O Dia que Ele Escreveu

Data: domingo, 19 de dezembro de 2010

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Jesus poderia ter escrito a Tibério César reclamando: Não há justiça nesta província de Roma.

Uma epístola bem fundamentada para Pilatos o tornaria mais humano.

Caifaz é outro que merecia algumas linhas sobre ética e religião.

Por quê o Mestre relegou a magia das letras para um segundo plano?

Da mesma forma que foi extremamente convincente dialogando com Nicodemos, seus escritos poderiam sensibilizar figuras importantes.

Uma vida inteira sem gravar uma única frase talvez seja o maior mistério que envolveu o Nosso Rabi.

Alguém poderá estranhar o que estou dizendo:

- Espere um pouco, Getúlio. O Mestre escreveu, sim. Está no Evangelho.

"Inclinando-se, Jesus escrevia na terra, com o dedo".

João, 8 v 6.

Realmente, eu admito: Nesta única ocasião, Ele escreveu.

Mas agora sou eu que faço a pergunta:

- Quanto tempo tais letras ficaram disponíveis na poeira do chão?

Eu me refiro a uma escrita perene, apreciada e difundida como lição.

A poeira das suas palavras escritas, naquela manhã, imediatamente foi levada pelo vento, graças a Deus.

Eu estou dando graças a Deus, exatamente pelo fato de Nosso Rabi ter se afastado da magia das letras, por vontade própria.

Ele não procedeu desta forma aleatoriamente, sem motivo. Não!

Jesus tinha uma estratégia, que deveria ser cumprida com rigor.

Percebam uma coisa muito importante.

Os evangelistas retrataram suas palavras, seus gestos e reações, e as denominações cristãs se contam por milhares.

Houve hiper inflação de doutrinas e muitas guerras.

Tal divisão não é compatível com esta rocha que se chama Cristo.

Alguma coisa brotou de controvérsias, onde a divisão nasceu.

Dá p'ra imaginarmos o crescimento da desarmonia, se Jesus divulgasse o Evangelho, letra por letra, do seu próprio punho.

Ele mesmo rabiscando garatujas.

O tamanho da controvérsia seria imensurável.

Nada ficou registrado para a posteridade, porque algo escrito pelo Nosso Rabi terminaria numa disputa sem paralelo.

Se aquilo que foi dito por ele, sem registro pessoal, já representou guerras, não será difícil calcularmos o estrago de uma interação direta.

Seria um Deus nos acuda!

A Inquisição estaria queimando hereges até hoje.

Todo o mundo reivindicaria o título de destinatário de correspondência de Jesus.

A propósito, voltamos ao texto do Quarto Evangelho, que aponta o Mestre escrevendo com o dedo:

"Mas Jesus, inclinando-se, escrevia na terra com o dedo".

João, 8 v 6.

Estudiosos dos primeiros séculos afirmavam que Jesus enumerou os pecados humanos.

Outros o apontam como mais seletivo.

Começa que os fariseus e escribas tinham suas armas voltadas mais para Jesus, do que sobre a pecadora.

Ele era o grande alvo dos escribas e fariseus.

Eles "matavam dois coelhos" com apenas uma paulada.

Satisfaziam seus instintos sádicos contra a adúltera, e armavam ciladas para destruir o Nazareno.

Realmente, o esquema era perfeito.

Se Ele se declarasse contra o apedrejamento poderia ser acusado de não ser Profeta: Estaria contra Moisés e a Lei

Se Ele permitisse o apedrejamento, renegaria seu Evangelho.

Se aquela prisioneira fosse morta, outra conseqüência grave aconteceria: uma transgressão das leis romanas por parte de Jesus.

Como judeu, o Mestre não tinha autoridade para julgar e condenar.

Era vedado aos judeus, decretar a pena de morte.

Somente Pilatos guardava o sinete que legitimava o processo.

Num repente, o Nosso Rabi percebeu toda a trama.

Num átimo de segundo, ele traçou sua estratégia.

O Rabi Galileu resolveu apelar para um tribunal mais alto, o tribunal da consciência.

Ele penetrou fundo no passado tenebroso de todos aqueles juizes implacáveis, deixando claro que estavam sendo incoerentes.

