Origem do Engenho e Arte

Data: quarta-feira, 24 de junho de 2009

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Esta nossa vida é desconcertante: Ninguém pode alegar conhecimento prévio do que vai ocorrer no próximo minuto.

Parecemos cobras cegas revolvendo a terra, como se não existisse um propósito.

Duende maluco parece estar organizando festivais, no meio do caos universal.

Muitas vezes nós perdemos o contato com a lógica.

A 1º de fevereiro de 1954, ninguém conhecia o padre Pierre.

Sujeitinho encurvado, de 42 anos, ele não dirigia paróquia, e a sua casa ficava situada em modesto bairro de Paris.

Vinte e quatro horas mais tarde, ele era figura amada na França.

Vocês vão ficar atônitos.

Uma palestra radiofônica de sete minutos o tornou famoso.

A princípio o pessoal da rádio relutou, mas, a insistência era demais.

Por que negar uma chance àquele "pobre diabo"?

- Apenas sete minutos! Nada mais! Gritaram os diretores da empresa.

Pierre não preparou discurso.

Deixou que as palavras aflorassem:

- Meus amigos: socorro! Começou ele.

Na noite de ontem, às três horas da madrugada, uma mulher morreu de frio em plena capital da França.

Na sua mão foi encontrado um papel: Era uma ordem de despejo.

Ela e os seus trastes foram jogados na rua, por falta de dinheiro.

Todas as noites, mais de mil criaturinhas perambulam pelas ruas de Paris, sem teto e sem pão.

Algumas estão quase nuas.

Diante de seus irmãos morrendo na miséria, só uma coisa deve prevalecer: não podemos permitir que esta situação continue.

Eu vos imploro: Amemos a estes irmãos de forma real, que seja suficiente para tirá-los do atoleiro.

Se atendermos o sofrimento destes nossos irmãos, receberemos de volta a alma da França.

Precisamos de cobertores, barracas, fogões.

Neste ponto, Pierre fez uma pausa.

- Qual o endereço para entrega dos donativos?

Ele não dispunha de local para recepção de eventuais ofertas.

Súbito, ele recordou uma propaganda de um hotel, que recebera pela manhã.

Ele não tinha outra alternativa.

Não havia tempo para procurar solução diferente.

Sem tempo para consultar o missivista, anunciou o seu hotel como endereço:

Enviar para o Hotel Rochester, rue de La Boétie.

Dez minutos depois um porteiro mal-humorado deste hotel recebia embrulhos de roupas e cobertores e envelopes contendo dinheiro.

Em uma hora as cadeiras do vestíbulo tiveram que ser afastadas para dar lugar à pilha de pacotes.

A rua ficou congestionada de veículos e as calçadas apinhadas de gente.

Um homem entregou 118 francos, tudo o que tinha no bolso, e seguiu a pé para casa, sem dinheiro para passagem do coletivo.

Um açougueiro apareceu com 25 quilos de carne.

Mulher elegante deixou seu casaco de peles.

Um circo prometeu 5 % das suas bilheterias por um ano.

Um grupo de operários telegrafou dizendo que faria horas extras durante um mês, em benefício dos desabrigados.

Vinte e cinco policiais foram destacados para manter ordem nas filas, que se formaram rapidamente.

Em duas semanas, a campanha arrecadou 450 milhões de francos.

Uma pergunta brota, neste momento, como as águas teimosas de uma vertente.

O que nós aprendemos quando tomamos conhecimento de uma reportagem retratando este tipo de reação popular?

A resposta só pode ser uma: Deus existe.

E Ele nos entrega tarefas, de acordo com a nossa capacidade.

Percebam que a força do carisma deste sacerdote autêntico o fez batalhar para reverter algo incômodo e desagradável.

Falou apenas sete minutos, numa rádio, para população heterogênea de uma metrópole.

Imaginem vocês se tal coisa acontecesse na Televisão?

A presença da imagem aumentaria a força da mágica, triplicando os resultados. .

De qualquer maneira, as respostas das pessoas retrataram um estado de espírito, uma rendição incondicional do egoísmo.

É a força da palavra mexendo com a consciência das pessoas.

