Data: quarta-feira, 9 de julho de 2014
Nestas minhas peregrinações pela vida, uma coisa eu aprendi: ninguém está vacinado contra os percalços do cotidiano.
Pra me contrariar, alguém me disse, dia destes:
- Getúlio, você não deve estar agradando a Deus. Esta cirurgia feita no seu olho direito é advertência. Alguma coisa se encontra errada, uma vez que a sua visão é imprescindível para o seu trabalho.
Pensei bastante no assunto, e deduzi que o crítico tem razões para pensar assim, uma vez que se multiplicam pregadores que propagam somente vitórias.
Estamos caminhando para formação de dois grupos:
De um lado os vitoriosos, os prósperos, os que não sofrem dores, todos eles beneficiados pela unção fornecida por determinadas religiões.
De outro lado, os que não rezam pelas cartilhas tradicionais e que sofrem eventual abandono da parte de Deus.
Este meu crítico me incluiu neste último grupo.
Se Deus permitiu problema nos olhos que são importantes para realização das minhas tarefas, isto demonstrou avaliação negativa de parte do Altíssimo.
Esta opinião é consequência de uma filosofia paternalista corporificada em grande parte do cristianismo.
Pregadores se atrevem a dizer que o cristão deve exigir condições perfeitas em todos os seus empreendimentos.
Estão tentando transformar Deus e o seu Cristo em provedores de regalias e alguns chegam a "determinar" a forma de solucionar os problemas.
Eles se nomeiam mandantes e o Altíssimo se obriga obedecer.
Dia destes, escutei narrativa de "milagre", em horário adquirido de uma rede de Televisão.
O beneficiado contou que se encontrava inadimplente, com ficha suja no serviço de proteção ao crédito.
Ele pediu e Deus fez desaparecer sua ficha, possibilitando a continuidade de operações como freguês desonesto.
Este "milagre" transforma Deus num "quebrador de galhos", favorecendo devedores inadimplentes.
Atribuir tarefa de babá de malandros, ao Pai Celestial, seria, no mínimo, desmerecer os dois lados:
- Deus, porque Ele tem coisas mais importantes com que se ocupar e o beneficiado pela perda de oportunidade de adquirir vergonha na cara,
Eu fico surpreso, quando vejo alguém pregando Bíblia, espalhando o boato que tudo está cor de rosa.
- Vitórias, vitórias e mais vitórias é estribilho de pregadores que laboram neste lado fácil de um Deus comprometido.
Não existe a menor base para concordarmos com esta enganosa promessa de que somente vitórias sejam destinadas aos aprendizes.
No planeta em que vivemos tais privilégios são incompatíveis.
Quem promete tais imunidades contradiz a Bíblia que prega.
Todos conhecem Paulo.
Pois é exatamente Paulo que colocamos como exemplo de uma vida repleta de percalços.
Não contaremos uma história.
Repetiremos o que ele mesmo escreveu em carta aos Coríntios:
"Cinco vezes recebi dos judeus uma quarentena de açoites, menos um. Fui três vezes fustigado com varas, uma vez apedrejado, enfrentei naufrágios, permanecendo uma noite e um dia na voragem do mar.Perigos de rios, de salteadores, de ameaças de patrícios e de gentios, no deserto e nas cidades, e até de falsos irmãos. Em constante trabalho e fadiga, em fome e sede, em jejuns, desnudado e com frio".
II Coríntios, 11 vv 24 a 27. Palavras do apóstolo Paulo.
E ele deixa evidente a sua posição: O que revela, na carta aos Coríntios, não são queixas.
Eu acho que o Apóstolo previu o que aconteceria no século 21 e estava municiando nossa geração para enfrentar os arautos de falsas mordomias.
"Em tudo somos atribulados", escreveu Paulo, "porém não angustiados, perplexos, mas não desanimados. Perseguidos, todavia não desamparados. Abatidos, sim, mas nunca destruídos".
II Coríntios, 4 vv 8 e 9. Palavras do apóstolo Paulo.
Por uma série de razões, Deus pode reforçar nossa fé através da dor.
