Mentira é Disfarce Perigoso

Data: terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

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No livro de Daniel, encontramos experiência escabrosa.

Susana, filha de Elcias, esposa de Joaquim, foi banhar-se na piscina, porque fazia bastante calor.

Escondidos, dois velhos espreitavam a mulher, entregues aos paroxismos de um desejo incontrolável.

Quando as servas de Susana fecharam os portões e se afastaram, os penetras avançaram sobre ela.

- Ou permite que tenhamos relações contigo ou diremos que encontramos um jovem na tua companhia.

No mesmo instante, Susana lhes disse:

- "Mais vale sofrer consequências sem procedimento maldoso do que pecar na presença do Senhor".

Daniel, 13 v 23.

Pela porta lateral, chegaram parentes e servos, depois de ouvir-lhe os gritos.

Neste ponto começou o trabalho dos caluniadores.

A trama inventada era de que Susana se relacionara com rapaz desconhecido, que fugira em seguida.

A palavra de uma pessoa idosa tinha peso dobrado entre judeus.

O testemunho de dois velhos era inquestionável.

Susana foi condenada à morte.

Mas Susana fez uma coisa que assustou os malfeitores.

Susana clamou ao Senhor dos Céus:

- "(...) vou morrer sem ter praticado nada do que inventaram contra mim".

Daniel, 13, v 43.

No caminho da execução, Jeová suscitou o Espírito Santo de um rapaz chamado Daniel.

"Eu sou inocente do sangue desta mulher", ele disse.

E censurou os demais pela condenação apressada, sem a menor prova.

E o próprio Daniel se propôs a examinar o assunto.

"Separai um do outro" ordenou Daniel e a verdade surgirá.

Daniel chamou um dos velhos, e perguntou:

- Debaixo de que árvore aquela mulher manteve relações com o desconhecido?

- À sombra de um lentisco, eu os flagrei, respondeu o ancião.

O outro acusador foi trazido a Daniel, para responder à mesma pergunta:

- Eu os vi debaixo de um carvalho, esclareceu ele.

A contradição apontou a falsidade.

O estratagema dera resultado: a mentira dos velhos tornara-se evidente.

Era tanta confiança na impunidade, que os comparsas não combinaram detalhes.

"Todo o povo bendisse a Deus, que salva os que confiam nele. E os dois velhos receberam o castigo que a falsidade deles quase ocasionara a Susana".

Daniel, 13 vv.60 e 61.

Nos meus tempos de criança, meus conterrâneos ainda acreditavam nesta lenda de Satanás.

Catequistas ensinavam, e as crianças se tornavam divulgadoras desta figura .

Talvez por esta razão, eu conserve, na memória, a seguinte frase:

- "O Diabo ensina a fazer, mas não ensina esconder".

Se nos permitissem mudar uma palavrinha, nós até concordaríamos com a frase dos nossos antepassados.

Ao invés de "o Diabo ensina a fazer" - mudaríamos o escrito para "o Tentador ensina a fazer".

Para nós o maligno é o espírito de alguém que viveu entre nós, na Terra, e morreu sem aprender as lições do amor.

Este tentadores, quando desencarnados, se tornam ainda mais perigosos.

Foram estes tipos que incendiaram o desejo dos velhotes do Livro de Daniel, mas esqueceram de dar-lhes a fórmula de salvar a pele.

Eles nem combinaram a árvore para legitimar a mentira.

O Tentador fez tudo para lançá-los na aventura perigosa, mas nada produziu para afastar as evidências do crime.

O egoísmo é a porta de entrada para os espíritos do astral inferior.

Eles sugerem cenas eróticas para influenciar a imaginação dos encarnados.

São estas sugestões que muitas vezes terminam no estupro.

O ser humano perde o controle da consciência e "viaja na maionese".

O ser humano age sob as ordens do espírito maldoso, e as consequências se tornam imprevisíveis.

Os espíritos tentadores aproveitam para tirar casquinha dos vícios e paixões dos encarnados.

Quando o sexo se torna promíscuo, o tentador age como vampiro, aproveitando a essência das sensações.

Ele bebe no mesmo cálice a evaporação da bebida forte.

Ele se aproveita das sensações que desencadeia, sorvendo a força inteirinha da sensualidade.

