Sementes ao vento

Data: segunda-feira, 16 de novembro de 2009

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Sementes ao vento conduzem esperança da vida para rumos desconhecidos.

Elas poderão cair em terra pedregosa, e não produzirão coisa alguma, porque o espaço é insuficiente para suas raízes.

Os pássaros também se tornam perigosos para expectativas de colheita: Eles poderão consumir os embriões antes que germinem.

Outras se esconderão no meio de espinheiros, e os espinhos destruirão os tentáculos da promessa.

O próprio sol que representa bênção para o crescimento das plantas tem sua carga negativa:

Quando o espaço é pequeno e a terra pouca, os raios solares queimam as raízes frágeis no nascedouro.

Nas muitas eventualidades, a destruição vai reduzindo a colheita, e os perigos rondam as inúmeras etapas do crescimento.

E o colono sente o coração oprimido pela incerteza.

Quando a semente alcança terreno adubado, todavia, o aproveitamento é total, e as verduras são colhidas cem por cento.

E aqui se explicam as palavras misteriosas de Jesus:

"Ao que tem lhe será acrescentado; ao que não tem até o que tem lhe será tirado".

Mateus, 13 v 12.

"A que foi semeada em boa terra", diz o Evangelho, "é a criatura que ouve a palavra e a compreende. Este frutifica e produz a cem, a sessenta e a trinta por um".

Explicações de Jesus, em Mateus, 13 v 23.

Aquele que oferece boa terra, a natureza responde com produtividade.

Quem se apresenta em formação sadia tem tudo para ser um semeador.

Quem só dispõe de terrenos de aluvião, com certeza perderá o trabalho, a esperança e até a semente.

"Até o que tem lhe será tirado", conforme advertência do Evangelho.

Se não possuímos terreno favorável, será impossível colheita rendosa.

Se a gleba das nossas relações humanas está coberta de espinhos e abrolhos, não existem mínimas condições para vivermos com alegria.

Estes dias eu escutei um médico explicando na Televisão que a ciência está enfrentando dificuldades para completar o estudo do cérebro humano.

Existe suspeita de que este notório empecilho seja a falta de amor manifestado pela nossa raça.

Na prancheta divina, o protótipo de uma rosa se fez botão, porque ela ofereceu condições para exprimir beleza.

Infelizmente, não podemos dizer o mesmo quando alcançamos o cérebro humano.

Aqui persiste substância isolante, camuflando este elo de ligação que todos nós temos com o Espírito Divino.

Está nos faltando o exercício pleno do amor e do perdão para que a ciência tenha condições de desenhar o mapa.

A falta de amor está impedindo o desabrochar daquela parcela do cérebro que comanda a sensibilidade.

Aquela parte do cérebro ainda não amadureceu por falta de uso constante.

É por isso que os mundos espirituais e físicos continuam divorciados um do outro.

Não podemos estabelecer parâmetros em algo incompleto.

Em terras de aluvião, as sementes não podem germinar.

Está faltando o amor incondicional no coração das criaturas humanas.

É por esta razão que não tem aparecido este campo de pouso palpável em nossa organização física.

É o próprio cérebro que apresenta buracos negros ainda não desbravados.

Por isso os cientistas ainda estão tateando na escuridão, quando analisam os mundos espirituais.

As revelações têm sido represadas pela nossa sistemática recusa em perdoar aos inimigos.

Esta desobediência tem mantido a colheita da ciência em banho-maria.

A mensagem do Nosso Rabi tem sido suficientemente clara, para permitir que alguém alegue ignorância.

"Os antigos vos disseram: Amarás teu próximo e odiarás teu inimigo. Eu porem vos digo: Amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem".

Palavras de Jesus, em Mateus, 5 vv 43 e 44.

Comentando o preceito bíblico do amor incondicional de Jesus, Joshua Loth Liebman fez comentários complementares.

Ele disse que a nossa dívida é ainda maior do que pensamos, pois temos esquecido de amar até à nossa própria pessoa.

E quem não se ama perde a capacidade de amar os outros.

Fica perdido em verdadeiro oceano de maldições.

