A Fé Destrói Temores

Data: sábado, 19 de julho de 2008

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Dois cadetes da força aérea conversavam, em voz baixa, trocando confidências.

- Eu confio em você, Jéferson. Por isso lhe confesso que tenho medo de voar. Cada vez que piloto nosso jatinho tremo de medo. Só faço isto porque sou obrigado.

Jéferson voltou-se para o colega com sorriso irônico, e disse:

- Pois eu tinha certeza que você era um cara corajoso.

- Qual a razão desta sua certeza?

- É que nós pilotamos de maneira idêntica. Assim sendo, eu considero coragem alguém subir acima das nuvens, com avião dirigido por um de nós. Nós dois estamos arriscando nossas vidas.

Paulo esperava incentivo de Jéferson e terminou frustrado.

Na opinião insuspeita do companheiro, ambos eram péssimos pilotos.

Talvez a incompetência deles fosse o medo psicológico.

Afinal, o pânico pode travar o desenvolvimento do aprendizado.

Para que tenhamos idéia deste medo psicológico, vamos fazer o teste da tábua.

Coloquemos no chão uma tábua de doze polegadas de largura, e vamos pedir que alguém ande sobre ela.

A pessoa nos olhará até com certa ironia, e caminhará sem qualquer problema até o fim da tábua.

- Afinal que teste sem graça você arranjou?

- Paciência, meu amigo, pois vamos à segunda etapa para verificar o seu desempenho.

A mesma tábua e a mesma distância, mas agora a tábua se encontra a trinta metros do chão, de uma janela até outra janela.

Pronto! O fulano recusou a brincadeira.

O aprendiz foi acometido do que chamamos o medo psicológico.

Sobre uma tábua de doze é possível caminhar tranqüilo.

A altura, porém, se transforma num elemento inibidor.

O medo faz surgir o suor frio, e todas as cautelas adormecidas acordam.

Uma coisa é certa: uma parcela de nossas fobias foi adquirida no curso da nossa existência.

A criança não sente medo.

Certa vez, eu estava trepado num andaime, a alguns metros do chão.

Pedi a uma netinha que me alcançasse o martelo, só para experimentar sua disposição de ânimo.

Dali a pouco, ela já se encontrava na metade da escada, trazendo o martelo com a maior dificuldade.

Eu tive que me socorrer de pessoas presentes, para que interrompessem a disposição espontânea daquela criança.

Aquilo me pegou de surpresa.

Eu jamais imaginaria que Amanda levasse a sério a minha brincadeira.

Uma coisa é certa: o medo está entranhado em nossa vida, por causa de algo que nós chamamos cautela.

Genoveva Ramirez era mulher que cuidava da prole.

Todas as manhãs, quando sua filha Rose ia para a escola, ela recomendava, com rosto preocupado: Cuidado!

Este aviso repetido fez com que a menina considerasse perigoso aquele caminho.

Este medo Rose carregou na sua personalidade.

Foi difícil arrancar aquela erva daninha.

Depois de adulta, mãe de uma linda menina, Rose costuma se despedir da filha com palavras diferentes:

- Divirta-se na escola, afirma, animando a criança.

Ela não deseja, por nada deste mundo, que a filha sofra o mesmo trauma vivido por ela.

Quando a cautela é excessiva poderemos nos transformar em pregoeiros do pessimismo.

Nada é possível para quem se escraviza ao medo sem medida.

Certa vez, dois sapos caíram num buraco.

Um deles não resistiu muito tempo e foi tragado pelo abismo.

O segundo sapo lutou com tanta garra, que conseguiu se salvar.

Este segundo sapo escapou porque era surdo e não ouviu o coaxar de mil vozes agourentas.

Todas as vozes profetizavam que ele morreria ali, que não havia jeito de se salvar.

Ele não ouviu o estribilho e conseguiu saltar para fora.

Deixando de lado as inúmeras fobias que nos assaltam, a maior de todas é exatamente esta: temos medo da morte.

Tem gente que se agita até mesmo quando alguém pronuncia esta palavra.

A morte é campeã do IBOPE em termos de rejeição: 99%.

E é estranho verificarmos tantos cristãos apavorados.