Percebam o chamamento e atração destas profundezas abismais:

A entidade inferior pode instalar-se no aconchego dos amantes, e participar do jogo libidinoso.

É por esta razão que o apóstolo Pedro escreveu:

"O maligno, vosso adversário, anda em círculos, rugindo como leão, procurando alguém para devorar".

I Pedro, 5 v 8.

- O empenho da perseguição se justifica, pois o tentador leva em conta os deleites que a vítima lhe proporcionará.

O leão é um predador e o maligno também é predador, conforme as palavras do apóstolo Pedro.

As razões da tentação forma sentido coerente.

Na Carta aos Coríntios, o apóstolo Paulo aponta um caso escabroso de sedução acontecido dentro da Igreja de Corinto.

"Um de vós vive com a mulher do próprio pai".

I Coríntios, 5 v 1.

Alguém inscrito na comunidade dividia cama com a mulher do seu pai.

Percebam: não inventei este fato.

É a Bíblia que aponta o tarado.

"Tal desregramento não ocorre nem mesmo entre pagãos" é o desabafo de Paulo, em I Coríntios, 5 v 1.

"Seja o dito homem entregue a Satanás", é a sentença de Paulo, "para destruição da carne, a fim de que o espírito seja salvo no Dia do Senhor".

I Coríntios, 5 v 5.

Entregar a Satanás para que o espírito seja salvo?

Se alguém se refere ao Satanás inventado pela Teologia, eu fico ainda mais perplexo.

A matéria é tão complicada que os pregadores evitam abordá-la.

Existem trechos na Bíblia que muita gente gostaria de passar a borracha, e eliminá-los.

Muitas passagens são extremamente perturbadoras.

De certa forma, este Satanás que o texto revela funcionaria como empresa terceirizada destinada a salvar pecadores.

Alguém de vocês acredita que Jesus necessite dos préstimos do chamado "deus do Inferno" para salvar alguém?

Admitir tal coisa, pela "letra" é completa insanidade.

O que Paulo quis dizer é o seguinte:

Aquele que seduz esposa do próprio pai esta no fundo do poço.

Em matéria de ser humano encontra-se entre os piores.

Até mesmo doutriná-lo representaria perder tempo.

Tem cabimento aqui aquela frase de Jesus: "Não deveis dar pérolas aos porcos".

Será melhor entregá-lo aos seus desvarios.

E foi o que o apóstolo Paulo fez.

Petrificado numa determinada faixa de consciência, o raciocínio do perverso se torna inatingível.

Este grau de perversidade confirma nossa tese de sempre: Satanás é o próprio ser humano.

Este rapaz de Corinto era exemplo típico.

Só restava entregá-lo aos seus desvarios para que sofresse os estragos do mau caráter.

Então, o mal estar de alcançar o fundo do poço o forçaria refletir sobre a enormidade do seu crime.

É mais um argumento para não acreditarmos no Satanás Teológico.

Deus não iria entregar um dos seus filhos à tutela da escória infernal.

Mesmo porque o inimigo não teria nem poder nem vontade de salvá-lo.

Vejam que o pai do Filho Pródigo não discutiu.

- Aqui tens o dinheiro da herança, disse o pai.

E desligou totalmente o herdeiro de qualquer vínculo com a casa paterna.

Entregar o prevaricador aos desvarios da mente desmiolada é a única maneira de iniciar o processo de retorno à vida.

Ele vai, mas ele volta como cachorrinho de rabo entre as pernas.

É a lei do progresso.

Não existem atalhos.

O Filho Pródigo terminou a aventura da maneira que todos conhecem: Comendo a forragem dos porcos.

Foi quando despertou para "mentira" da sua vida e a "verdade" da casa paterna.

Nós temos a mente superior e também a mente inferior.

Inferno e Céu convivem dentro de nós.

O Sol do meio do dia fará que esqueçamos a claridade da Estrela D'Alva.

A primeira inteligência é a luz matutina.

A segunda inteligência é o Sol a Pino.

No meio destes dois estágios encontra-se Lúcifer, porta luz, a indecisão entre dois caminhos.

O Caminho da Redenção pelo amor do Cristo Interno.

Ou a entrega consciente nos braços do egoísmo, que é Lúcifer.