O preceito - "amarás o teu próximo como a ti mesmo" - nos coloca em escala de transgressão, quando declaramos guerra contra ele.

Temos sido faltosos diante deste procedimento fundamental do Evangelho.

Não temos atendido este primeiro amor, que nos fornecerá dignidade e é a base para todos os demais amores.

Joshua disse: "Isto pressupõe que o amor que devemos a nós é também uma exigência".

Desde que insatisfeitos conosco, estaremos emocionalmente enfermos e perderemos condições de retribuir o sentimento alheio.

Quem não se ama não tem capacidade de amar.

O famoso psiquiatra Alexander Reid Martin escreveu:

"O quadro de inúmeros pacientes tem revelado que a falta de amor próprio é o elemento preponderante na origem das doenças mentais. Se as pessoas nutrissem sadio amor por elas mesmas, sem os fardos ocultos de desprezo, nossa tarefa de psiquiatras seria reduzida pela metade".

Afinal, que é amor próprio?

Para responder esta pergunta crucial, entregamos a palavra ao especialista - Dr.Roberto Felix:

"Amor próprio será termos um sentimento de dignidade, de que gostam da gente, de que valemos alguma coisa, de que não somos inúteis - e, ao mesmo tempo, conservamos um notório senso de humildade".

Uma personalidade sadia e amadurecida, dotada de plena capacidade de amar, não ama somente sua mulher e meia dúzia de amigos.

Ela ama, de forma plena, a todos os seres do Universo.

Este é o amor que modificará até as moléculas da matéria.

Pelo menos é isto que nos recomendam os preceitos do Evangelho.

Amor que abre cortinas e revela segredos da mente.

Será importante observarmos que algo inusitado já aconteceu em nosso planeta: Francisco de Assis fez prodígios diante da natureza.

As aves e as feras o procuravam, sem reservas e sem receio.

Francisco de Assis também se constituiu num semeador.

Aquele sentimento vivido pelo Pobrezinho de Assis é mais um elo na corrente mostrando que o amor é o caminho.

Cristo é o caminho!

Por isso, a falta do amor está prejudicando o mapeamento do nosso cérebro.

O Nosso Rabi nos ensinou "amar o inimigo" e nós continuamos guardando rancores e colecionando farpas.

Dois mil anos depois - ainda não aprendemos.

Se aquilo a que chamamos amor, em relação a uma ou algumas pessoas - não se amplia espontaneamente - algo só pode estar errado.

É sinal de perigo.

Devemos perguntar a nós mesmos onde se encontra o engano?

Ninguém poderá se dizer cristão enquanto divide seus sentimentos em lotes fechados.

É preciso ampliar a capacidade de enternecimento alcançando todas as coisas criadas por Deus.

É Jesus quem afirma:

"Se o vosso olho for bom, todo o vosso corpo será luminoso".

Mateus, 6 v 22.

É saúde chegando. É alegria chegando. É a paz penetrando em nossas portas.

Nas palavras do Nosso Rabi dá p'ra percebermos a influência que uma disposição solidária produz também na parte física.

Tudo o que precisamos para viver bem será interagir em harmonia.

Só o fato de enxergarmos nossos irmãos, com olhos compassivos, representará sinal de que nos encontramos no caminho.

Será oportuno recapitularmos a idéia daquele médico, que eu citei no início desta palestra.

A parte ligada à sensibilidade, em nosso cérebro, encontra-se em compasso de espera por falta de calor humano.

O amor é chave que abrirá este último segredo do cérebro.

Com esta chave, os cientistas terão condições de acompanhar o espírito humano em sua passagem de regresso ao mundo dos espíritos.

Todas as fronteiras serão derrubadas pelo rolo compressor da pesquisa em terreno aberto.

O médium cumprirá sua missão sem mistérios.

Para os soldados que lutavam na Coréia, uma das alegrias mais esperadas era a chegada do correio.

Eles recebiam correspondências dos pais, das namoradas e dos amigos.

Coisa singular e especialíssima aconteceu naquela guerra e ficou marcada no coração de muitos.

