Obrigado, Onofre, meu Anjo da Guarda

Data: Wednesday, September 18, 2019

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Nosso mundo está repleto de sons que não ouvimos, porque é reduzida nossa capacidade de suportá-los.


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Os ruídos mais altos e os mais baixos se perdem pelas disposições protetoras da natureza. Nossos ouvidos foram criados para registro até determinadas vibrações por segundo.

Fora disto proteção especial limita audiência.

Tal coisa alcançará maior clareza nos seguintes termos:

Se ocorresse mudança genética e passássemos a registrar ruídos inferiores a 20 vibrações por segundo, os próprios passos representariam explosões.

Pareceria exército marchando.

O pulsar do coração, estalos dos músculos e movimentos intestinais nos deixariam malucos.

Isto nos oferece percepção do quanto nosso Criador é sábio.

Dentro dos próprios corpos, possuímos margens de ação para aplicar métodos seletivos, apagando barulhos perturbadores.

A verdade é que sobram sons agressivos.





Somos obrigados a desligá-los, em benefício da saúde mental.


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Debaixo do Sol tudo se manifesta através de sons característicos.

Estes sons são espécies de quarta dimensão, que nos revelam fatos muitas vezes não registrados nem pela visão nem pelo tato.

Aquilo que os dedos não definem, impedidos pela barreira da distância, os ouvidos definem pela vibração sonora.

Habitantes de zonas urbanas, atormentados pela constante invasão de privacidade, aprendem a desligar o áudio.

Apagam o burburinho em torno deles através de mil maneiras, para se proteger da poluição que o barulho incessante poderá causar.

Como não existe lugar onde se esconder, a única fórmula será usar os recursos da mente. Aliás, o método favorece amplo aprendizado.

Vejam que no terreno dos sons, as técnicas se multiplicaram numa progressão geométrica.


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Famoso inventor chamado Edison, de fama internacional, lidou com a matéria de forma brilhante. Edison conseguiu congelamento do som, através da invenção do gravador.

A glória das descobertas, neste campo, todavia, não se restringem aos grandes cientistas, não!

Existem criaturas sensíveis que adivinham características de grupos pelo barulho. Tudo se torna mais real quando é ouvido, além de visto.

Na verdade, será bastante difícil conhecer alguém, antes de ouvir sua voz, para termos ideia completa de sua personalidade.

A entonação de voz e a maneira de falar serão imediatamente identificadas pelo sentido da audição.

O Apocalipse revela que a segunda Besta tinha dois cornos semelhantes aos do Cordeiro, mas "falava da mesma forma que o Dragão".

Apocalipse, 13 v 11.





Valerá esclarecermos que este Cordeiro citado em Apocalipse é o símbolo do Cristo.


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Ele sempre aparece como carneiro com chifres, nas gravuras.

Repetimos: Chifres significam autoridade.

Por isso a entidade maligna - chamada Besta - tentou o disfarce dos cornos, tentando enganar pela semelhança.

A Besta se disfarçou como pode, mas sua maneira de falar mostrou sua verdadeira identidade.

Não adianta a pessoa vestir-se com pele de cordeiro, com chifres de cordeiro e aparente mansidão de cordeiro.

Quando abre a boca, o disfarce desaparece..

Qualquer testemunha aponta o vilão, tão evidente a falsa identidade.

Entonação da voz revela características, por mais disfarces que usem.

Velho ditado afirma que determinadas "imagens valem por mil palavras".


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Este axioma nem sempre poderá ser levado a sério. As bem-aventuranças do Sermão da Montanha de Jesus, por exemplo, não poderiam ser entendidas sem palavras. Duvido que alguém possa transmiti-las sem áudio.

O som da voz é o sopro de Deus penetrando em nossos ouvidos, produzindo imediatos efeitos. Símbolos não proporcionariam realidade deste consolo mágico que alcançamos, meditando sobre as bem-aventuranças.

Podemos usar o sentido da visão para ler as palavras do Nosso Rabi, nas páginas da Bíblia. No entanto, jamais alcançaremos o ponto alto de enternecimento daquelas pronunciadas pelas vozes humanas.

