório:
- “Meu reino não é deste mundo”.
João, 18 v 36.
Como poderemos explicar as palavras da Bíblia de que Jesus governa?
Isaias, porém, continua insistindo: “Para que aumente o seu governo e venha a paz imorredoura sobre o trono de Davi”.
Isaias, 9 v 7.
Profetizando o nascimento do Messias, Isaias defende a sua tese com ardor.
Inevitavelmente, por todos os caminhos percorridos, a mesma doutrina sempre aparece: Jesus é nosso Rei.
No pretório de Pilatos, naquela distanciada manhã de sexta-feira, o dilema retorna:
- “Desta maneira tu és rei?” Perguntou Pilatos.
E Jesus respondeu:
- “Tu dizes que sou Rei? Para isso nasci e para isso vim ao mundo”.
Agora, é o próprio Jesus admitindo sua realeza no chão planetário:
- Para isso nasci e para isso vim ao mundo é uma afirmação que se torna inquestionável, nos lábios do Nazareno.
Mas Jesus já afirmara o contrário ao próprio Pilatos, de que o reino dele “não era deste mundo”, e a situação se complica.
Pela insistência das Escrituras, somos obrigados a baixar o facho e a mudar de tom.
Existe um dilema pairando no ar, como borboleta colorida, que vai e volta, carregada pelo vento.
Da parte do Mestre sobravam credenciais.
Que seremos nós, porém, para aspirar tão puro e santo Rei?
Todos os governos necessitam do respaldo dos governados.
E Jesus perdeu uma eleição, vencido pela unanimidade dos eleitores, que votaram em Barrabás.
Ao contrário, no que concerne ao Mestre, o grito do populacho foi brado de rejeição:
- Crucificai-o, crucificai-o! .
Um zero bem redondo fora soma dos votos de Jesus.
Barrabás era a bola da vez, e Pilatos foi obrigado a libertar o malfeitor em lugar do Galileu.
O Mestre continuava alvo de contradição.
Neste ponto de extrema carência, voltamos ao dilema da cura espiritual.
Esta é a grande contradição que dois milênios de cristianismo ainda não resolveu.
E a grande contradição é que os milagres não valeram como escola.
Naquela multidão na esplanada do pretório quantos teriam sido beneficiados pela cura?
Seus adoradores do Domingo de Ramos estavam ali, com os corações cheios de ódio, cuspindo nas mãos que lhes arrancaram enfermidades.
Lançando agressões verbais sobre quem os beneficiara.
Voltando um pouco no tempo, nós lembramos palavras de Jesus para o oficial de Herodes, em Caná da Galiléia.
Este funcionário do Rei tinha o filho agonizante em Cafarnaum, e apelou que Jesus o curasse.
O Nazareno, por momentos, sentiu o peso do dilema daquela geração perversa.
“Infelizmente se não enxergardes milagres e prodígios de modo nenhum crereis”, desabafou o Mestre, envolto em profunda tristeza.
João, 4 v 48.
Certamente, Jesus percebera que aquele pai aflito seria um dos eleitores de Barrabás.
De maneira contraditória, clareava-se a realidade de que suas curas não tornavam as criaturas melhores e agradecidas.
Aquele povo continuava perverso, apesar dos muitos favores recebidos de Jesus.
Dentro desta linha de raciocínio, nós lembramos que os próprios discípulos mais chegados também pisaram na bola.
O Mestre os censurou, dizendo-lhes:
- “Vós me procurais não pela fé, mas porque comestes dos pães e vos fartastes”.
João, 6 v 26.
Há pouco tempo ocorrera a multiplicação dos pães, e os discípulos foram apontados pelo Mestre como interesseiros.
A misericórdia de Deus, porém, parece fechar os olhos para o nosso pífio merecimento.
Os doentes continuam procurando a cura, em todos os altares.
Cerca de 20 pessoas avançavam lentamente pela nave, a caminho do altar.
Algumas arrastavam os pés com dificuldades.
Uma delas se apoiava em muletas.
O diretor espiritual molhou o polegar num pequeno vaso de azeite, e passou em frente dos fiéis ajoelhados.
Fazendo o sinal da Cruz na testa de todos, ele dizia:
“Na unção do óleo, eu peço a misericórdia de Jesus para que todas as dores e doenças sejam afastadas de ti e a bênção da saúde te seja restituída”.