Isto não significa que Ele esteja contra nós, quando nos pune com exacerbada intensidade.
O Todo Poderoso conhece as profundezas das criaturas que nasceram de suas mãos.
Ele sabe que uma continuada experiência sem percalços amolece o caráter e retarda o progresso espiritual.
Se Ele permite que as provações penetrem fundo na escultura do homem, isto sinaliza o anseio Divino de perfeição.
Cada provação será estrela brilhando na fronte do aprendiz.
Ninguém, absolutamente ninguém, crescerá no conhecimento de Deus, sem provar desta taça.
O profeta Zacarias escreveu sobre isto, com todas as letras:
"Em toda a Terra, diz o Senhor, dois terços dela serão eliminados, e perecerão, mas a terceira parte viverá nela".
Nesta altura nos cabe explicar o que Jeová reservou para esta Terceira parte que ficará no paraíso de uma Terra promovida.
- Ora só podem ser vitórias, diz o Crispim dos Anjos, influenciado pela pregação cor de rosa dos proprietários de igrejas.
- Pois não será isto, seu Crispim. A Bíblia ensina completamente o oposto daquilo que prometem pregadores equivocados.
O texto fala por si mesmo, sem qualquer obscuridade:
"Farei passar esta terceira parte pelo fogo e a purificarei como a prata, e a provarei como se prova ouro. Ela invocará meu Nome, e Eu a ouvirei. E direi: É meu povo. E ela responderá em seguida: O Senhor é meu Deus".
Zacarias, 13 vv 8 e 9. Palavras de Jeová.
Para entendermos o método de purificação prometido por Jeová, teremos que saber como se purificam prata e ouro?
Procurem conhecer a maneira da purificação do ouro e da prata, e vocês entenderão o que o profeta Zacarias profetizou.
O texto diz com clareza: "Farei passar esta terceira parte pelo fogo".
Fogo é símbolo de sofrimento, na Bíblia.
O fogo - isto é o sofrimento - eis o verdadeiro Batismo.
Jesus já fora batizado por João, quando falou do seu Batismo futuro:
"Tenho, porém, um batismo com o qual serei batizado, e é grande a minha expectativa de que ele se cumpra".
Lucas, 12 v 50. Palavras de Jesus.
"Deixa por enquanto" - foram as palavras ditas pelo Mestre para João Batista, quando ele se recusou batizá-lo.
Isto é mais uma evidência de que o Batismo de João era provisório.
O próprio João admite outro Batismo mais autêntico e mais legítimo do que o seu:
"Ele" - Jesus - "vos batizará com fogo e com o Espírito Santo".
Mateus, 3 v 11 - palavras de João Batista.
Jesus não só esperava novo Batismo, mas também deixava claro o conteúdo e o efeito do Batismo verdadeiro:
- "Não sabeis o que pedis, disse o Mestre aos filhos de Salomé: Podeis beber, comigo, no mesmo cálice e ser batizado no Batismo em que serei batizado?"
Marcos, 10 v 38 - interrogação formulada por Jesus.
Este é o tipo de Batismo autêntico: O fogo das provas.
Este fogo que surgiu no alto do Calvário é a única maneira de expressar a nossa condição de Filhos de Deus.
Ninguém passa de ano, ninguém cresce, ninguém vai morar nesta "nova Terra e novos Céus" sem ser alcançado pelo fogo das provas redentoras.
Assim como Jesus viu-se elevado na cruz, ninguém alcançará triunfo fugindo das provações.
Ele próprio disse aos discípulos:
"Se alguém deseja me seguir, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e me siga".
Mateus, 16 v 24.
Uma parte do preceito determina negarmos este nosso ego do tamanho do mundo, merecedor de todas as honras, e de todas as benesses e vitórias.
Esta boca enorme querendo engolir tudo o que se julga merecedor na Terra e nos Céus.
Eu escutei um pregador gritando:
- Eu tenho certeza que vou para o Céu. O pobrezinho esqueceu o preceito da negação de si mesmo.
Ele deveria saber que "negar-se a si mesmo" é o grande Mandamento de Jesus.
Mas ele continua determinado a não descer do pedestal.