Por isso Jesus insistiu pela pregação do Evangelho.

O som da voz potencializa o efeito das lições.

"Bem-aventurados pacificadores, porque serão chamados Filhos de Deus. Bem-aventurados os perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino dos Céus. Sereis bem-aventurados quando vos injuriarem e vos perseguirem, e mentindo, disserem todo o mal contra vós por minha causa".




"Regozijai-vos e exultai, porque será grande vosso galardão nos Céus". Mateus, 5 vv 9 a 12. Palavras de Jesus.


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Alguém será capaz de substituir a luminosidade de tais conceitos, inventando figuras para substituí-los?

Os condutos da audição adquirem revestimento espiritual, quando na busca do conhecimento Divino.

O que era murmuração sem consequências coloca dedos na alma, e os dedos do alpinista o conduzem ao pico da montanha.

Quando ouvimos palavras do Nosso Deus, nossas almas adquirem dedos que tocam e mãos que distribuem alívio e remédio.

Estes aprendem a discernir com sabedoria.

O Espírito Santo aproxima os cinco sentidos fornecendo dinâmica necessária para que realizem seus projetos.

A coesão aumenta força e coragem para alcance de resultados.

Nossos dedos das mãos têm limitado alcance.


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Os dedos da alma, todavia, unidos ao aparelho auditivo na busca dos poderes do Verbo Criador, estes visitam estrelas.

É o apóstolo Paulo quem diz:

- "Existe corpo natural e também corpo espiritual". I Coríntios, 15, 44.

Vejam que Paulo insiste: Se existe corpo perecível identificado como pó, não se concebe ausência de corpo espiritual. Os saduceus podem usar artimanhas para aponta-lo "fôlego". Sua viagem na maionese é curta, porém.

É a Bíblia quem diz: "corpo sem espírito é morto". Tiago, 2 v 26.

Nossas almas e nossos corpos estão entrelaçados, até o dia do desencarne. Por isso eu me atrevi apontar "dedos da alma". O braço gigantesco do nosso áudio poderá desbravar distâncias.

Eu pergunto: Por mais que esteja dormindo profundamente, a mãe amorosa acorda imediatamente quando filho chora.

Registrem amigos: Não estou falando de fenômeno físico. Eu me refiro ao aspecto poderoso da presença espiritual.







Quando alguém ouve seu próprio nome, mesmo em repouso, ou sonhando, acordará em seguida.


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Isto é possível porque nós somos corpo e espírito, e o espírito dispensa repouso. Quando nos faltam meios para chegar aonde queremos, a aura que nos envolve poderá se adiantar e avaliar se existem condições para avançar.

Ouvido é o mais social dentre os cinco sentidos.

O aparelho auditivo é parte prodigiosa da máquina humana.

Embora ocupe apenas 15 centímetros cúbicos, ele consegue distinguir mais de 300.000 mil variações sonoras.

Imaginemos o barulho de alfinete que cai no chão:

Baseados neste parâmetro, diremos que o ouvido suporta som trilhão de vezes mais alto. Se o ruído ultrapassar limite audição desliga.

Cauteloso dispositivo protege sanidade deste órgão insubstituível nas comunicações humanas.


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Dissemos a pouco que o ouvido é o mais social dos cinco sentidos.

E alguém poderá perguntar por quê?

Apresento apenas único exemplo para conclusiva evidência.

O feto, no ventre da madre, escuta e registra pulsações do coração da mãe semanas antes de nascer.

Os bebês são mais sensíveis ao som do que à visão, ao paladar e ao olfato. Isto explica que adormeçam ouvindo canções de ninar, anestesiados pela doçura do ritmo.

Melodias são apreciadas pelas crianças antes que nasçam.

Vejam que as primeiras palavras do bebê repetem silabas: mama, papa, dada, e assim por diante.

Estas associações de sílabas são pronunciadas reproduzindo batidas do coração materno. A doçura dos efeitos que as crianças sentem, quando ainda na barriga das mães, repercute nas tentativas de se comunicarem.

Por isso dissemos que ouvir é o mais social dos cinco sentidos.