Esta cena ocorreu na Igreja Episcopal do Repouso Celeste, em Nova York.
O oficiante era o Dr. John Ellis Large.
Entre os doentes - um artista de Hollywood, um magnata do aço e a esposa de um financista de Wall Street.
Não estavam ali por curiosidade: Todos queriam ser curados.
Distante do curador religioso, quase um profissional, existe um grupo de leigos alcançados pelo mesmo carisma.
Estes homens e mulheres possuem faculdades curativas que eles não pediram.
Freqüentemente esta capacidade até lhes causa aborrecimentos.
Nem todos gostam de tais poderes, e até mesmo, assustados, terminam em pânico.
Na maioria dos casos, eles evitam publicidade.
Uma jornalista revelou o que um deles disse:
- Não posso compreender este poder de curar. Não sei como fazê-lo atuar ou cessar. Este poder chega e toma conta. Quando procuro descrevê-lo fico desconcertado com o meu tom charlatanesco. Tenho até vergonha.
Um destes leigos foi Ambrose Worrall, engenheiro de uma fábrica de aviões, que descobriu o dom ainda quando estudante.
- Eu tinha uma irmã mais moça chamada Bárbara, explicou ele. Um dia ela caiu e bateu o queixo na mesa. Foi um acidente sério, pois ela ficou com o pescoço paralisado. O médico da família tentou tudo. Vieram especialistas, e nada.
- Quase um mês depois do acidente, continuou Worrall, eu estava sentado, lendo, quando senti um peso estranho nos braços.
Fiquei assustado, mas, dali a pouco, impulso irresistível me fez colocar as mãos sobre Bárbara.
Logo que ele tocou na irmã, a cura se fez, de imediato.
- Nunca procurei explicar o fenômeno, esclareceu Worrall. Daí em diante, sempre que eu sinto este estranho peso nos braços, sei que fico em condições de curar alguém.
Certa vez pediram a Worrall que ajudasse mocinha que ficara paralítica num acidente de automóvel.
O médico que a tratava foi claro:
- Ajude a família a se adaptar à deficiência, que já representará grande ajuda. Quanto a uma provável cura não alimente ilusões, rapaz.
A despeito da opinião, a paralítica foi curada.
- Erro de diagnóstico, repetiram os médicos que a consideravam caso perdido.
Apesar da atitude oficial da medicina, já existe razoável aceitação no que concerne aos médicos como pessoas físicas.
Qualquer análise da cura espiritual esbarra com dificuldades do próprio ser humano.
Primeira: – O esquecimento de detalhes pertinentes, que determinam dados incompletos ou inverídicos.
Segunda: – A tendência dramática das pessoas, especialmente diante de câmera televisiva, onde inventam “milagres” para aparecer.
Terceira - A formação cultural de interesseiros que manipulam a crendice, pescando opiniões apressadas. .
Congregados sob os auspícios de uma organização chamada Wainwrigth House, um grupo de pessoas se reuniu em seminários.
O estudo sobre as curas se estendeu por cinco anos.
Foram convidados eclesiásticos, médicos e conhecidos curadores, para demonstrar, analisar e sistematizar as ocorrências.
Durante uma sessão foram fixadas chapas radiográficas nas palmas das mãos do curador.
Entre o filme e a mão foi colocada uma folha de chumbo.
Em seis experiências, ao invés de projetar uma sombra, o chumbo se transformou numa fonte de radiação.
A força curativa teve a faculdade de estimular o chumbo.
Portanto, a força curativa representava uma coisa bem viva e real.
O grupo de pesquisadores da Wainwrigth House refere-se com especial ênfase ao caso de um homem que tivera cirurgia marcada.
Todos os exames importantes forneceram resultado positivo, revelando câncer do pulmão.
Na véspera da cirurgia, a congregação reuniu-se para fazer preces pela sua cura.
- Na mesma hora, disse o paciente, senti formigamento na região do peito.
Ele enxergou luz difusa e um forte sentimento de consciência.
Quando, no dia seguinte, deu entrada no hospital, ocorreu a surpresa: radiografia, biopsia, contagem de glóbulos, etc., ofereceram resultados negativos.
- Erro de diagnóstico, na opinião dos médicos.
Neste campo da cura, todavia, a cobiça é o maior perigo, pois ameaça a credibilidade de todos os seus agentes.