Os carrascos travestidos de justiceiros se revezavam, num círculo, em torno de Jesus, vociferando, cada vez mais barulhentos:

- Queremos a sentença! Queremos a sentença! Queremos a sentença!

Cada vez que a exigência era formulada, um rosto novo aparecia, a poucos centímetros da face do Nazareno.

Os adversários já gozavam vitória certa.

Jesus não tinha para onde escapar.

Todos os flancos estavam guarnecidos, para que não lhe restasse alternativa.

Cada um deles estava ensaiado para mostrar seu rosto, e se afastar, dando lugar ao próximo acusador, numa ciranda maluca.

Aquilo representava uma estratégia orquestrada, para hipnotizar e confundir o Nosso Rabi.

O drama da condenação da adúltera fora montado com esmero, pela inteligência de profissionais.

Havia cólera naquelas faces congestionadas pelo ódio.

Numa pantomima orquestrada, eles mostravam o rosto, pronunciavam a frase - queremos a sentença - e davam lugar para outro.

Sem que eles percebessem, todavia, o Mestre preparou cama bem feita para cada um dos acusadores da mulher.

Ele também se integrou ao esquema dos adversários.

E o Nosso Rabi desenvolveu sua estratégia com esmero.

Cada um que surgia diante dele era brindado com sua marca registrada de criminoso impune escrita no chão.

Era indispensável mostrar que Jesus conhecia seus pecados.

Ele estava sabendo de todas as suas misérias morais.

Aquele homem elegante, de anel valioso no dedo, bem penteado e altivo, viu sua marca escrita na poeira pelos dedos do Mestre:

- Ladrão! Estava gravado na areia, de maneira bem legível, mostrando quem era aquela figura imponente.

O aguadeiro forte como touro, com suas mãos enormes, flagrou seu apelido, assustado pela descoberta da sua tara.

- Pedófilo era o vocábulo que o Mestre registrara..

Quando o oficial de Herodes, detentor de insígnias e medalhas, apareceu, os dedos de Jesus se agitaram para cima e para baixo.

- Parricida - foi o termo que apareceu escrito no piso empoeirado.

Aquele homem ilustre e conceituado na sociedade assassinara o próprio pai, por questões de herança, e não fora punido.

Até sacerdote, em vestes talares, entrou na roda dos culpados.

Agasalhado por túnica especial, ele se juntou aos acusadores para apedrejar adúltera, sem lembrar que era igualmente transgressor da Lei.

Disfarçado, ele visitava o templo da Rainha da Noite, uma deusa importada da Fenícia, para aumentar o seu desempenho sexual.

O seu hábito secreto, escondido por sete chaves, foi trazido a público.

A definição apareceu na poeira do jardim:

Jesus escreveu - idólatra, e percebeu o rubor da vergonha no rosto do sacerdote.

Os olhos do Nosso Rabi fixaram-se nos olhos dele, até que o sacerdote se afastou, apressado e totalmente sem rumo.

De todo aquele grupo de acusadores implacáveis, não restou nenhum que não se expusesse ao dedo acusador da consciência.

O pecado principal de cada um deles foi trazido a lume.

Depois de desmascarar cada um, individualmente, Jesus ergueu sua face e os encarou a todos.

O flagrante agora era geral e irrestrito

Sua voz, então, se espalhou, como se fosse a voz de uma trombeta:

- "Aquele que estiver sem pecado seja o primeiro que lhe atire a pedra".

João, 8 v 7. Palavras de Jesus.

A reação que oprimiu aquela multidão de homens sedentos de vingança foi algo insólito.

Todos tiveram a sensação de que se encontravam nus.

Todos vexados daquela nudez impossível de cobrir, porque se trata de falta de agasalho na alma.

Todos sofreram a certeza de que as suas misérias se encontravam na boca das multidões.

Pelo menos foi esta a sensação sofrida por eles.

Eles que haviam clamado por aquele julgamento agora se encontravam silenciosos, sem coragem de encarar os próprios companheiros.

Vieram na busca da sentença e a sentença voltou-se contra eles de maneira impiedosa.

De repente, eram eles é que estavam sendo julgados.

Muitos tremiam dos pés à cabeça.