Teimosamente, ele nega as palavras do Mestre: "Se alguém quer me seguir, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e me siga".
Mateus, 16 v 24.
A cruz de Jesus, a cruz simbolizando sofrimento - é inseparável daquele que se diz cristão.
Se o Nazareno tivesse intenção de assumir nossos problemas, ele não nos conclamaria a carregar a cruz.
Ele teria dito:
- Eu já me encarreguei de carregar a cruz de todos vocês. Os débitos já foram pagos no alto do Gólgota.
Velho e Novo Testamento se une para apontar a mesma coisa:
Repetimos as palavras recebidas pela mediunidade do profeta Zacarias:
- "Farei passar esta terceira parte pelo fogo".
Zacarias, 13 v 9. Promessa de Jeová.
Esta terceira parte, meus caros, será representada pelas ovelhas que ficarão do lado direito do Cristo Juiz.
Elas habitarão a "Nova Terra" depois de suportarem, com paciência, o fogo das provas.
Ninguém se iluda com esta pregação cor de rosa, que promete paraíso antecipado.
Aquela Terra que "mana leite e mel" vai se tornar realidade, após o Juízo Final, quando a violência for abolida por Deus.
Quando os mansos herdarem a Terra, na solene promessa do Sermão da Montanha, ninguém mais sofrerá ameaças de balas perdidas.
Nem de assaltos nem de agressões covardes.
É promessa de Jeová:
"Ninguém terá filhos para a calamidade porque eles constituirão a posteridade bendita do Senhor, e os seus filhos estarão sempre com eles".
Isaias, 65 v 23.
O mundo será outro, e a paz vai serenar os corações.
E todos poderão caminhar sem medo.
- Meus caros, ninguém se iluda: Eu estou falando do futuro maravilhoso de após Juízo Final.
Eu não me refiro a este mundo de expiação e provas.
Garantia cem por cento de vida harmoniosa, somente depois da separação dos bodes e das ovelhas, que será feita pelo Cristo Juiz.
Ninguém se coloque em quarentena, entretanto, emitindo desculpas, porque elas não serão válidas diante do Cristo Juiz.
Nunca esqueçamos que o pecado da omissão também é imputável.
- Será melhor não fazer nada, e deixar que a poeira assente, diz o Norberto Arruda.
Encostado no barranco, em posição defensiva, ele pretende escapar do julgamento.
- Vou me isolar no meu canto, até a chegada do novo ciclo, para evitar surpresas. Não vale a pena se arriscar.
Quanto mais nos aproximamos do Julgamento, ao contrário do que diz o Norberto, melhor será interagir.
Está sendo decidida a nossa permanência no mesmo planeta, em novo degrau de evolução.
A escolha é decisiva, portanto.
E nós faremos o quê? Pergunta o Norberto Arruda, aflito.
Jesus deu a receita única, fechando todas as demais expectativas: "Tive fome e me destes de comer".
O certo será viver, com espírito fraterno, a experiência do dia a dia, procurando tornar-se cada vez mais solidário.
Objetos singelos podem desenhar lições imperecíveis, quando Nosso Rabi descer dos Céus ao encontro do povo.
O Evangelho é um relicário de exemplos que nunca se esgotam, trazendo alento e coragem.
O Evangelho é um farol aceso, iluminando nossas vidas. Ele faz crescer a capacidade de suportar as provações.
Gordon Green escreveu sobre sua família.
O Evangelho nos ofereceu exemplos de privações aceitas por gente corajosa e de caráter.
Logo que tomamos conhecimento desta história imediatamente a destacamos para divulgá-la, como suporte, em nosso tema de hoje.
As primeiras palavras de Gordon Green avivaram recordações de uma cerimônia tradicional:
- De todos os dias de ação de graças que eu passei, disse Gordon, o mais marcante foi aquele considerado vazio de bênçãos.
Nossa família estava no fundo do poço e a perplexidade parecia desafiar nossa capacidade de acreditar.
- Agradecer o quê? Era o questionamento amargo que o primogênito dentre os irmãos acalentava.