A professorinha de uma escola do Texas sensibilizou seus alunos para as tristes condições de inúmeros soldados.

Entre os combatentes, alguns não recebiam uma única lembrança de além mar.

Esquecidos de parentes e amigos, eles curtiam isolamento do resto do mundo e a tristeza era uma constante em suas vidas.

Conscientes da nostalgia das batalhas, os alunos da escola do Texas adotaram a prática de remeter cartas aleatoriamente, sem destinatários.

Epístolas de encorajamento dirigidas ao "Meu Querido Vítima da Guerra", eram postadas, como sementes levadas pelo vento.

Sem citação de alguém como destinatário, as cartas chegavam, e eram entregues aos que não tinham família, nem namoradas, nem amigos.

Em lugar do nome, as crianças colocavam: "fuzileiro naval na Coréia".

A prática virou moda e aquelas sementes de esperança produziram frutos do mais requintado sabor.

Era o amor distribuído até sem nome e sem domicílio.

O amor esparzido como seiva generosa.

Alcance quem alcançar, as sementes eram lançadas no vazio do improvável.

Para um soldado que curtia enorme saudade da família aquela saudação de garoto de terceiro ano de escola tornava-se refrigério:

"Meu querido Vítima da Guerra" soava como um refrão de encorajamento e de consolo.

Aquela professora do Texas espalhou sementes tão preciosas que ela mesma talvez nem compreendeu.

Tais sementes não germinaram apenas no coração dos soldados.

Cada uma das crianças que partilharam da idéia generosa, de alguma forma cresceu espiritualmente.

Aquele baixinho que aprende a ser constantemente generoso será mais tarde um adulto generoso, amável e bem sucedido.

Imaginem o efeito quando um adulto - como aquela professora do Texas - resolve incentivar este lado fraterno?

É sopa no mel!

Com certeza, aquela sementeira produzirá a cem por um.

Quanto a isto ninguém duvide.

Todos nós nascemos com forte sentimento solidário.

A infância, no entanto, é o melhor terreno para a semeadura.

A generosidade tem mil faces: Aquela face que se regozija com a alegria dos outros é a mais compensadora.

Existe também a generosidade da tolerância que não desdenha a verdade do próximo, mas prefere acolhê-la com simpatia e respeito.

A discreta maneira de conviver com atos irrefletidos de companheiros perturbados.

A paciência de quem escuta as longas queixas dos enfermos extravasando suas mágoas.

A compaixão que entrega o ombro para aliviar o peso dos desgostos alheios.

Todas estas maneiras de interagir são formas diferenciadas de semeadura.

São sementes trazidas e levadas pelo vento, que se espalham no terreno adubado de todos os carismas.

Em nosso entendimento, tudo isto precisa e deve ser semeado entre as crianças.

Dentre todas as maneiras de cultivar boa vontade, uma delas se torna relevante.

Não poderíamos olvidar este aspecto das relações humanas.

Principalmente quando estamos preocupados com o tipo de ensinamentos dedicados à infância.

Por natureza, o ser humano é apreciador compulsivo de uma fofoca.

Notícia maldosa tem sido prato cheio.

Vocês já imaginaram o benefício de alcançarmos modificação deste padrão de comportamento?

Colocar travas na língua impiedosa.

Extirpar o falatório.

Será um prazer assistirmos o surgimento de geração mais cuidadosa no uso das palavras.

Só a discreta modificação no hábito da fofoca poderá representar notável crescimento do nosso cristianismo.

Porque uma percentagem enorme da maldade humana é fruto deste hábito perverso.

Infelizmente, este aspecto pernicioso de ausência de amor quase nem é percebido.

A sociedade protege a maledicência, como a galinha choca resguarda os pintinhos.

Falar mal dos outros parece uma segunda natureza do "bicho homem".

Fofocar ganha ponto nas rodinhas da engrenagem social.

Sementes negativas contra os outros vão sendo lançadas ao vento, sem qualquer preocupação com a destruição de vidas.

Jornais e revistas, que se ocupam deste lado perverso, prosperam e vendem cada vez mais.

É uma espécie de sementeira ao avesso.