Eu considero este fato um verdadeiro milagre: manipulação divina daquilo que o ser humano tem de melhor.

A resposta do povo de Paris veio demonstrar que o Senhor Deus pode interagir com seus filhos.

Este fenômeno acontecido com o sacerdote francês é algo incompreensível para nossos padrões.

E nós só podemos entendê-lo como intervenção do alto.

Somente Deus tem poder para suscitar esta disposição fraterna, este enternecimento afetivo, esta compaixão dominando uma coletividade.

E uma segurança enorme nos alcança:

Entendemos que todos somos obreiros esperando o Senhor da Vinha, à beira da estrada.

Todos somos servos a serviço de Deus, não importa a religião ou irreligião a que estejamos vinculados.

O Pai Celestial comanda e nós faremos melhor obedecendo.

Porque todos nós receberemos exatamente de acordo com as nossas obras.

Aquilo que o homem semear, isto mesmo terá de colher.

O caso do padre Pierre nos permite entendermos que o carisma é uma ferramenta disponível para empréstimo no depósito divino.

Quando alguém manifesta fervor e disposição, se for da vontade de Deus, a força da graça vai se concretizar.

O Pai Celestial empresta a ferramenta e o servo alcança maravilhas completamente fora da normalidade.

Na raiz do fenômeno existe um poder universal concretizando aqueles prodígios.

- Eu tenho a força! É o grito de Deus.

Atrás deste grito não está o poder do homem, mas sim, e, exclusivamente, o poder do Altíssimo.

O idioma grego, usado na maioria dos Evangelhos, disponibiliza a palavra "dynameis" para designar as obras de Jesus.

"Dynameis" significa uma força sobrenatural, divina.

Lembramos que Jesus sempre foi bastante claro: "É o Pai que realiza as minhas obras".

Até o Nosso Rabi pediu ferramentas emprestadas do Depósito Divino.

Neste ponto, eu me atrevo a dizer que a presença de Deus é muito maior do que sonha a nossa pequena imaginação.

Na vida profana também acontecem coisas inexplicáveis.

Não será difícil identificarmos nelas o dedo do Altíssimo.

Muita gente que se encontra por aí estufada de orgulho não tem tido humildade para entender que sozinho estaria perdido, no mato sem cachorro.

Usaremos um exemplo ao acaso, aleatoriamente, buscando alguém cuja ascensão foi prodigiosa, fora dos padrões.

Lembramos a figura fabulosa de Sarah Bernhardt, atriz em evidência durante mais de sessenta anos.

Que ela foi um gênio ninguém teria o atrevimento de contestar.

Ela própria aceitava o fato de que era a maior de todas as atrizes, com a mesma naturalidade com que Vitória se dizia Rainha da Inglaterra.

Em sua primeira visita à América, quando as multidões chegaram ao delírio com sua presença, um repórter lhe disse:

- Nem Dom Pedro II do Brasil foi recebido em Nova York com tamanha festa.

- Verdade, observou Sarah, com displicência. Justifica-se: Ele é apenas Imperador.

Ela sabia que estava sentada na cadeira da fama.

Poderiam os detratores tentar destruí-la: Cada palavra maldosa se tornava tijolinho nos degraus de sua escada.

Quando Deus resolve promover alguém, as barreiras se derretem.

- Se Deus é por nós, quem será contra nós?

E vejam que Sarah Bernhardt não era bonita.

Seus olhos eram de gato - azuis como safira, quando estava de bom humor.

Quando zangada tornavam-se sombrios como ardósia, emitindo lampejos ameaçadores.

Seus cabelos formavam emaranhado louro vermelhado, crespos e completamente rebeldes.

Se Sarah não era uma beldade, porém, ela possuía o dom de criar a ilusão da beleza.

Representava levada pelo instinto, conduzida por uma concentração admirável e um fervor quase místico.

Seus dotes de intérprete perfeita forçavam todos a uma rendição incondicional.

Movia-se com a graça selvagem de uma pantera.

Escutando sua voz de ouro, os críticos calavam palavras de censura, e terminavam aplaudindo.

Será lícito indagarmos: Será que esta mulher frágil conseguiria, sozinha, resistir aos vendavais de uma origem ilegítima e adversa?