Eu era menino que nasceu numa região gelada do Canadá, em tempos em que a eletricidade ainda não chegara aos campos.
Talvez eu não devesse falar nestas coisas para evitar que meu pai, com setenta e quatro anos, ficasse constrangido.
Nesta altura, o filho se volta para o pai, e lhe diz:
- Talvez você se envergonhe dos celeiros arruinados, do projeto de aumento da casa sempre esquecido, do chão de tábuas cheio de cupins. Talvez você não suporte a fumaceira espalhada pelo velho fogão de lenha. Permita que eu lhe diga, que tudo isto perde importância, quando colocamos no outro lado da balança a integridade do seu caráter, meu pai.
A voz de alguém mais jovem de repente se ouve, desabafando com a mesma sinceridade:
- Será irrelevante lembrarmos, depõe o filho mais moço, daqueles ventos que traziam frio de 18 graus abaixo de zero, entrando pelas frestas do nosso quarto. E nós ficávamos enregelados. Jamais esqueceremos, porém, da preocupação de papai, esquentando nossas roupas no cano do fogão a lenha.
- Será bom que você saiba papai, que, se eventualmente escutou alguma das nossas queixas, elas não passaram de manifestações impensadas.
Foi sempre gratificante integrarmos a sua família.
Percalços nunca representaram derrotas diante desta coletiva irradiação de força e coragem.
Nos tempos das vacas gordas ou magras, naquela família, o Dia de Ação de Graças sempre foi festejado alegremente.
Era o marco que ensejava inventário de todas as propriedades.
Contávamos as barricas de maças, de cenouras e beterrabas, acondicionadas em areia.
As batatas, o milho e as vagens, de venda imediata e garantida, para compradores já catalogados.
As geleias e conservas que faziam vergar as prateleiras.
Papai exigia que contássemos tudo, com meticuloso cuidado.
As toneladas de feno eram calculadas nas tulhas e os alqueires de grãos no silo.
Contávamos as galinhas, os gansos e os perus.
Era a melhor maneira encontrada pelo agricultor para materializar o tamanho da sua gratidão.
Mas representava também incentivo daquele pai para que os seus filhos aprendessem a agradecer as bênçãos do Alto.
Era maneira visível de lhes ensinar que os esforços sempre serão recompensados.
Que o trabalho árduo se materializa em fartura.
Que ninguém deve se omitir no confronto com problemas por mais difíceis que sejam.
A família inteira rendia graças, porque a família inteira se esforçara para merecer a proteção divina.
Aquele foi também o ano em que chegou a eletricidade.
Mas não foi possível aproveitá-la, porque os postes até a usina tinham que ser feitos pelos proprietários.
Não havia dinheiro para tamanha despesa.
Os vizinhos deram festas para exibir aposentos iluminados e o ferro de passar que já não precisava de brasas.
Papai viu mamãe se demorar diante da máquina de lavar roupas, e uma enorme compaixão se estampou no seu rosto envelhecido.
- Bastaria ligar a luz, disse ela, porém. Eu já me daria por satisfeita vendo a casa iluminada.
Não havia dinheiro suficiente, mas havia vontade.
- Papai saiu da festa do vizinho com cabeça feita e propósito firme, disse Gordon Green.
Foi à floresta, no dia seguinte, e não descansou enquanto não terminou de fazer os postes necessários.
Finalmente, a nossa velha casa viu-se iluminada de lâmpadas elétricas.
Os lampiões foram levados para o sótão.
Mas aquele tinha sido o último luxo daquele ano.
Sorrateiramente, as dificuldades chegaram.
As reservas de feno e sementes foram sendo solapadas.
Os leitõezinhos de outras ninhadas tiveram que ser vendidos.
Quando irromperam as primeiras hastes das aveias, as chuvas chegaram, e a colheita foi perdida, por completo.
A enxurrada forte não deixou simples broto.
Nova semeadura foi realizada em setembro, mas as chuvas voltaram e completaram a desolação.
Naquele outono, papai vendeu vacas e porcos, além de outros animais menores.
O preço da venda era de cortar o coração de tão baixo.
A oferta dos colonos em crise era maior que a procura.
