Data: sábado, 16 de fevereiro de 2013
Deus é única fonte do milagre, porque todo poder lhe pertence.
Ninguém realizará prodígios fora de Deus, porque não alcançará forças para concretizá-los, em qualquer outra fonte.
Escutem o que diz o Salmista:
"Uma vez falou Deus, duas vezes eu ouvi: Que todo poder pertence a Deus".
Salmo, 61 v 11.
Algo estranho, todavia, nós encontramos no Evangelho de Mateus:
"Muitos, naquele dia, clamarão: Senhor, Senhor! Porventura não profetizamos em teu nome, e em teu nome não expelimos demônios, e em teu nome não fizemos tantos milagres? Então lhes direi explicitamente: Nunca vos conheci. Apartai-vos todos os que praticais iniquidade".
Mateus, 7 vv 22 e 23.
Aqueles que nasceram paranormais e expulsaram demônios, e profetizaram, em nome do Cristo, vão estranhar o seu rosto descontente.
Eles haviam feito tantos milagres, em praças repletas e ajuntamentos de milhares de crentes.
Eles haviam conduzido para longe a Mensagem do Evangelho.
Por isso não entenderam as palavras de Jesus:
"Nunca vos conheci. Apartai-vos todos os que praticais iniquidade".
Eles não poderiam entender onde Jesus enxergara algo errado?
Que estas pessoas realizavam prodígios não podemos contestar.
Se não fosse assim, Jesus os teria desmascarado como farsantes.
O fato do Nosso Rabi não tê-los desmascarado mostra que os milagres foram autênticos.
E uma pergunta fica no ar:
- Se Jesus estava tão descontente com eles, isto não será evidência de que eles agiam sob a batuta de Satanás?
- De minha parte, eu não admito esta hipótese. Se Satanás existisse e tivesse poder, eu poderia até concordar, mas nós acabamos de divulgar um trecho dos Salmos dizendo que só Deus tem poder.
Assim, teremos que concordar que estes milagres foram feitos pelo único poder existente na Terra que é o poder de Deus e do seu Cristo.
Porque também Jesus, no último capítulo do Evangelho de Mateus, disse partilhar deste poderio que se encontra nas mãos do Pai.
Toda a raiz de poder se encontra em Cristo e no Pai.
Jesus disse aos apóstolos:
"Todo o poder me foi entregue na Terra e nos Céus".
Mateus, 28 v 18. Palavras de Jesus.
Quando o Mestre apontou seu descontentamento com estes milagreiros, mandando que se afastassem, Ele não estava contestando os prodígios.
Porque nada pode ser produzido fora do centro de forças da Divindade e do seu Cristo.
O Mestre contestou algo errado no milagreiro e não no milagre.
Os milagres eram legítimos.
Eles, realmente, foram feitos de forma autêntica, incontestável.
Errada é a cobiça destes que recebem o dom de fazer milagres e avançam como abutres sobre carniça na exploração do lucro que o carisma lhes garante.
No Juízo Final, estes vão escutar as palavras de Jesus no pé da orelha:
- Nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade.
Eles exigem dízimos, eles exigem ofertas, eles são chamados de excelência e pagam horários, na mídia, para, discretamente, publicar suas virtudes.
Utilizam carismas que a misericórdia Divina lhes concedeu para o bem de todos, em proveito pessoal.
Eles reencarnaram prometendo se entregar às tarefas, de corpo e alma, e terminaram esquecendo os compromissos.
As riquezas e o poder os forçaram a retroceder.
Depois de sentir o gostinho do lucro fácil, suas únicas preocupações têm sido arrecadar mais para crescer mais.
A Justiça Divina permite que continuem, durante toda uma reencarnação, porque Deus respeita o livre arbítrio dos seus filhos.
O fogo vai atingi-los, quando retornarem ao mundo espiritual.
E no Juízo Final deste ciclo, eles vão responder pelo crime do não cumprimento de compromissos.
Aceitar tarefas e não realizá-las acarreta prejuízo enorme.
Usurpar a glória que pertence a Deus, e vendê-la, em troca de vantagens, mais ainda, se transformará em desastre para os seus espíritos.
O milagre será sempre coisa Divina.