Lembramos palavras de Jesus, nitidamente contrárias ao pânico:

"Não temais os que matam o corpo, mas não podem matar a alma".

Mateus, 10 v 28.

Se crêssemos realmente em tais palavras não teríamos medo.

O Nosso Rabi deixou claro que a essência é intocável.

Ninguém conseguirá matar o espírito, e nós somos o espírito.

O quanto tempo nós vivemos não é importante.

Importante é o jeitão da nossa vida: A interação do nosso relacionamento com os nossos irmãos.

Existem seres vivos que completam trezentos anos como as tartarugas.

Outros, ao contrário, vivem apenas um dia.

O calendário não representa diploma nem certificado.

Ele é apenas uma convenção erguida diante de nós como placa num cruzamento de ferrovia:

Pare, olhe, escute e passe.

O calendário só deverá ser considerado quando é indicação de perigo.

A locomotiva passará aqui dia 7 às 14 horas.

Melhor será que todos sejam avisados:

- Cuidado com a composição ferroviária.

Toda a precaução é válida quando existe motivo.

Infelizmente alguns se assustam mais com as rugas do rosto do que com o crescimento espiritual.

Ao invés de procurar a verdade vão atrás do terapeuta.

E aqui surge mais uma preocupação, um temor enorme diante da velhice.

Afinal, o infeliz se apalpa, olha no espelho e treme.

- Realmente, estou velho, brada o filho do homem, atemorizado.

O choque é violento, neste momento de constatação da realidade.

O ser humano se sente gasto, e o mundo parece acabado.

Nada disto, minha gente! Precisamos ter consciência de nossa imortalidade e da interação que existe entre nós e o Pai Celestial.

"Ainda que eu ande pelo vale das sombras da morte, não temerei males porque Tu estás comigo".

São palavras do Salmo 22, v 4.

O poder de Deus nos foi emprestado para que tenhamos vida.

Não vale tão somente acreditarmos que Deus existe.

Será necessário confiarmos que Ele interage.

Até determinado ponto, o medo é normal, na cautela que deveremos ter diante do mundo.

O medo é uma defesa.

Agora, no momento em que o medo se transforma em pânico, ele representa materialismo e descrença.

Afinal, como diz o apóstolo Paulo, Deus é aquele "no qual existimos, nos movemos e onde reside o nosso ser".

Nós somos o Templo do Deus Vivo.

Percebam que o Salmo 22 fala de uma mesa "preparada na frente dos adversários".

Era costume dos antigos ungir com óleo os visitantes.

O Salmo 22 nos transforma em participantes do banquete ungidos com óleo pelo Pai Celestial.

Ninguém terá argumentos para contestar a perenidade da nossa vida.

O Salmo 22 é taxativo:

"(...) ainda que eu ande pelos vales das sombras da morte não temerei males (...)."

É a vida se derramando além da morte, impávida e vitoriosa diante de todos os percalços.

Como espíritos, somos imortais, e ponto final!

Esta grande verdade é o antídoto contra o veneno do medo.

Existem outros tipos de receios, todavia, que fazem morada no coração das criaturas humanas.

Alguns têm verdadeiro pavor do casamento.

Estes vão enrolando a decisão, empurrando com a barriga as oportunidades, acalentando receio mórbido da união matrimonial.

Um grande exemplo disto nós encontramos no filósofo Immanuel Kant.

Após consideráveis debates consigo mesmo, anos e anos, ele, finalmente, resolveu casar.

A eleita, no seu entendimento, estava interessada nele, a ponto do filósofo considerá-la sua namorada.

Afinal, alguma troca de olhares mostrara que a jovem era sua fã.

- Vou casar com esta jovem, disse Immanuel, inteiramente decidido.

Decisão tomada, Kant partiu ao encontro da moça.

Grande foi a decepção do filósofo quando descobriu que a moça se mudara de cidade, vinte anos atrás.

Este aí ganhou o troféu de cozimento em banho Maria.

Ele não percebeu, durante vinte anos, que aquela moça deixara de favorecê-lo com olhares lânguidos.

Naquela altura, a eleita já esquecera até sua existência.

Uma situação destas seria até mesmo engraçada, não fosse o aspecto patético.