Mas a audição também pode ser calmante e até remédio.


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Ninguém ignora seus efeitos anestésicos em nosso cotidiano.

O crepitar da lenha na fogueira, o cochicho indiscreto de vassoura, o arrastar conhecido de gaveta que se abre?

Transfira tudo isto para o longo de sua vida, e transforme cada experiência de ontem numa recordação de agora.

Permita que a saudade penetre sua alma e que todos aqueles sons produzam seus efeitos.

Liberados pela sua permissão, eles formarão filas em sua memória, e, pouco a pouco, surgirão inolvidáveis reminiscências.

Da cadeira de balanço seremos transportados para mundos espirituais, onde moram nossos anjos guardiões.

Eu me lembro desta experiência mística inolvidável, ainda no século passado.


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De repente, desconhecido timbre de voz dialogava comigo.

Aquela pronúncia, embora não identificada, soava com entonação familiar e garantia que eu era peixe dentro d'água, rsta rodeado pela vida.

Firmei a vista, e contemplei figura de ancião com mais de noventa anos na minha avaliação. Ele me disse:

- Finalmente, você adquiriu condições de registrar minha presença, Getúlio. Eu fui destacado seu espírito protetor e você tem me proporcionado bastante trabalho em algumas passagens de sua vida. Não tem sido fácil ajudá-lo.

- Lamento pela rebeldia, meu caríssimo Anjo da Guarda, mas, agora, o que eu mais desejo é conhecer seu nome.

- Eu sou Onofre, mais conhecido por Santo Onofre. Eu vivi minha última reencarnação durante o império de Honório Cesar, no IV século. Aguardo retorno à vida física por ocasião da Volta de Jesus. Os "Novos Céus e Nova Terra", prometidos pelo Pai das Alturas exigem participação de todas as forças vivas. Ninguém poderá negar esforços nesta abençoada transição.





- Como pode Getúlio falar com os mortos, quando Salomão decretou que os mortos não escutam? Leia Eclesiastes e aprenda Getúlio!


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Quando desejo aprender, eu prefiro professores mais sábios. Por isto procuro Jesus e Ele me transmite segurança. Escute Crispim o que diz o Mestre:

- "Deus não é Deus de mortos, mas de vivos , pois para Deus todos vivem". Lucas, 20 v 38. Palavras de Jesus. Todos vivem, escutam e falam.

Para falar com mortos, eu terei que ir ao cemitério e seria inútil, pois eles não escutam nem falam. Cadáveres realmente dormem e viram pó.

Somente espíritos tem consciência eterna. O pó volta ao pó!

- Outra coisa que eu não concordo em sua fala, Getúlio, proclama Crispim: Anjo da Guarda é proteção exclusiva para crianças, não alcança adultos. Esta sua versão de espírito protetor não existe.

- Quando Jesus validou a doutrina do Anjo Guardião palavra "pequeninos" significava "menores" pela insuficiência de defesa pessoal.

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Ele não fazia acepção de pessoa, sexo ou idade.

Pensando desta maneira, salta aos olhos o fato de que todos os viventes precisam reforço diante de alguém mais violento e mais forte.

Foi acertado e benéfico, portanto, distribuir a proteção sem restrições, para sossego e segurança dos filhos do Altíssimo.

O Pai Celestial foi pródigo na concessão da indispensável ajuda, sem cogitar da maior ou menor necessidade.

Vejam que Golias, com seus três metros da altura, foi morto pelo jovem Davi, palmo e pouco mais baixo que o gigante.

"Não desprezeis os pequeninos" - foi recomendação de Jesus. "Pois os seus anjos contemplam a face do meu Pai que está nos Céus". Mateus, 18 v 10.

São significativas as palavras ditas pelo Nazareno. Percebam que logo após ter anunciado os anjos guardiões, Ele disse:

"Porque o Filho do Homem veio salvar o que se havia perdido".

Mateus, 18 v 11.




Percebemos ligação entre as notórias preocupações e o paralelo surgimento das milícias angelicais.


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Exortação clara de Jesus aumenta nosso entendimento.