De minha parte, a resposta é negativa.

Nesta altura da minha vida, estou convencido de que Deus se encontra muito mais presente do que pensamos.

A trama do nosso destino é uma roda conduzida a quatro mãos, por nós e pelo Nosso Criador.

Existe um plano traçado que coloca todo mundo num jogo de quebra-cabeças.

O Pai Eterno faz experiências conosco, testando a nossa têmpera.

Empurrãozinho daqui, empurrãozinho dali, e somos tangidos a realizar coisas até mesmo contra nossa vontade.

Tudo pode ser nosso, em termos de transitória posse.

Nada é nosso quando nos apossamos das coisas, como polvo de muitos braços.

O direito de propriedade é uma falácia.

Ninguém é dono de coisa alguma.

O poeta Robert Frost, contemplando um lago, certa vez, deixou escapar um desabafo:

"Deus permitiu que eu o tomasse emprestado por algum tempo".

Percebam que o artista fez questão de frisar - momentaneamente ele tomara posse daquele cenário maravilhoso.

Deus o colocara, provisoriamente, naquele lugar, para que fosse beneficiado por aquela fonte de prazer.

A pilha de preceitos que garantem o direito de propriedade é um dos maiores atrevimentos do homem.

As montanhas, os vales, os oceanos - tudo lhe pertence simplesmente porque ele se diz proprietário.

O homem mata os pássaros, os veados e os peixes, porque se julga dono deles.

Suas terras, seus rios, sua lagoa.

Quem já ouviu dizer que uma marmota ou pato tivesse direitos adquiridos sobre terra ou lago?

Que direito tem os peixes aos lugares da desova?

Os pássaros onde fazem os ninhos e os ursos onde dormem nas tocas - terão escritura de posse?

Aqui nós estamos para defender o direito de todos, diz o causídico.

Vejam as leis de conservação: fomos nós, humanos, que as redigimos.

O que sobra de tudo, porém, é uma fauna bem arrolhada, exibida numa espécie de imitação da realidade.

Jardins zoológicos inadequados violentam o direito de locomoção das espécies.

Quando tenho vontade de ver um pato de asas azuis, crocodilo ou porco espinho - sou encaminhado para uma destas estufas engarrafadas.

Fora dali, a coisa ainda se torna mais triste.

A natureza vive cada vez mais despojada de seus territórios.

Em nome do chamado progresso, o ser humano vai confinando as demais espécies, que não têm mais espaço para sobreviver.

Penso que a propriedade é um direito coletivo.

Eu sou proprietário.

Você é proprietário.

Todos são proprietários.

Para que não se implantasse o caos e a desordem, foi necessária a definição de responsáveis.

Isto não passa de uma convenção que não pode ser admitida como se fosse eterna.

Percebam que a compulsão de se tornar dono do pedaço não ofereceu a contrapartida da responsabilidade.

Quando o Criador, no Gênesis, convocou o homem para administrar todas as espécies ele falava em preservar e proteger.

Alguém tem mantido as propriedades em usufruto, para benefício amplo e irrestrito de poderosos senhores de escravos.

Infelizmente, preciso insistir:

Não somos donos de coisa alguma.

Tudo nos foi emprestado por Deus.

O empréstimo foi concedido pelo Pai Celestial para nos ajudar no cumprimento de nossas tarefas.

Se alguém deve ser glorificado, que a glória recaia naquele que a merece.

Ele é o depositário do nosso bem e do nosso mal, da nossa vida e da nossa morte.

O Evangelho de Lucas nos oferece algo pertinente.

"O campo de homem rico produziu com abundância".

Ele disse: "Reconstruirei meus celeiros para abrigar tamanha produção".

O felizardo não cabia em si de contente. E ele gritou:

"Então, direi a minha alma: Tens, em depósito muitos bens para largos anos. Descansa, come e bebe, e regala-te".

Aquele homem esquecera que tudo aquilo lhe fora emprestado, transitoriamente, pelo Alto.

"E Deus disse: Insensato! Nesta mesma noite será requisitada a sua alma".

Parábola de Jesus, em Lucas, 12 vv 16 a 20.