Afinal aquele homem super culto não poderia acalentar aquele medo mórbido de casamento.

Tenha dó, seu Immanuel. Tenha dó!

O fato é que todos nós atravessamos mares desconhecidos, e precisamos estar preparados para o que der e vier.

Cautela e caldo de galinha não fazem mal.

Vejam que tudo se desdobra com regularidade em nossas vidas.

Ao reencarnar, permanecemos nove meses no ventre de nossas mães.

Nossos ouvidos não ouvem.

Nossos olhos não enxergam.

O cérebro não pensa.

- Por que eu tenho todas estas expressões de vida sem usá-las? Pergunta o feto nadando nos líquidos uterinos.

Por que?

Se os bebês possuem os ouvidos, os olhos e o cérebro, naquela escuridão - isto só pode ser prenúncio de vida nova.

O estágio é uma preparação.

O milagre vai se completar após os nove meses.

Percebam que nada é atemorizante.

São ciclos harmônicos que se sucedem.

Todos aqueles órgãos aparentemente inúteis mostram o planejamento de Deus, completando as etapas com sabedoria.

Se existem surpresas desagradáveis no processo, elas só podem ser debitadas ao nosso atraso.

No que tange a Deus, tudo é perfeito.

A criança que sentia medo, ao nascer, penetra chorando em nosso mundo desconhecido.

Ela fica fascinada pela chama de uma vela votiva, que se acendera, de promessa, na cabeceira da cama.

A luz alegra o bebê e seca suas lágrimas.

Ele fixa seus olhos na luz e pisca muitas vezes.

Todos os sentidos do nascituro despertam.

Ele adquire consciência do próprio eu.

Ouve vozes ao redor.

Toma consciência que aquilo é muito melhor do que a escuridão daqueles nove meses.

A criança renascida se rejubila: Ela já pode pensar; ela já está em condições de concluir.

Ela é um ser intelectual.

Toda carga genética de sua raça se manifesta nela.

A inteligência desenvolvida por milhares de gerações vibra em sua mente.

Agora é só crescer e prosperar: Agora é viver sem medo.

De uma célula microscópica explodiu este milagre de vida.

O sexo daquela criança, a cor dos cabelos, o formato dos olhos - tudo já se encontrava na semente que foi herdada dos antepassados.

A criação divina se renova todos os dias.

Os seres humanos são criadores, participantes nobres da grande corrente de renovação.

E uma coisa será muito importante frisar.

Percebam que estamos falando de corpo físico.

A coisa cresce em sublimidade, quando atentamos para o corpo espiritual.

Vejam que o corpo físico voltará ao pó.

O corpo espiritual, porém, é semelhante ao sopro do vento que movimenta os ramos das árvores e as águas formadoras das ondas.

Que a verdade seja dita e repetida: A morte é uma grande mentira.

A renovação dos ciclos é uma evidência de que a vida não cessa.

Por que iremos temer algo que só existe na imaginação de seres incapazes?

Esta pergunta tem sido feita milhares de vezes:

Por que alguns homens arriscam a vida, escalando o Everest, talvez a montanha mais perigosa do mundo?

Inúmeros alpinistas já escreveram livros em que dão as mais diferentes explicações.

O desejo de experiências inusitadas.

A eterna luta do ser humano para vencer a fúria dos elementos hostis. .

Vontade de conhecer o que existe do outro lado.

Nenhum deles, todavia, admitiu a verdade mais elementar do enredo: A indiferença diante da morte na busca do divino.

O ser humano esquece o medo, quando se preocupa com esta corrida frenética pelo conhecimento de Deus.

Teremos que reconhecer que nós vivemos ainda o começo dos tempos.

Em termos de idade, não passamos da adolescência espiritual.

Só a pouco ultrapassamos aquela fase em que os deuses viviam no alto das montanhas.

A história dos povos conta isto em prosa e verso.

Em última análise, é a busca do conhecimento de Deus que transforma os seres humanos em aventureiros incorrigíveis.

É nesta operação que eles desafiam qualquer perigo.

Os babilônios consideravam os altos como lugares naturais de meditação e de aconchego.

Os gregos e os romanos confinavam seus deuses em Olímpia.