Nesta última condição, a mentira de uma vida separada de Deus dificultará o retorno do espírito ao verdadeiro ninho.

É nesta altura que será necessária a "ração dos porcos".

A ração dos porcos no que concerne ao moço de Corinto é o desligamento dele da graça e da misericórdia de Deus.

O apóstolo Paulo agiu corretamente, portanto.

Quem não se orienta pela Verdade de Deus obrigatoriamente se perde na mentira dos seus apetites.

Percebam que o Apóstolo fala na "destruição do corpo".

Um elefante que se afasta do grupo está sujeito a sucumbir nas mãos de predadores múltiplos.

Quando ficamos entregues a nós mesmos, arriscamos o assédio de obsessores implacáveis.

Nesta palestra nós já apontamos vampiros do astral que partilham sensualidade com encarnados.

Estas entidades do umbral incendiaram a imaginação daqueles dois velhinhos descritos no Livro de Daniel.

Eles se entregaram ao domínio dos vampiros.

As consequências vocês conhecem porque está na Bíblia.

Este personagem citado por Paulo palmilhou o mesmo caminho.

As sugestões dos abutres do astral foram aceitas, na medida em que ele seduziu a esposa do pai.

Quanto mais orgia, maior é a presença dos vampiros.

A essência do álcool é sugada pelos espíritos inferiores, e a farra fica completa.

Uma curiosidade: eles tragam a própria fumaça dos cigarros.

Drogas químicas também são partilhadas.

Existe interesse, portanto, em que você seja um viciado.

Espíritos inferiores dominam encarnados distraídos.

É por esta razão que a intensidade do vício vai crescendo.

O bêbado em pouco tempo estará caindo pelas tabelas, porque se obriga a fornecer quota ao vampiro. E o vampiro é insaciável.

O que fez Paulo?

Simplesmente entregou o prevaricador aos seus obsessores. .

O corpo físico, todavia, não é de ferro.

O declínio se consolida com rapidez.

Em pouco tempo a criatura é um trapo.

Com as doenças, a vítima reflete e o processo de retorno às origens se consolida.

No fundo do poço, o entendimento se alarga, e o ser humano enxerga a realidade.

Por isso Paulo apostou em que aquele perverso de Corinto seria salvo no dia do Juízo Final.

Ele adquiriu, pelo sofrimento, todas as condições de alcançar o prêmio.

Nós temos dito e repetido que todos os espíritos serão salvos pelo Cristo Interno.

O elemento espiritual e divino, em nós, acabará prevalecendo.

Pelo texto, chegamos à conclusão que a opinião de Paulo coincide com a nossa.

Embora esta criatura esteja no fundo do poço, o Apóstolo profetiza: "(...) a fim de que o seu espírito seja salvo no dia do Senhor".

A aposta de Paulo é aquilo que repetimos sempre: todos serão salvos, no devido tempo.

Se não for neste Juízo Final, existirão outros julgamentos, na esteira infinita dos milênios.

O Pai das Alturas é insistente na sua misericórdia.

O Criador projetou trilhões de moradas em seu Universo, e todos terão espaço para aprender.

Aqui nós recomendamos uma pausa para meditação.

Existe algo em comum entre os dois velhos perversos do Livro de Daniel e este moço de Corinto que seduziu a esposa do pai.

Lá e cá nós encontramos a mentira num espaço religioso.

Os anciãos sempre tiveram voz de comando na Sinagoga, tanto que os dois velhos, por pouco, não sacrificaram Susana.

Este devasso citado por Paulo era frequentador assíduo da Igreja de Corinto.

A falsidade deles, portanto, se agrava pela hipocrisia.

O cobertor da religião tem sido utilizado como disfarce perigoso.

Por isso insistimos na precária consistência destes grupos que se julgam próximos da santidade.

Porque esta estória de "santidade" não é coisa deste ciclo.

É a própria Bíblia que os derruba do cavalo:

"Se dissermos que não temos pecados, enganamos a nós mesmos e a verdade não está em nós".

I João, 1 v 8.

Se existem líderes praticando estelionato de santificação falsa, estas palavras do apóstolo João estariam erradas.

Um pregador, certa vez, escolheu para tema do sermão a história de Ananias e Safira, que mentiram a Deus e caíram mortos, na hora.