Também estas sementes são lançadas ao vento, e muitas pessoas honestas têm sido destruídas.

No meu tempo de rapaz, uma jovem foi tão caluniada pelo ex-namorado, que preferiu se suicidar diante do assédio da infâmia.

Depois que ela desencarnou, o remorso forçou o vilão a confessar que tudo não passara de vingança.

O apóstolo Tiago, em sua carta, apresenta uma comparação oportuna entre a língua e o navio.

"Observai os navios enormes", afirma Tiago. "Por um pequeno leme eles são dirigidos para onde queira levá-los o timoneiro".

Tiago, 3 v 4.

A língua é proporcionalmente pequena comparada ao leme.

No entanto, infelizmente, é a língua que dirige a vontade da maioria dos seres humanos.

Apesar de pequenina, parece que o homem se torna impotente diante deste órgão que toma posse da palavra antes da hora.

A língua, à revelia da mente, decreta a sentença.

Vocês não achariam melhor conceder o benefício da dúvida ao acusado, antes que a língua o condene?

Todos nós deveríamos permanecer em compasso de espera diante de boatos, imobilizando a língua numa camisa de força.

Não seria mais justo encarar a estória como calúnia montada em torpe armação?

O réu não pode ser condenado sem prova de culpa.

Se as sementes da calúnia forem trazidas pelo vento, valerá o emprego de todo empenho e cautela para conservar o silêncio.

Quem carrega este perfil de caridosa complacência, com certeza, se tornará gigante.

Este se recusará sempre a espalhar boatos maldosos.

Ele espera sempre o melhor e lamenta quando as provas apontam que a prevaricação ocorreu.

Ele se entristece pela situação do culpado.

Ele faz tudo para defender o inocente da pressão dos poderosos, mas não carrega o menor rancor contra o tirano.

Não faz muito tempo, eu conheci mulher extraordinária, que encarou caluniadores sórdidos.

A própria vítima se recolhera ao silêncio, impotente para enfrentar os inimigos.

Esta mulher comprou a briga com todas as suas conseqüências.

Acompanhou a trilha da armação, entrevistou testemunhas, e chegou às nascentes da torpe calúnia.

Nesta altura, ela colocou o autor na parede e exigiu uma retratação.

Isaias, o grande profeta do Velho Testamento, define estes semeadores com palavras eternas:

"Lavai-vos, purificai-vos, tirai a maldade dos vossos atos de diante dos meus olhos, cessai de fazer o mal".

"Aprendei a fazer o bem. Semeai a justiça. Repreendei o opressor. Defendei o direito do órfão e a causa das viúvas".

Isaias, 1 vv 16 e 17.

Esta será sempre a têmpera dos semeadores, na opinião de Jeová e do seu profeta.

Este é o perfil dos verdadeiros salvos, conforme são revelados no versículo seguinte.

Estes permanecerão na Nova Terra, depois do Juízo Final.

"Ainda que os vossos pecados sejam como a escarlate, eles se tornarão brancos como a neve. Ainda que vermelhos como carmesim serão clarificados como a lã". Isaias, 1 v 18. Palavras de Jeová.

Este é o prêmio dos Semeadores: Aprendei a fazer o bem.

Seu perfil é o perfil de lutadores: Repreendei o opressor.

Sua decisão é uma só: A defesa intransigente do direito dos órfãos e das viúvas.

Os semeadores serão trigo separado do joio, no momento da dispersão do Juízo Final.

E nós, nesta altura do campeonato, escutamos barulho estranho soando em nossos ouvidos.

Este ruído anormal vem da casa de Geraldo Peregrino.

Guiomar, sua filha mais nova, entrou batendo portas e se jogou na cama, chorando.

- Eu perdi a eleição para o diretório do colégio, papai. Estou muito infeliz. Este é o pior dia da minha vida.

- Filha, disse Geraldo: Aceitar a vida, como semeador, será o ponto mais alto que poderemos atingir. O semeador é um gigante, filha! Mesmo contrariado em seus desejos, ele se dobra diante de Deus e aceita a sua vontade.