O que se pratica de ilícito, todavia, usando-se este dom especial, é coisa bem humana, e provocará inevitável choque de retorno.
Em hipótese alguma deveremos abusar do nosso livre arbítrio.
O amor ao dinheiro levará as vítimas da avareza, no dia do Juízo Final, a se defrontarem com palavras ásperas do Cristo Juiz:
"Apartai-vos de mim todos os que praticais iniquidade".
Mateus, 7 v 23.
Estas figurinhas irresponsáveis estão usando a liberdade, aleatoriamente, e serão defrontadas com a justiça, que pode tardar, mas não falha.
Ninguém se iluda pensando que vai enganar Deus e ao seu Cristo.
"Aquilo que o homem semear isto mesmo ele terá de colher".
- Sim, Getúlio, exclama o Zé Mané, mas você não esqueça que existe uma coisa chamada Magia Negra. Ela pode destruir pessoas e famílias inteiras, através da maldição. A potência maligna desta maldição não pode se originar em Deus.
- Meu caro Zé, não se iluda com este argumento simplista.
Nada acontece através de poderes que não tenham raízes na Divindade.
Se houvesse uma segunda usina de força, independente do Criador, Deus teria dublê e este dublê também seria Deus.
E todos sabem que a Bíblia declara peremptoriamente:
"Eu formo a luz e crio as trevas. Faço a paz e crio o mal. Eu o Senhor faço todas estas coisas".
Isaias, 45 v 7 - Palavras de Jeová.
É Deus declarando que Ele é, igualmente, o autor do mal.
Vejam que tais palavras estão na Bíblia: Isaias, 45 v 7.
Não adianta contestar.
Deus entregou parcela do seu poder Divino para Caim, como faz para todos os demais viventes.
Esta energia que deveria ser canalizada para o bem, Caim se aproveitou dela para destruir o irmão.
Jeová poderia ter interferido, e evitado a morte de Abel, mas optou pelo respeito ao livre arbítrio de Caim.
Isto mostra o quanto vale, para Deus, a preservação da nossa liberdade.
Mesmo nas mãos do Pai Celestial, se vivêssemos como marionetes, sem vontade própria, não poderíamos ser responsabilizados pelos nossos atos.
O cavalo não sabe para onde vai a carroça.
Se ela não alcançar o endereço certo da descarga, o cavalo não será responsável.
Ele segue as ordenações do carroceiro.
Porque o cavalo não goza de livre arbítrio.
O Criador nos entregou capacidade de falar, que representa importante parcela de poder.
O empréstimo foi concedido para nos beneficiar e beneficiar também o nosso próximo.
De repente, o rancoroso usa o dom da fala que é uma dádiva especialíssima, de forma inadequada.
Dominado pela raiva, ele amaldiçoa seu desafeto.
Nenhuma palavra é vazia
Se a voz foi entregue ao rancoroso por Deus, e ele fez uso inadequado, o ato maldoso teve raízes circunstancialmente na Divindade.
A voz nos foi emprestada por Deus: Se nós adotamos o benefício produzindo maldade seremos culpados em dose dupla.
Culpa pela maldição, que gerou problemas em alguém.
Culpa pelo uso indevido de carisma emprestado.
É uma apropriação indébita espiritual.
Prestem atenção ao texto de Isaias, no qual se divulgam palavras de Jeová, que se afirma Criador do Mal.
É desta forma que eu entendo:
O que Deus cria é sempre algo bom. Tal coisa se torna má quando passa pela intermediação de alguém que a desvirtua.
"É inevitável que aconteçam escândalos, mas ai de quem por quem eles vierem" são palavras de Jesus.
Percebam o que diz o livro Eclesiástico:
"A bênção do pai fortifica as casas dos filhos. A maldição da mãe as destrói pelos alicerces".
Eclesiástico, 3 v 11.
Diz o Apocalipse que a Segunda Besta "obrou grandes milagres, de sorte que fazia descer fogo do Céu sobre a Terra, e ela seduziu os espectadores diante dos prodígios que fazia".
Apocalipse, 13 vv 13 e 14.
Vejam que a própria Besta do Apocalipse manifesta condições de realizar milagres.
Está na Bíblia!