Será preciso reforçar vigília, acionando cada vez mais vigilantes, para prevenir extravios no rebanho.

A criação deste gigantesco aparato formado pelos anjos da guarda é subproduto da assistência Divina.

O lobo se encontra próximo. Será preciso enfrentá-lo.

Maridos rancorosos que desencarnaram vingativos armam ciladas no caminho das esposas. Outros, dentre eles, igualmente críticos do sexo oposto, auxiliam agressores, e os anjos da guarda se tornam os fiéis da balança.

Resultado da trama sinistra consolida assédio constante. O intercâmbio dos maldosos precisa ser contido.

Nosso Rabi insiste na importância da presença de contingente de espíritos protetores:


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"Que vos parece?" Pergunta Jesus: "Certo homem possui cem ovelhas. Se uma delas se perder, deixará ele as noventa e nove no monte, e partirá ao encontro daquela que se perdeu? Em verdade vos digo que ao encontrá-la alegria será maior pelo retorno da extraviada do que pelas outras". Mateus, 18 v 13.

Por quê? - interroga alguém. Ora, ninguém esqueça que Deus é nossa garantia de existência plena e feliz. Quando isto não acontece, o Pai das Alturas entristece. E o remate da lição de Jesus eu considero fantástico:

Jesus deixa clara a razão do Altíssimo, no momento que capacitou legião interminável de espíritos protetores:

"Não é da vontade do vosso Pai Celestial que se perca simples unidade dentre estes pequeninos irmãos" Mateus 18 v 14. Palavras de Jesus.

Este é o cuidado Divino para que o Reino de Deus se cumpra.

Deus guarda o Universo. Os Evangelistas semeiam a "Palavra". Os espíritos superiores se encarregam de zelar pelos viventes como cuidadores, pessoalmente indicados.




No meio de toda esta carapaça protetora, o Espírito Santo orienta os aprendizes, para que doutrinas exóticas não lhes deteriorem a fé.


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Louvemos a Deus pela valiosa proteção.

Numa reunião de estudos, algures, alguém contou esta estória; a repetição fica por conta da pertinência: Jovem bonita e charmosa atravessava praça central já sombreada pela aproximação da noite.

Algumas quadras distavam da sua residência, e ela seguia devagar, pensativa e despreocupada. Ela não percebeu, mas o Felício, apelidado "exterminador de donzelas", se despediu do Juca, com quem conversava, e apressou os passos para alcança-la.

Dali a pouco, Felício voltou, irritado, e foi interpelado pelo Juca:

- A paquera não deu certo, Felício?

- Eu já registrava mais esta prenda no meu caderno, quando estranho moço tomou dianteira e ocupou meu espaço ao lado dela. O intrometido a conduziu até sua casa, e perdi meu tempo.


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Felício, que era garçom nas imediações, no dia seguinte, através de câmeras externas, percebeu com surpresa algo bastante estranho.

A moça caminhara sozinha, todo tempo, sem acompanhante.

O anjo da guarda daquela jovem se tornara visível tão somente para o malandro repleto de más intenções.

Tais episódios trazidos ao conhecimento público reforçam nossa confiança de que as forças espirituais se encontram vigilantes e acessíveis.

Por isso, prazerosamente eu posso dizer: "Obrigado, Onofre, meu Anjo da Guarda".

Há bastante tempo, eu venho protelando desejos de revelar esta minha descoberta, ocorrida ainda no século passado.

A insegurança de como a notícia seria recebida, todavia, inibiu meus propósitos, e, somente hoje eu a deposito nos ouvidos dos telespectadores.

Não me peçam provas, porque tais fenômenos ocorrem de maneira sutil, no invisível e no silêncio da consciência.









Pesquisei sobre esta figura que viveu nos primeiros séculos do Cristianismo, e sempre me emocionei com o carisma de sua personalidade.


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Por esta razão, a vida de Onofre foi retratada em palestras minhas e divulgada em Rádio e Televisão. Depois descobri que era meu Protetor

Programa apresentado na TVM em 16 de dezembro de- 2016, poderá ser assistido no You Tube, e o título é - No Deserto Floresceram Carismas.