Moisés foi obrigado a subir o monte Sinai, para retornar sobraçando as tábuas da lei.

Os samaritanos adoravam Jeová no monte Garizin.

O escalador de montanhas, talvez até inconscientemente, apega-se à esperança de que chegando ao alto poderá ver a "sarça ardente".

Esta é a resposta para as jornadas temerárias destes alpinistas intrépidos.

O medo não pode penetrar no ninho das águias.

No alto dos rochedos dormem as criaturas mais livres do planeta.

O supremo desafio será emparelhar-se com elas acima das nuvens.

Aquele padre de Paranaguá que subiu carregado por balões de gases, respondeu ao repórter:

- Daqui a pouco eu estarei acima da zona de turbulência, além das nuvens, e nada vai me atrapalhar.

No meu entendimento, foi a sede de alcançar Deus que moveu aquele sacerdote.

Todos nós temos, intrinsecamente, uma sede oculta de conhecer os mistérios das alturas.

O escritor Robert Paul Smith escreveu:

"Deixemos que as crianças se entreguem aos seus devaneios, e que sintam medo.

Apesar do medo, que elas se comportem do seu jeito.

Tropeçar é próprio de todas as idades.

Quem não tem pesadelos não tem sonhos".

Vocês perceberam que quando falamos de coisas espirituais, as pessoas olham para cima?

Até uma criança, apertando firme o livro de orações, com suas mãozinhas frágeis, volta as faces na direção das estrelas.

Toda salvação parece vir de cima.

O próprio Jesus nos advertiu:

"Vós sois cá de baixo e eu sou lá de cima".

Esta é a diferença essencial entre o categorizado e o que não tem categoria: Quem está lá em cima é o detentor da força.

Muita gente, quando atormentada dos seus terrores, se perde na busca de socorro, onde socorro não existe.

O Salmista adverte:

"Não confies em príncipes nem nos filhos dos homens, em quem não existe salvação. Sai-lhes o espírito e eles tornam ao pó. Neste mesmo dia perecem todos os seus desígnios".

Salmo 145 vv 3 e 4.

O príncipe prometeu isentá-lo de impostos: Naquele mesmo dia o príncipe morre.

Lá se foram todas as suas esperanças.

Ele deixou de ser príncipe, e você terá que arcar com o dinheiro dos tributos, com multa e correção monetária.

Foi vã a expectativa, confiando numa entidade falsa.

Se interpretarmos o Salmo pelo prisma humano (posição, corpo físico e dinheiro), estamos de acordo: "Perecem todos os seus desígnios".

As prerrogativas mundanas não passam de poeira, levadas pelos ventos da morte do corpo: Só Deus e o seu Cristo têm poder.

Morto o príncipe, quem terá condições de assinar o decreto em seu favor?

Rei morto, rei posto!

O sucessor com certeza acalentará outros desígnios.

Este é o perigo de confiarmos em forças que não possuem existência própria, eis que estão desprovidas de autonomia.

Se eu quero me equilibrar, será melhor me agarrar ao rochedo forte.

O galho de um arbusto não será solução para o náufrago.

Quem está se afogando nas águas dos grandes medos precisa manter-se atento onde se agarra.

Só Deus e o seu Cristo podem salvá-lo das grandes águas.

Ninguém se iluda tomando atalhos que não levam à salvação.

Quem se mantém na busca da verdade, sinceramente consciente de que Deus é Pai, não teme a morte.

Ele sabe que a morte é parcial...

Ele sabe que a morte atinge apenas o seu corpo físico.

O essencial permanece de pé e dura para sempre: O espírito jamais morrerá!

Em qualquer circunstância, valerá seguir, confiando que a jornada poderá ser difícil, mas a desistência é muitas vezes pior.

A desistência destrói algo dentro de nós.

Roy Andrews, explorador de renome, nos conta que o Museu Americano de História Natural determinou expedição à Montanha Flamejante.

- "Eu tremi de medo", confidenciou Roy.

Toda aquela região se transformara num deserto, por falta de chuvas, e o grupo inteiro se encontrava atemorizado.

- Os 640 quilômetros que nos separavam das Rochas Flamejantes tornaram-se uma terra inóspita, explicou Roy.