Concluímos que também a nossa alma e o nosso corpo são empréstimos concedidos pelo Pai das Alturas.

Nossa permanência como titulares de uma conta bancária é uma concessão da misericórdia do nosso Pai Celestial.

Portanto, aquela conta bancária também é empréstimo divino, e só Deus sabe até quando ela nos beneficiará.

Por aí nós podemos entender o quanto é precário o alicerce humano de nossas vidas.

Bolha de sabão seria o termo adequado para designar todas as muitas propriedades de que nos gabamos.

E até no plano religioso nós somos cheios de dedos para cantar vitórias, como se também neste plano fôssemos donos da bola.

A maioria proclama que Jesus fundou religião, e se planta na idéia de que a religião fundada é a sua.

Também neste campo se manifesta a síndrome da propriedade.

O sujeito se considera proprietário da religião verdadeira...

...proprietário da Bíblia...

...dono e poderoso senhor de todas as capitanias hereditárias.

É uma coisa impressionante este espírito de posse arraigado no coração das criaturas.

Não há tatu que agüente o ranço desta pretensão descabida.

Proprietários da Bíblia e da Verdade...

Pelo amor de Deus, minha gente! Desçam do pedestal, enquanto é tempo.

Ninguém é proprietário da salvação!

Indiferente aos grupos que teimam se apresentando como detentores da cátedra, Jesus se mantém inteiramente à margem.

Ele não fornece o menor estímulo ao espírito de seita.

Pelo contrário, suas atitudes mostram até uma certa irritação com a teimosa intransigência de seus próprios apóstolos.

"Alguém que não te segue estava expulsando demônios em teu nome, e nós lho proibimos", disse o apóstolo João, fuzilando de raiva.

"Jesus foi imperativo: Não deveis proibi-lo, pois quem não é contra vós é por vós".

Marcos, 9 vv 37 a 39.

Percebam o fanatismo sectário dos próprios apóstolos de Jesus.

Fora do grupo, eles não admitiam manifestação alguma.

Eles eram proprietários da Eclésia, donos da Verdade, únicos depositários da Chama Sagrada.

Aqui nós chegamos ao ponto: Religião é fazer igual.

O próprio Jesus não disse que o Cristo é o Caminho?

Desde que alguém esteja fazendo algo bom, está somando com quem faz a mesma coisa.

Não importa o grupo a que pertença o discípulo.

Se aquele irmão é muçulmano, budista ou católico - pouco importa.

O que vale é a integridade do homem: a sua justiça, a misericórdia revelada em seus atos e o seu espírito solidário.

Na medida em que se exemplifique o bem, as práticas rituais serão pertinentes.

Se você está convicto de que a religião que pratica é boa, segue em frente.

O que importa será nos encontrarmos de bem com Deus.

E vivermos em paz com os nossos semelhantes.

Há poucos dias, escutei um pregador dizendo que religião não salva.

Ele gritava esta frase, como quem quisesse impor uma verdade que não admitia contestação.

Pelas cores do drama e altura da voz, aquilo deveria ser aceito como panacéia pelos seus seguidores.

Tudo bem!

Todos têm direito de expressar suas idéias.

Eu mesmo acredito que religião não salva.

No decurso da própria exposição, todavia, de repente, o pregador enumerou as bases que sustentam a subida aos Céus.

E a contradição apareceu.

Ele colocou a Igreja como base fundamental para qualquer pretensão de santidade.

Entronizou a Eclésia como única sentinela capaz de nos defender contra as ciladas do inimigo.

- A Eclésia é que sustenta nossa luta contra Satanás, bradava o pregador.

Se alguém nos diz que a Igreja não salva, e logo em seguida afirma que ela é indispensável, este alguém só pode estar brincando.

Afinal, a Igreja salva ou não salva?

- Eis a questão!

Se eu fico sem alicerce quando me afasto da Eclésia, e só voltarei ao equilíbrio quando retornar p'ra debaixo de suas asas, então ela salva.

Neste salva - não salva, nós percebemos que papagaio falante está espalhando confusão pela TV.

Suas palavras soltas ao vento, levianas e inconseqüentes, estão criando ouvintes inseguros e desconfiados.