Só Jesus se encontrava tranqüilo naquela assembléia marcada por expectativas, de um lado e de outro.

A mulher aos pés do Mestre Galileu, machucada no corpo e na alma, se encontrava exausta e deprimida.

Quando abriu os olhos, ela viu as pedras esquecidas por todo o caminho, e de seu interior brotou aroma de flores - o perfume da gratidão.

A mulher adivinhou que o abandono das pedras tinha a ver com aquelas palavras escritas na areia.

Algo lhe sussurrava, aos ouvidos, que ela estava inteira, viva, pela ação daqueles caracteres que haviam sido escritos no chão.

Aquelas palavras mágicas eram responsáveis pela salvação de sua vida..

Por mais inacreditável que fosse, aquele homem não usara recursos mirabolantes para alcançar o feito extraordinário.

O misterioso Galileu não mostrara dotes guerreiros nem os ameaçara com palavras duras, como faziam os heróis lendários.

Tão somente, ele escreverá caracteres estranhos no piso empoeirado.

Ele até autorizara que alguém lançasse a primeira pedra.

Ela escutara com clareza a ordem daquele homem para que se cumprissem os rigores da lei de Moisés.

Sua voz firme e tranqüila autorizara que alguém do grupo lançasse a primeira pedra.

Dentre os membros daquela turba indisciplinada, alguém fora autorizado a cumprir a sentença.

Ela ouvira com clareza as palavras do Galileu:

"Aquele que estiver sem pecado seja o primeiro que lhe atire a pedra".

Portanto, alguém fora designado para iniciar a lapidação.

Ela se encolhera, apavorada, sofrendo por antecipação o impacto da pedra assassina.

Tremera de pavor diante da morte iminente, diante das dores que poderia sofrer.

Mas a pedra não veio.

E a mulher adúltera permaneceu, em aflita expectativa, por mais algum tempo.

Ao contrário da sua desalentada certeza da morte, ela escutara o ruído de pedras sendo largadas, por toda extensão do jardim.

E um tropel de homens caminhando em silêncio.

Haviam cessado todas as vozes raivosas.

O grupo dos acusadores foi ficando cada vez menor, até que o mais ferrenho vingador também se foi.

Nenhuma pedra tinha sido lançada.

Todas elas escaparam das mãos dos carrascos, tombando no terreno empoeirado.

Jesus e a mulher, agora, se encontravam sozinhos, na imensa esplanada a céu aberto.

O silêncio é apenas quebrado pelos soluços da mulher exausta.

Ela não tivera tempo nem disposição para entender toda a extensão do drama.

Não tinha consciência plena do que acontecera.

Mas se espalhava no ar, em redor, uma grande certeza: Dali para frente aquela mulher jamais seria a mesma.

Jesus ergueu-se e docemente envolveu a mulher com olhar de enorme compaixão.

E Ele lhe fez uma pergunta:

- "Mulher, onde estão os teus acusadores? Ninguém te condenou?"

E ela respondeu:

- "Ninguém, Senhor".

E o Mestre, num assomo de incontida piedade, envolveu a mulher com simpatia, e lhe disse:

"Nem eu tampouco te condeno. Vai e não peques mais!"

João, 8 v 11.

Se os fariseus e escribas ainda estivessem naquele lugar, certamente ficariam ouriçados com a sentença do Nosso Rabi.

Eles não poderiam compreender que um Rabino obstruísse o livre curso da justiça.

Aquela mulher havia sido surpreendida em adultério.

Não havia qualquer dúvida quanto a culpa e a sentença se encontrava na Lei, sem previsão de atenuantes.

A morte era prevista para o crime de adultério.

Aquela infeliz precisava morrer, para que não se espalhasse o vírus da impunidade.

Aquele Nazareno se dizia sem pecado.

Ele próprio tinha o direito de atirar a primeira pedra, conforme sua própria permissão.

- Pois que o fizesse, diriam os fariseus, se ainda estivessem ali.

Ele abriria o placar para que outros completassem a lapidação daquela pecadora.

E aquela criminosa seria coberta por uma chuva de pedras cortantes, aplacando a sede de sangue do marido enganado.

Este seria o desdobramento do caso, se os fariseus e escribas não tivessem sido esmagados pelo peso das suas próprias culpas.