Por unanimidade, os membros da Expedição Centro Asiática manifestaram-se contrários ao aventuroso projeto.

Nossos camelos morreriam, e nós ficaríamos sem alimentos e sem comida.

Outras regiões ainda não exploradas a leste proporcionariam melhores resultados e menos desconforto.

O museu e os nossos financiadores haveriam de compreender, se todos manifestassem a impossibilidade de chegar às Rochas Flamejantes.

- Passei a maior parte da noite em claro, pensando no caso, disse Roy Andrews, mas a desistência se configurava verdadeiro fracasso.

Foi então que Roy lembrou palavras de William Glass, numa conferência recente:

- "Você não pode desistir só porque é difícil".

- Aquilo foi a gota que faltava: Levantei da cama, tracei os últimos retoques nos planos, e me encontrei totalmente disposto a partir.

O medo desaparecera.

Na manhã seguinte, meus colegas aceitaram minha decisão.

A escassa vegetação era escura e mirrada.

Orlas brancas revelavam as margens de antigos lagos.

O deserto nadava sobre miragem de juncos e ilhotas frescas, aqui e acolá.

Não deparamos coisas vivas senão lagartos malhados e gazelas esqueléticas.

O caminho fora marcado por ossos de camelos, carneiros e jumentos.

Até esqueletos humanos apareceram, completando a desolação.

Com apenas 16 dos 75 camelos, chegamos às Rochas Flamejantes.

Neste ponto, todos os nossos esforços foram compensados.

Descobrimos os primeiros ovos de dinossauros mais 14 esqueletos completos e 75 crânios de milhões de anos atrás.

Nenhum outro lugar do mundo contribuiu mais para o conhecimento dos primórdios da vida sobre a Terra.

Valera a pena o destemor de Roy Andrews.

Valera a pena enfrentar a morte, para dizer "sim" à vida.

Este é o sentido desta nossa exposição: Tratar os perigos com respeito e a devida cautela, mas não se fechar num casulo de temores.

Quem vive tremendo de medo é um descrente, e o fracasso pode ser o seu eterno companheiro.

O essencial será mantermos nossa consciência limpa, conhecedores de que o nosso Pai Celestial é detentor de todos os poderes.

Tudo o que eventualmente poderá nos acontecer é do conhecimento e da vontade de Deus.

Se isto representa a vontade Dele, com toda a certeza será para nosso bem.

Vocês conhecem estas residências que estão protegidas eletronicamente?

A família dorme tranqüila e sem medo, convicta de que alguém está monitorando suas portas.

Imaginem a segurança do ser humano que acredita na espreita constante do Pai das Alturas?

Este é um privilegiado.

Este atravessa os mares e desertos, porque tem absoluta confiança de que tudo o que lhe acontecer é uma dádiva divina.

Uma velhinha certa vez foi flagrada, altas horas, sentada no jardim de sua casa, depois do toque de recolher.

Os foguetes V-2 de Hitler clareavam a noite.

A velhinha tranqüila no seu canto.

Os soldados a advertiram:

- É perigoso ficar longe do abrigo, minha senhora. Para segurança, será necessário que todos durmam protegidos.

- Eu dormi algumas noites lá, respondeu ela, até descobrir que Deus não dorme. Se Ele passa todas as noites velando por mim, eu não achei justo me preocupar.

Esta mulher é amostra de confiança extremada.

Afinal por que vivermos amedrontados se estamos sob vigilância desta única fonte de poder que é Deus?

Se o Pai Celestial mantém o seu binóculo voltado em nossa direção, só isto revela que ele se encontra interessado.

O certo, portanto, será prosseguir impávido e fazer todos os esforços para caminhar em linha reta.

Se o Senhor de Todos os Céus está nos olhando vinte quatro por dia, não podemos decepcioná-lo.

Somos obrigados, de certa forma, ao cumprimento dos seus estatutos.

No Dia do Juízo final não podemos chegar arrastando o peso enorme de infundados temores.

Arrastar correntes de medos, só isto representará inequívoca demonstração de nossa imaturidade...

O certo será jogar p'ra longe a falta de confiança.

Louvado seja Deus.


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