Vocês poderão até estranhar, mas é a Bíblia quem diz, e nós entendemos, porque a Besta é um ser humano, o mais perverso de todos os seres humanos.
A Besta é um título na hierarquia do mal
Aquele Satanás criado eternamente perverso é invenção.
Ele não existe.
É aqui, no chão terráqueo, entre criaturas de carne e osso, que o Pai Celestial distribui seus dons e realiza as experiências de evolução espiritual.
"Quem tem inteligência calcule a número da Besta. Porque é número de homem e o número dela é seiscentos e sessenta e seis".
Apocalipse, 13 v 18.
É número de homem: A Besta será sempre um homem.
Quando desencarna o homem mais perverso do mundo, ou ele se converte, outro maldoso assume o posto.
Ninguém se iluda de que os milagres sejam atestados de boa conduta. Não são! Aquele Rasputin da velha Rússia imperial é prova disto.
Ele fazia milagres, mas não era flor que se cheirasse.
No planeta Terra, todas as religiões tem sua crônica de realização de prodígios.
Em todas elas, existem os paranormais honestos e os desonestos.
Mesmo entre os famosos, porém, precisamos caminhar cautelosos, porque somente Deus tem condições de analisá-los em profundidade.
Mas estes milagres existem.
Tudo aquilo que for feito com reta intenção, não importa a origem, é digno de louvor e de gratidão a Deus.
Se alguém é portador de um palito de fósforo e acende o fogão para fazer almoço o fogo é bom.
Se alguém recebe um palito de fósforos e incendeia a casa do vizinho, o fogo se torna prejudicial.
Uma verdade, porém deve ser dita: O fogo, em sua essência, será sempre uma bênção.
É o mau uso que transforma o fogo em maldição.
Analisem o caso de Pôncio Pilatos. Ele disse para Jesus:
"Não sabes que tenho poder para te libertar e para te crucificar?"
O representante de Tibério tinha todas as chaves nas mãos, e ninguém humano poderia contrariá-lo ou detê-lo nas suas decisões.
Jesus, porém, que sabia de tudo, lhe disse:
- "Não terias este poder se do Alto não te fosse concedido".
João, 19 vv 10 e 11.
Meditem seriamente nesta verdade: É o próprio Jesus nos informando que o poder para crucificá-lo se originava de Deus.
A Verdade Suprema diz: Não existe poder fora de Deus.
Lembro bem, ainda criança, quantas vezes eu dobrei os joelhos e recebi amparo, apesar da minha oração canhestra e sem graça.
Podem ter certeza, meus caros, toda prece é ouvida pelo Pai Celestial, porque Ele se encontra muito mais perto de nós do que podemos imaginar.
O escritor Leon Tolstoi nos conta uma estória bastante curiosa que se encaixa perfeitamente ao nosso tema:
Bispo católico de uma região da Rússia ficou preocupado com três caipiras da sua diocese, que estavam fazendo milagres e pregando Evangelho.
Eram pessoas completamente ignorantes, e ele resolveu fazer-lhes visita, com claro sentido de catequese.
Viajou numa pequena embarcação e conheceu aqueles líderes que estavam interferindo até no seu trabalho.
A primeira pergunta do bispo foi:
- Como vocês se dirigem a Deus?
A resposta deles demostrou que se tratava de pessoas completamente iletradas, que haviam passado longe da escola.
Eles repetiram para o bispo o teor de suas preces diárias:
- Nós são treis. Vós são treis. Bendito sejas, Senhor!
Era o refrão usado por eles, para encomendar milagres que estavam acontecendo em todos os quadrantes da ilha.
O catedrático ficou estarrecido: Como pode acontecer uma coisa desta?
Mas o fato inegável é que aquilo era real.
O bispo insistiu, pelo menos em modificar aquela oração ridícula, feita em tão inadequados termos.
E ele foi obrigado permanecer quatro dias na ilha, pela enorme dificuldade de fazê-los decorar o Pai Nosso.
A tarefa de introduzir os termos da oração na memória deles chegou a se configurar impossível.
O religioso ficou aliviado, quando, no quarto dia, um deles declamou o Pai Nosso inteirinho.
Então, o Bispo, tranquilo, embarcou de retorno à diocese.