O pregador disse, revestido de sinceridade espantosa.

- Atualmente, Deus já não faz as pessoas morrerem por mentirem. Se ainda o fizesse, onde estaria eu?

Quando os fiéis riram ligeiramente da sua corajosa confissão ele berrou uma resposta que fez eco nas paredes do templo.

- Vou dizer a todos vocês onde eu estaria? Estaria aqui mesmo, pregando para uma igreja vazia, porque todos os mentirosos da minha comunidade estariam mortos.

O desabafo deste pastor valeu pela sinceridade.

Este líder conhecia bem os seus seguidores.

Certa vez o imperador Frederico da Prússia foi inspecionar a prisão mais importante do reino.

Conversou com todos os prisioneiros.

Somente um dos presos se declarou culpado.

Todos os demais alegaram inocência.

Então, o Imperador lhes deu uma lição de mestre.

Apontando aquele único que se declarara culpado, ele ordenou ao diretor do presídio:

- Solte imediatamente este homem, para que ele não corrompa os anjos que são os outros presidiários.

O Imperador Frederico, na verdade, libertou aquele único preso que teve a coragem de não mentir.

- Por mais culpado que seja quem assume esta condição torna-se digno da liberdade, foram as palavras do imperador Frederico.

Conforme o capítulo 21 de Apocalipse, verso 8, o pecado da mentira impede o espírito de integrar a Terra Promovida.

Todos os mentirosos despencarão no Lago de Fogo.

E temos aquela do vendedor fazendo propaganda numa exposição de carros.

- Este automóvel faz vinte quilômetros por litro.

Percebendo incredulidade no rosto de prováveis compradores, o astuto comerciante explicou:

-- Nos lugares de intenso tráfego, este carro é tão econômico que anda com a fumaça dos outros.

Vá mentir assim na China, caríssimo.

O fato é que a nossa civilização está tão acostumada a mentir, que ninguém mais fica escandalizado.

Uma família encontra-se reunida no restaurante.

Depois de pagar a conta, o pai diz ao garçom:

- Embrulhe a carne que sobrou, para levarmos para o cachorrinho.

- Oba! Oba! Gritam crianças eufóricas: Papai vai comprar um cachorrinho. Papai vai comprar um cachorrinho. Que bom!

As crianças não foram alertadas e a gafe aconteceu.

O fato é que em todas as oportunidades, a mentira mostra as garras, revelando que a nossa civilização não vive sem ela.

Uma freguesa pediu frango ao açougueiro.

Na geladeira existia apenas um.

- Este é pequeno demais. Quero outro maior, disse a freguesa.

O comerciante carregou o frango, passou pela geladeira, e voltou com o mesmo.

Mas pressionou a balança e aumentou o peso: Este é maior, diz ele.

- Este é mais pesado, concordou a freguesa. Mas eu quero também o outro frango.

E o açougueiro ficou sem saber o que fazer e o que dizer: a mentira ocasiona efeitos colaterais.

Até São Pedro tem sido envolvido em situações engraçadas, nesta lenda que inventaram de que ele é o chaveiro do Céu.

Hilariantes estórias têm aparecido:

Certa vez Pedro flagrou alguém atravessando a porta sem convite.

- Parado, disse Pedro. Você foi um grande mentiroso e não pode entrar no Céu.

- Tenha dó, Pedroca. Você também foi pescador. Não lembra mais?

Todo o pescador ganhou fama de mentiroso.

E já que nós brincamos com a figura do apóstolo Pedro, será oportuno voltarmos à Bíblia.

No Livro de Isaias, encontramos algo comprometedor.

"Ouvi, pois, a palavra do Senhor, homens escarnecedores que dominais este povo que vive em Jerusalém".

Isaias, 28 v 14.

Quem domina o povo de Jerusalém? Eu pergunto.

- Os sacerdotes do templo é a resposta correta.

E Jeová continua a criticá-los.

"Porquanto, dizeis: Fizemos aliança com a morte e com o além realizamos acordo. Quando passar, o Dilúvio do Açoite não nos alcançará, porque temos a mentira por refúgio, e a falsidade por esconderijo".

Isaias, 28 v 15.

Percebam o cinismo destes sacerdotes.

É claro que eles não diriam isto "ao vivo e a cores".