Estas contradições acontecem porque alguns proprietários de igrejas resolveram transformá-las numa forja de delícias.

Ao invés dos empréstimos chegarem de Deus, como explicamos em nosso tema, atalhos estão aparecendo na rodovia principal.

- Só nesta Igreja acontecem curas, dizem pregadores pretensiosos, nocauteando seus próprios colegas.

Na conversa acintosa dos líderes, percebemos a soberba, e eles somente se contentam com os primeiros lugares.

- Nossos templos são maiores.

- O número de adeptos cresce com espantosa intensidade.

- A arrecadação é recorde sem paralelo.

Isto aí me faz recuar dois mil anos no tempo.

Imagino a figura de Jesus, sentado ao lado do poço de Jacó, conversando com a Mulher Samaritana.

Foi ela quem definiu o assunto:

- "Nossos pais adoraram neste monte" - esclareceu a mulher. "Vós apontais Jerusalém, como lugar de adoração".

E Jesus lhe disse: "Já é chegada a hora em que nem no monte nem no templo de Jerusalém adorareis ao Pai. Deus é Espírito e importa que seja adorado em Espírito e Verdade". João, 4 vv 20 a 24.


O Cristo Interno, que "ilumina todo o homem que vem a este mundo" não precisa de templo.

Sendo Espírito, Deus não se vale de templos, como Nosso Rabi deixou claro.

Percebam que o Mestre descartou os dois recantos apontados pela Samaritana: Nem o monte nem o templo deveriam ser usados.

Deus prefere os que o adoram pelo espírito.

A Igreja de Deus é a confissão de Simão Pedro: "Tu és o Cristo, o Filho do Deus Vivo!"

E Simão Pedro diria, mais tarde: "O Cristo é a Pedra".

O Pai Eterno não é propriedade de seres humanos atrevidos.

Nós é que pertencemos a Deus, e tudo o que nos alcança, tem sido trazido pela sua graça e pela sua misericórdia.

Espontaneamente, as Forças Divinas colocaram a Luz do Cristo dentro de nós, como selo de garantia para a Eternidade.

O Quarto Evangelho aponta esta centelha divina, dentro de nós: "A luz que ilumina todo o homem que vem a este mundo".

João, 1 v 9.

Este é o primeiro empréstimo do Pai Celestial: A luz do Cristo nos confortando desde o nosso nascimento.

Ao invés de chorar, Timmy deixava que as lágrimas virassem pedras frias e duras em seu peito.

Ela vira a cachorrinha Trilby morrer debaixo dos cascos de uma vaca, e sabia que não esqueceria aquela cena para o resto da vida..

Nunca mais a companheira viria ao seu encontro quando voltasse da escola.

Jamais aquela bolinha de pelos correria ao seu lado, pelos caminhos da floresta: Não! Aquilo não poderia estar acontecendo.

Preocupado, o pai de Timmy se aproximou:

- Estou fazendo um papagaio p'ra você, filha: Um papagaio enorme que vai subir além das nuvens.

- Pai, se este papagaio alcançar o Céu, eu quero mandar um pedido p'ra Jesus: Gostaria tanto que Trilby voltasse, pai.

- Filha, disse o homem, sentando-se ao nível da criança. Isto não é possível. Deus a emprestou a você por cinco anos. Agora, você precisa devolvê-la para alegrar outras crianças.

Diante das palavras do pai, Timmy permaneceu pensativa, durante longo espaço de tempo.

Ela imaginou outra criança feliz, além das estrelas, brincando com Trilby num imenso jardim.

Agora, o empréstimo de Deus alcançara outra criança.

Seria egoísmo trazê-la de volta.

- Pai, gritou Timmy convencida. Deixe que Trilby permaneça alegrando esta outra criança. Ela já me fez muito feliz durante estes cinco anos.

- E o que você deseja que eu escreva p'ra Jesus, Timmy?

- Diga que as pedras de tristeza que eu tinha no peito já se desfizeram, e que existe bastante lugar para novas alegrias.

Um sorriso de gratidão se desenhou no rosto daquele homem.

Louvado seja Deus.


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