Ao invés de entrar no mérito das controvertidas leis humanas, Jesus ergue os olhos para outro tribunal...

...O Tribunal da Consciência.

Ele não aprovava o que a mulher fizera.

Ele não absolvia a pecadora de culpa.

Ele não procurou clarear a escuridão do adultério.

Simplesmente, Jesus endereçou-lhe forte apelo de vida nova: "Vai e não peques mais".

Um forte componente na decisão do Mestre, todavia, se prende ao aspecto injusto do castigo unilateral.

O Nosso Rabi jamais avalizaria tratamento desigual.

O parceiro daquela mulher, no adultério, não aparecera, por ocasião do julgamento.

Faltava alguém no banco dos réus.

Isto aí foi decisivo e um atenuante mais que perfeito para que se frustrasse o resultado daquele julgamento.

Por isso, Jesus resolveu lançar o anzol no mar cristalino da misericórdia e do perdão:

- Vai e não peques mais!

Ninguém sabe o nome nem o que aconteceu com aquela mulher, posteriormente.

A única coisa que podemos garantir é que ela jamais foi a mesma.

Que ela se tornou alguém diferente, depois daquele dia, não existe a menor dúvida.

Ela encarou o Rabi Galileu, frente a frente, trocou olhares com Ele, foi interrogada e ofereceu resposta.

Jesus lhe fez uma pergunta: - Ninguém te condenou, mulher?

Ela respondera:

- Ninguém, Senhor.

Foram suas únicas palavras, naquela manhã de escuridão e claridade, quando tantas coisas aconteceram, entre o céu e a terra.

Naquela esplanada de Jerusalém a poucos passos do Templo explodiram maldições e bênçãos.

Naquelas poucas palavras entre o Galileu do Céu e a pecadora da Terra, houve manhã, tarde e noite - o dia do perdão.

Explodiram gemidos e se consolidaram fórmulas consoladoras.

- Também eu não te condeno, respondera Jesus.

E agora sou eu que pergunto a vocês:

Se aqueles fariseus não tivessem se afastado com a consciência pesada, será que eles aceitariam a misericórdia do Galileu?

Este é o dilema.

Quem é carnal não entenderá jamais as coisas do Espírito.

O que terá pensado a mulher adúltera, no momento que escutou as palavras generosas do seu Salvador?

Pensem vocês como quiserem. Eu já tenho a minha certeza:

Aquela mulher se afastou recuperada de sua dignidade.

Jesus lhe devolveu o respeito que ela perdera.

O animo de lutar contra suas inclinações pecaminosas lhe foi devolvido depois daquele entrevero.

Seus olhos voltaram a brilhar.

Acaso, aquela filha de Deus não presenciara o maior de todos os milagres?

Sim, meus amigos! Não existe prodígio maior do que o perdão!

Ele repõe nas almas a dignidade perdida.

É glorificado quem perdoa; é sarado aquele que o recebe o perdão.

O perdão faz crescer a confiança no Criador: Consolida nas mentes inseguras a certeza de um Deus Paternal.

O perdão, na Terra e nos mundos espirituais, representa a negativa solene da existência do Inferno Eterno.

O perdão é o argumento decisivo de que Deus existe, e que a sua misericórdia dura para sempre.

Quando o Divino Amigo escreveu, na areia, mostrando o pecado daquela multidão, Ele nos abriu os olhos.

E será fácil perceber o resultado espetacular.

Jesus, que não se preocupava em escrever, gravou caracteres uma única vez e ganhou o jogo de primeira.

Ele despertou a consciência daqueles vilões travestidos de árbitros.

O estratagema do Mestre fez que se abrisse a couraça daquela gente hipócrita e falsa.

E o milagre aconteceu.

Os fariseus, defrontados pela consciência culpada, lançaram fora as pedras assassinas.

A pecadora foi salva.

A vítima da sedução viu-se regenerada.

A adúltera recebeu de volta a dignidade da virtude, com o perdão dos seus pecados.

Tudo aconteceu, por uma espécie de mágica, depois que Jesus escreveu aquelas palavras na areia.

Eu tive um amigo, freqüentador de minhas palestras, no tempo que ainda me restava espaço para realizá-las.