Deus flagrou seus pensamentos e a Bíblia registrou.

Eles se julgavam privilegiados, com imunidades especiais, porque eram sacerdotes.

Estavam livres para mentir à vontade, na opinião deles, porque a falsidade os protegia.

Aquelas túnicas e paramentos os livravam do castigo.

Jeová, porém, não lhes deu a trégua que esperavam, dizendo: "Vossa aliança com a morte será anulada. E o vosso acordo com o além não subsistirá. Sereis esmagados pelo dilúvio do açoite".

Isaias, 28 v 18.

Aliança existiu porque foi anulada.

Anulação aponta ligações espúrias.

O castelo dos sacerdotes corruptos será destruído.

Quando? Perguntarão vocês.

Certamente quando passar o "dilúvio de açoites", por ocasião do Juízo Final.

No tempo de Jesus, eles ainda se conservavam no comando.

"Os escribas e fariseus estão sentados na cátedra de Moisés", admitiu o Mestre.

E Jesus até recomendou ao povo que os obedecesse.

"Fazei tudo o que eles vos disserem, porém não os imiteis em suas obras, porque eles ensinam, mas não praticam".

Em nome do "livre arbítrio", o Pai Celestial deixará agir o falso profeta e os sacerdotes até ao Juízo Final.

O dilúvio do açoite, naquele Dia, varrerá a mentira e a falsidade.

As palavras de Jeová são claras:

"Aquele que crê não se apresse. Farei juízo com peso e justiça com medida, e a saraiva derribará a esperança da mentira (...) e será apagado vosso acordo com a morte".

Isaias, 28 vv 16 a 18.

Depois de falarmos tanto sobre a mentira, encerraremos a exposição apontando alguém que chama a própria mãe de mentirosa.

Este alguém é o famoso Al Capp (autor da história em quadrinhos Ferdinando).

Fala-se de crianças que enganam as mães, escreveu ele.

Ao contrário, eu conheci mãe enganando os filhos: a minha mãe.

Crescemos - eu e meus irmãos - durante a crise.

Isto significava falta de sapatos, pouca comida e um teto que mal abrigava a nossa família.

Para nós foi ainda mais difícil pois papai nos abandonou.

Minha mãe conseguiu manter quatro filhos alimentados, abrigados, vestidos e frequentando escola.

Seus cabelos embranqueceram antes dos 35 anos.

Ela era alegre, mas seus olhos revelavam expressão assustada.

Nunca possuiu roupas bonitas e nunca viajou.

Depois que crescemos, ganhamos bastante, e mandávamos boa quantia para mamãe, todas as semanas.

Queríamos que seus últimos anos fossem diferentes, tranquilos, confortáveis..

Mas todos nós ficamos decepcionados com o procedimento dela.

Ela não mudou da casa velha, dizendo sentir-se bem.

Não tomou empregada: Afirmou gostar de fazer o serviço de casa.

Continuou sem comprar boas roupas.

Tanto adiou as férias, que nós desistimos de planejar.

Mas continuamos mandando para ela a mesma quantia semanal.

Quando ela morreu, vinte anos depois, achamos que poupara enorme quantia pelo reduzido espaço das suas despesas.

Descobrimos, então, assombrados, que mamãe nada deixara em matéria de poupança.

O dinheiro da mesada fora sempre gasto de imediato, logo depois que chegava.

E o mistério foi desfeito:

Através de uma organização de refugiados, mamãe providenciara a vinda de quatro órfãos de guerra da Europa, e os instalara no mesmo bairro.

Até sua morte, ela os educou, os tratou quando doentes e deu mão forte em seus problemas de adolescência.

Para dois deles ela providenciou até a festa de casamento.

Sem exceção, ela derramou sobre todos eles aquela cascata incomensurável de amor materno.

Tudo isto mamãe fez em segredo, sem conhecimento dos filhos do seu próprio sangue.

Ela sabia que seus filhos não aprovariam o sacrifício duplo.

Duas vidas de abnegação e entrega total é difícil de entender.

E o filho desta mulher extraordinária terminou o seu depoimento dizendo com lágrimas nos olhos:

Só compreendem estas coisas aquelas pessoas que conhecem mentirosas sublimes que omitem seus atos heroicos.

Louvado seja Deus.





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