Para o mais astuto entre eles, o Bispo ordenou:
- Você aprendeu - ensine os outros. Eu tenho mais o que fazer!
E partiu!
A embarcação já ia longe, quando o bispo percebeu algo misterioso, como espantalhos, acenando os braços, caminhando sobre as águas do mar.
- Que será este fenômeno? Perguntou o prelado para os marinheiros.
Eram os três caipiras que corriam de sandálias, sobre as ondas, e, chegando mais perto, gritaram:
- O senhor terá que voltar reverendíssima. Esquecemos outra vez as palavras do Pai Nosso.
Vendo aquela gente caminhando sobre as águas como em terra firme, o prelado perplexo desabafou:
- Façam do jeito que vocês quiserem. Quem consegue andar sobre as águas não precisa escolher palavras para falar com Deus.
É aquilo que Jesus disse, numa prece enternecida:
- "Graças te dou, ó Pai, Senhor dos Céus e da Terra, porque ocultaste estas coisas dos sábios e entendidos e as revelaste aos pequeninos".
Mateus, 11 v 25. Palavras de Jesus.
Os milagres sempre ocorreram no âmbito de todas as religiões, ou independente delas, porque Deus não é propriedade de ninguém.
Líderes ignorantes podem alegar - É na minha igreja que o Todo Poderoso se encontra. Ninguém caia nessa!
Lembremos as palavras do apóstolo Paulo:
- "O Deus que fez o mundo e tudo o que nele existe não habita em santuários feitos por mãos humanas".
Atos, 17 v 24.
Tão grande tem sido a sede de sobressair, que alguns que se dizem obedientes à Bíblia, desprezam recomendações fundamentais.
O que eu posso garantir é que Deus se encontra no íntimo de pessoas humildes, como este trio da estória que contamos há pouco.
- Mas, Getúlio, reclama o Zé Mané: Dia destes, você disse que Deus está em todos. E agora você limita sua presença entre os humildes?
- Eu continuo dizendo que Deus é parte integrante de todos nós, sem exceção, seu Zé. É tudo uma questão de consciência, conforme as palavras de Jesus, que nós citamos há pouco: "Ocultastes estas coisas dos sábios e as revelaste aos pequeninos".
Os humildes tem consciência de Deus em seus corações.
Os sábios e entendidos, apesar do Senhor nunca ter se ausentado, falta-lhes consciência para sentir este Deus presente.
Vejam que o Pai Celestial conserva ocultas estas coisas no que concerne aos orgulhosos.
Daqui umas três ou quatro reencarnações, o sujeito vai adquirir humildade e descobrirá que Deus sempre esteve dentro dele, desde sempre.
As palavras de Jesus esclarecem tudo:
"Eis que estou à porta e bato. Se alguém ouvir minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa, e cearei com ele e ele Comigo".
Apocalipse, 4 v 20.
Ele está sempre batendo na porta de todos os seus filhos para realizar a autêntica Ceia do Senhor, mas os ouvidos de pessoas orgulhosas não escutam.
Simplesmente está faltando consciência da presença do Cristo, da parte dos que se julgam "sábios e entendidos".
Isto, entretanto, é algo entre o Pai Celestial e os seus filhos, pertençam eles a qualquer uma das religiões do mundo.
A propósito desta interação entre homem e Deus, eu focalizarei agora uma história de fé e também de milagres.
Viajando ao encontro do pai, internado na UTEI, Roberto Calcagni relembrava histórias da família.
Fora difícil para o menino de nove anos, sem falar inglês, se ajustar naquela cidade de Yungstown, convivendo com estranhos, na escola e nas ruas.
As circunstâncias o forçaram a conversar o menos possível.
- Mesmo depois de casado e com filhos era com dificuldade que papai exprimia seus sentimentos, recordava Roberto.
Mas ele sempre trabalhou duramente para nos manter com dignidade.
Era sua forma de mostrar amor pelos familiares.
Minha mãe era da família Leone - sete irmãos e irmãs - todos casados.
Meu pai foi adotado incondicionalmente pela família de mamãe.
Roberto Calcagni foi direto para o hospital, e ficou alegre por verificar que a família inteira rodeava o enfermo.
Na sala de espera, ele ficou ao lado do primo Ray Leone.