Todos se desfaziam dos seus patrimônios para sobreviver.
A colheita se reduziu a porções de nabos, que resistiram ao aguaceiro.
- Nada mais que isto, me disse papai, escondendo as lágrimas.
Quando chegou o dia de ação de graças nos encontrávamos zerados.
- Acho bom esquecermos o dia de Ação de Graças, disse mamãe. Não temos nenhum ganso para o almoço festivo.
Na manhã do grande dia, porém, papai entrou na cozinha, carregando uma lebre.
Percebendo ausência de qualquer entusiasmo, papai disse:
- Ainda nos resta um pedaço pequeno de porco, para preparar junto com a lebre. A carne da lebre vai ficar mais saborosa. Tenho certeza que teremos um jantar esplêndido.
Gordon Green confessa que, a despeito de todo o empenho do pai, ele se encontrava infeliz.
Sua reação foi típica de adolescente aborrecido:
- Isto parece carne de cavalo velho, pai. Eu não quero nem me aproximar da mesa. Lebre com nabos, Deus que me livre.
Mamãe prorrompeu em pranto, deixando escapar soluços que mostravam enorme desgosto.
Neste instante, papai fez algo extraordinário.
Foi ao sótão e desceu com o lampião de querosene.
Apagou as luzes da sala e acendeu o velho candeeiro que nos servira, durante tantos anos.
Quando imersos naquela luz, todos nós ficamos desenxabidos e confusos.
Como foi possível viver tanto tempo iluminados de forma tão precária, por aquele lampião mal cheiroso?
Papai se ergueu, como se fosse o Sumo Sacerdote no templo, e as suas palavras foram repassadas de unção e de sincero agradecimento:
- Todos os anos, esta família se reúne em torno desta mesa para agradecer os bons e os maus momentos. Hoje, a nossa gratidão é pela superior qualidade da luz que a vossa misericórdia nos permitiu receber. Obrigado, Senhor, pela constância da vossa proteção, uma vez que em toda minha vida jamais passei ano sem motivos para vos agradecer e adorar.
O rosto do Velho brilhava na semiescuridão do lampião de querosene.
Em torno dele, todos se mantiveram silenciosos, recebendo os eflúvios benéficos do seu exemplo maravilhoso.
Mamãe atravessou a sala, e, enternecida, e em transe, abraçou o companheiro com quem partilhara tantas alegrias e tantas dores.
Não obstante a pouca luz do fraco candeeiro, começamos a ver tudo com clareza, escreveu Gordon Green.
A ceia terminou satisfatória, mais parecendo banquete.
A carne da lebre adquiriu sabor de peru, e os nabos derretiam na boca de tão gostosos e agradáveis ao paladar.
O milagre da presença de Deus se concretizara, de maneira plena, completa e definitiva.
Todos entenderam a lição daquele velho sábio.
Ainda hoje, agradecemos papai por aquele memorável dia de ação de graças, que foi verdadeiro marco em nossa família.
Este é o tipo de cristianismo que deveria ser enfatizado, na pregação nossa de cada dia.
Quando esquecemos preciosas dádivas, e nem mesmo sabemos o que agradecer, valeria que alguém trouxesse de volta o velho lampião.
Ainda hoje não aprendemos a valorizar a bênção da luz elétrica.
De janeiro a dezembro, em todos os anos, Nosso Deus tem sido pródigo com benesses que recebemos quase automaticamente.
Poucos registram as renovadas provas de amor do Pai.
Na hora da ação de graças, somente carências são lembradas, e a saúde é esquecida, e o alimento nem foi percebido, e não lembramos a união da família.
Os nossos anjos da guarda são figuras ausentes, só lembrados na quadra infantil, e muitos até duvidam da existência deles.
Está na hora de alguém trazer do depósito o velho lampião que foi substituído pela lâmpada de Edison.
A hora é chegada de criarmos vergonha na cara, meus amigos, para compreendermos que o Pai Celestial nada nos deve. Nós é que somos devedores.
Tudo o que nos alcança é fruto da misericórdia do coração compadecido daquele que nos criou.
Louvado seja Deus.