Hoje, existe uma competição entre grupos pelo monopólio deste carisma.
Denominações religiosas se apresentam como únicas dispensadoras da graça.
E todas elas fazem esforços para prevalecer, ocupando espaços televisivos importantes.
Uma coisa é certa, todavia.
Esta prática de realizar prodígios não é somente ligada ao bem.
E aqui surge uma restrição muito forte.
O próprio Jesus proclama o uso indevido deste carisma:
“Muitos dirão, naquele dia: Senhor, Senhor, porventura não profetizamos em teu nome, e em teu nome não expelimos demônios, e em teu nome não fizemos tantos milagres?”
Mateus, 7 v 22.
Percebam que se tratam de pessoas que realizaram milagres, em nome do Cristo.
Agora prestem atenção na resposta que eles receberão de Jesus, no dia do Juízo Final:
“Então, eu lhes direi explicitamente: Nunca vos conheci. Afastai-vos de mim vós que praticais a iniqüidade”.
Mateus, 7 vv 22 e 23.
Estes curadores abusaram do poder que Deus lhes concedeu.
Isto prova que a realização de prodígios é um dom que é entregue pelo Alto.
Dentro do nosso livre arbítrio, podemos fazer o que quisermos com a ferramenta.
No Dia do Juízo Final, porém, o caldo vai engrossar para os que transformaram seus dons em puro comércio.
Concordar que existem dificuldades, porém, não nos pode conduzir ao extremo de considerar toda a cura espiritual como fraudulenta.
Isto não seria útil nem inteligente.
Pessoas sensatas, esclarecidas e desinteressadas podem estudar o assunto, sem usá-lo para proselitismo.
A simples cobiça, porém, pode acarretar condenação.
Ninguém se iluda pensando que realizar prodígios é sinal de privilégio e salvação garantida. .
Aquele nativo da região mais pobre da África encontrava-se diante de um dos médicos mais famosos do mundo.
Albert Schweitzer recebera o Prêmio Nobel da Paz, em 1952.
Médico, filósofo, musicista, escritor e missionário aquele ser humano especial estava sendo convocado para socorrer uma criança.
Uma noite de tempestade na África não é moleza.
- Pelo amor de Deus, doutor, meu filho está muito doente.
Aquele pobre homem não viera ao encontro do missionário cristão, nem do pregador, nem do filósofo.
Ele procurava o médico, no hospital de Lambarene, onde tantos compatriotas foram salvos da morte.
Poucas palavras trocadas, e o Dr. Schweitzer já acionava seu utilitário com tração nas quatro rodas.
O céu escuro e pesado prenunciava uma noite difícil.
Albert Schweitzer abandonara rendoso consultório na Alemanha para enfrentar aquele fim de mundo.
O socorro daquela noite era apenas um episódio.
O sofrimento daquela gente da selva era constante, e o trabalho não tinha fim..
O Hospital de Lambarene representava oásis, procurado pelas vítimas das doenças e da pobreza.
Aquele médico era o pai e o irmão mais velho para todos eles.
Foi este homem extraordinário que atravessou a selva infestada de mosquitos, sob chuva torrencial, para socorrer alguém que não tinha nome.
Nem certidão de nascimento aquela criança possuía.
Albert Schweitzer passou aquela noite em claro, usando todos os recursos disponíveis da medicina.
Quando amanheceu o dia, o menino respirava...
Estava salvo!
O pagamento representou mais do que um saco de dinheiro.
- Muito obrigado, respondeu o pai da criança, comovido.
Estas palavras representaram os honorários médicos recebidos por Albert Schweitzer.
E Schweitzer voltou para Lambarene cantarolando, feliz da vida.
Cura espiritual? Cura através de medicamentos? Cura por meio de cirurgia?
Tudo é válido, tudo é abençoado, porque estas coisas mostram a grandeza e a sabedoria do Pai Celestial.
É Deus que nos concede a saúde, servindo-se dos seus missionários.
É Deus que nos mantém de pé.
Os médicos estão aí, com o destino traçado para socorrer e servir, e eles nem podem imaginar a recompensa que os espera.
Será importante que cada um de nós, os médicos, os curadores, as enfermeiras e os leigos se entreguem ao trabalho altruísta.
Ninguém olhe os outros como competidores.
Que todos se enxerguem como irmãos.
Louvado seja Deus.