Dizia-se que algo acontecera com Ray, na guerra, mas ele nunca tocava no assunto, fugindo sempre quando era compelido a abordá-lo.
Ray, com notória satisfação, depressa mostrou ao primo o rosário novo que ganhara do filho.
Seis horas depois do início da cirurgia, um médico trouxe notícias.
Não tinham conseguido tirar o enfermo do aparelho de respiração, e os médicos estavam preocupados.
Pelo entendimento de Roberto, a mensagem dos médicos ficou clara: Preparem-se para o pior.
Todos tinham lágrimas bailando nos olhos, lamentando a perda daquele bom homem.
Roberto Calcagni pediu ao primo que rezasse um terço.
Quando Ray retirou o rosário da caixinha nova, uma etiqueta saltou para o chão e Roberto a guardou, enquanto rezava, acompanhando o primo:
"Pai Nosso que estais nos Céus"...
Depois de concluídas as orações, Roberto se aproximou da sala de cirurgia, para ficar mais perto do pai, nos seus últimos momentos.
O primo Ray se aproximou, e lhe disse:
- Eu resolvi quebrar, hoje, aquele segredo ainda dos tempos da guerra. Você vai ser o primeiro a conhecê-lo.
Ray Leone recuou no tempo a um dia de janeiro de 1944.
O 5º Exército caminhava com dificuldade, em direção a Roma, quando foi detido na Linha Gustav por uma poderosa fortificação alemã, em Monte Cassino.
Utilizando artilharia pesada, assentada num mosteiro do VI Século, o inimigo despejava fogo sobre as tropas encurraladas.
Os alemães miravam sobre eles de cima, e se encontravam protegidos pela montanha.
Aquela porção do 5º Exército, sob a mira de atiradores quase invisíveis, se encontrava à mercê de granadas de 88 milímetros.
Elas explodiam cada vez mais perto.
O cabo Ray Leone, que pouco antes não passava de um estudante de secundário, apertava, com força, o rosário, rezando em voz alta.
Ele ouvia o pipocar da artilharia, misturado com o grito dos feridos e agonizantes.
- Socorra-nos, Senhor, gritava Ray Leone, com o rosto encostado na lama. Nada mais nos resta senão a Tua Proteção.
Uma granada caiu ao lado dele, silvando, mas não explodiu.
Alguém gritou, desafiando as forças encasteladas na montanha: Esta granada foi fabricada na Tchecoslováquia, com certeza.
Muitas outras granadas desceram, chiaram nervosas, mas não explodiram e o grupo inteiro bradava histérico:
- Fabricada na Tchecoslováquia. Fabricada na Tchecoslováquia!
Ray ouviu sua própria voz pronunciar a frase que se confundia com o milagre: Fabricada na Tchecoslováquia.
"Fabricada na Tchecoslováquia" tornou-se uma espécie de configuração da prece atendida pelo Senhor.
Aquela frase repetida, em todos os cantos, se transformou num cântico de louvor, num desabafo de reconhecimento a Deus, numa apoteose de vitória.
Neste embalo de fé estribada num milagre real, Ray Leone fez a confidência que explicava o silêncio de tantos anos:
- Eu nunca quis contar este prodígio em respeito aos que morreram, meu caro primo. Homens melhores se foram, e eu criei uma família e ainda estou aqui. Minha consciência me fez calar em respeito a eles. Reparto, hoje, este meu passado com você, para animá-lo a esperar outro milagre esta tarde.
Quando Ray e Roberto adentraram a sala de cirurgia, todos sorriam.
- Seu pai aguentou, lhe disse o médico: Só nos resta, agora, enfrentar as crises da recuperação.
- Ele vai ficar bom, disse Roberto, demonstrando absoluta confiança.
Quando Roberto devolveu a etiqueta que caíra da caixinha do rosário de Ray, que ele guardara, os dois ficaram profundamente emocionados.
Estava escrito na etiqueta: Fabricado na Tchecoslováquia, mostrando a presença de um Deus maravilhoso e surpreendente.
Naquele momento, ali, mais uma vez se configurava uma verdade fundamental:
As forças Divinas usam os precários instrumentos, as mentes e os corações para atender súplicas e lamentos, em todos os quadrantes da Terra.
Louvado seja Deus.