- Aponte apenas uma pessoa com este perfil, meu pai, e eu concordarei com você, disse Guiomar, enxugando os olhos.

- Não preciso nem sair da nossa família para identificá-lo, filha. O seu avô Juca Peregrino foi um destes gigantes.

- Você terá assistido a coisa pior em sua vida, pai, para considerar meu avô tão importante?

- Eu vou narrar a história e você vai entender, filha.

- Juca Peregrino comprou a pequena fazenda no meio da década de vinte.

Ainda não pagara sua dívida, quando surgiu a depressão dos anos 30.

Seu avô não era homem de fugir ao desafio.

Com sacrifícios enormes, ele se manteve, durante os piores anos da crise.

Ele continuou criando gado e plantando sementes.

Para dispor de um telefone, ele próprio estendeu quilômetros de fios, com suas próprias mãos, através da floresta.

E fez a fazenda prosperar, na agricultura e na pecuária.

Chovera, naquele ano, e se espalhara, viçoso, o melhor capim de todos os tempos.

- Ano que vem ficaremos livres de dívidas, foi a confidência do seu avô, satisfeito com o rumo tomado pela família.

Guiomar escutava, em silêncio, a história do avô, contada pelo pai.

E o narrador continuou:

- Voltávamos da igreja, num domingo, quando enxergamos aquela fumaça escura para os lados da fazenda.

Quando chegamos, a desolação tomara conta de tudo.

Bastou percorrer quilômetro para calcular o desastre.

As chamas amarelas se confundiam com o sol.

Grande parte do gado foi perdida, queimada nas estrebarias.

Os vizinhos começaram a chegar - famílias inteiras de dois em dois, de três em três.

Dezenas de pessoas solidárias dispostas a tudo para reduzir as conseqüências do desastre.

A luta foi longa e difícil, atravessando a madrugada, até a derradeira chama ser extinta pela solidariedade daquele povo amigo.

Na fúria do incêndio todos os sonhos de pagar as dívidas se dissiparam.

- No entanto, e aqui se encontra o mais importante da história.

O seu avô não se entregou ao desespero.

No dia mais terrível de sua vida, ele aceitou o desafio do Pai das Alturas e se manteve digno do papel de semeador.

De repente ele me envolveu com seus braços fortes e me olhou bem nos olhos, e me disse: Que fogueira, meu garoto?

Como Jó, no recesso da sua dor, não havia queixas naquele homem magro e cansado que estava em minha frente.

Como Jó, inclinado sobre o monturo da desolação, a figura austera daquele homem parecia um semi-Deus na sua grandeza.

- Deus deu, Deus tirou: Bendito seja o Santo nome de Deus!

- Papai, você estragou suas botas novas, eu lhe disse.

Ele sorriu e exclamou, sem qualquer sinal de amargura: Daqui para diante, eu terei que usar estas botas no serviço.

- Minha filha: Eu entendi perfeitamente a mensagem que seu avô queria transmitir naquele momento de tragédia.

Ele quis dizer que era um Semeador e não queria desmerecer o título que o próprio Deus lhe concedera.

- Ele era realmente um Filho de Deus.

Ele tinha que pautar sua vida pelos caminhos do Evangelho, porque ele nascera para o desempenho do papel de um Semeador...

Um Semeador não lamenta o que chega do alto.

Simplesmente, ele aceita a vontade soberana do Pai Celestial.

Um semeador não pode desmerecer a bênção de se tornar um exemplo vivo de obediência.

- Não sei o que dizer e o que pensar, bradou Guiomar. E correu para os braços do Pai, e pediu perdão, em nome do avô.

- Daqui p'ra frente, disse ela: Eu farei tudo para me transformar também numa semeadora de luz e de esperança.

No ano seguinte, Guiomar concorreu, outra vez, nas eleições do diretório, e ganhou 76% dos votos.

As derrotas consolidam lições, que embora amargas enriquecem a têmpera das criaturas humanas.

Não existem outras maneiras de aprender.

Sem cair ninguém conhecerá o jeitinho certo de se erguer e continuar a semeadura.

Louvado seja Deus.



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