E este amigo era um crítico severo da tolerância.

Ele não admitia nem desculpa, quanto mais perdão.

Para aquele moço tudo tinha que estar dentro das quatro linhas.

Quando se tratava da parábola do Fariseu e do Publicano, ele exaltava o fariseu:

- O fariseu jejuava, dizia ele. O fariseu cumpria os mandamentos, o fariseu pagava o dízimo. O fariseu era cumpridor da Lei

Na parábola do Filho Pródigo ele se declarava admirador do irmão mais velho, que permanecera sempre ao lado do pai.

Este meu amigo era um carrasco severo de tudo o que escapasse das quatro linhas da virtude essencial.

Neste caso da mulher adúltera, ele tinha suas restrições até mesmo contra a figura irrepreensível do Mestre.

Perdoar uma adúltera para aquele cristão era uma heresia sem tamanho: Coisa horrorosa!

E ele se dizia cultor e estudioso da Bíblia e freqüentava uma igreja evangélica, estruturada na Bíblia.

Eu reconheço que o perdão exemplificado pelo Nosso Rabi muitas vezes excede nossas expectativas de criaturas carnais.

O Mestre vai fundo na exigência de uma vida sem censuras.

O Mestre refina a doçura do açúcar, até torná-lo um pó diáfano.

E Ele nos coloca contra a parede.

Não temos saída nem p'ra direita nem p'ra esquerda.

O Cristianismo não nos fornece outras saídas.

Ou lavamos nossas almas na busca da perfeição, ou continuaremos como aprendizes.

Ninguém progride sem o esforço consciente de se tornar melhor.

Estas dificuldades foram algumas das razões que nos tornaram adeptos da Reencarnação.

É impossível desenvolver esta sintonia fina com o Espírito do Cristo em apenas uma vida.

O Nosso Rabi é demasiado grande para que possamos entendê-lo em tempo restrito.

Por favor, prestem atenção neste momento solene, em que vou apontar algo extremamente difícil de compreender:

É uma declaração surpreendente de Jesus que está registrada no Evangelho de João:

- "Eu não vim para julgar o mundo, mas para salvar o mundo".

João, 12 v 47.

Ele que era puro e perfeito não viera para julgar o mundo.

Nós que somos impuros e imperfeitos guardamos esta pretensão.

Que coisa triste, meu povo!

Como poderemos nos travestir de censores implacáveis e sair pelo mundo apedrejando as pessoas?

Para atirar a primeira pedra o coração precisa estar limpo.

E aquele que alcança limpeza de coração já não terá mais o impulso de agredir.

Você já imaginou Jesus entrar na quadrilha dos fariseus e apedrejar a adúltera?

Será que o seu gesto - como carrasco - seria lembrado até hoje, e serviria de exemplo dois mil anos depois?

Esta pergunta vale para colocar em confronto as duas escolas que se encontram na Bíblia.

Quando alguém se envolve com pecados graves...

Quando nossas vidas - de um momento para outro - se encontram irremediavelmente erradas, é de amor e não de crítica que precisaremos.

Ninguém se iluda de que a censura raivosa resolverá os intermináveis conflitos da civilização.

O maior de todos milagres é que nós podemos ser perdoados.

A maior esperança é que nós seremos perdoados um dia.

A maior certeza é que Deus é realmente amor.

Deus está disposto a nos limpar das mazelas das muitas vidas, e, somente com ajuda Dele nós cresceremos.

E seremos lavados de nossas chagas morais.

E seremos curados de nossa falta de retidão.

Por que iremos sepultar viva aquela mulher adúltera? Que proveito restará deste gesto de vingança?

Uma centena de pedras não irá modificar o panorama do pecado no mundo.

Só o perdão abrirá caminhos amplos de paz e alegria.

O amor constrói para a eternidade.

Será oportuno lembrarmos palavras de Paulo:

"(...) tornai-vos bondosos diante do vosso próximo, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus em Cristo nos perdoa".

Efésios, 4 v 32.

Que Deus está disposto a nos perdoar nós sabemos.

Resta saber se temos a disposição de perdoar com toda a intensidade do Cristo?

Este é o grande objetivo de nossas vidas.

Louvado seja Deus.


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