Tenho certeza que a saga deste personagem, que recebeu diploma de santo pela Igreja católica vai enternecer vocês. Vale a pena assistir!

Getúlio me falou o Serafim dos Anjos: Você não estará exagerando com esta parafernália protetora imaginada em sua palestra?


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Afinal, temos assistido tantas tragédias! Será que alguns nascem desprovidos de espíritos protetores, Getúlio?

De forma alguma, Serafim. A promessa do Nosso Rabi não admite exceções. Deus e o seu Cristo não "fazem acepção de pessoas".

Neste caso, parece que algo se encontra fora dos eixos, Getúlio.

De repente você apertou tecla certa, Serafim: Este algo errado existe.

Orelhas todos possuem. Ouvidos atenciosos é que estão escassos.

Todos deveriam lembrar que Deus fez apenas única boca, mas teve o cuidado de criar duas orelhas. Falar menos e escutar mais - é procedimento correto. Pelas nossas palavras atrairemos coisas más ou boas.

Espíritos protetores falam conosco. Ouvidos lacrados não ouvem

Jesus, de forma bem humorada, recomendava "ouvidos de ouvir".

Os que não tinham "ouvidos de ouvir", eram marginalizados.





Precisamos aprender a falar e ouvir, no momento adequado, para que nada escape e se torne raiz de maus momentos.


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"Orando não useis de vãs repetições, como fazem os gentios, que presumem que pelo muito falar serão ouvidos. Não vos assemelheis a eles. Vosso Pai conhece vossas necessidades, antes que lho peçais". Mateus, 6 v 7.

Vejam que o Mestre se queixa daqueles que desfiam abobrinhas diante do Grande Pai empobrecendo a eficácia e a beleza da prece.

Eles não passam de poluidores da graça Divina.

Maus ouvintes, por falta de aprender rumo certo não fazem mais que poluir os ouvidos Divinos. Estes se tornam para-raios de variados males.

Aborrecem seus anjos com lamentações Insensatas e nada entendem. - Qual a razão verdadeira de tamanha desorientação?

A resposta está configurada na palestra de hoje: Valorizar diálogo com todos. Silêncio respeitoso para ouvir, inclusive mensagens intuitivas.

Abordagem do mundo dos homens e do mundo espiritual é essencial.

Ninguém pode viver enclausurado em bolha de isolamento.


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Nossos ouvidos foram criados por Deus para permutar experiências.

Na cidade de Faro, província de Algarve, era fácil viver.

Mafalda Braga, na opinião dos vizinhos, era gente boa. Casara com italiano, quinze anos mais velho, chamado Giorgio Salzarulo.

O marido ocupava cargo na ferrovia. Minutos antes dos trens partirem, era Giorgio Salzarulo que anunciava:

- Minhas senhoras e meus senhores, atenção. Dentro de cinco minutos, o trem para Vila Real vai partir. Tomem seus lugares e boa viagem.

A voz de barítono do italiano impressionava.

- Giorgio faria sucesso como cantor de ópera.

Infelizmente, a esposa Mafalda detestava o anúncio caloroso.

Cada vez que ela escutava sua voz, na plataforma mais cresciam queixas contra o marido. Ela reclamava:- Ele sabe ser gentil fora de casa. Na intimidade parece múmia de mil anos.

Giorgio Salzarulo entrava mudo e se ausentava calado.




O diálogo entre o casal se encontrava zerado.


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- Por favor, me passe terrina da sopa, era o que se ouvia.

- Eu não estou aguentando mais, dizia Mafalda. Este silêncio do Giorgio está matando meu afeto. Que brigássemos e nos desentendêssemos eu aceitaria. O que não suporto é negação do diálogo - autêntico desprezo.

Para desagravo, Mafalda convidou vizinha para almoço:

- Será ocasião de colocar vida nesta casa, disse Mafalda, ironizando. Giorgio se aproximou irritado para o almoço.

A espontaneidade do garoto Ramiro, filho de Josefa, no entanto. o levou a troca de palavras.

As duas mulheres se olharam de maneira significativa.

O garoto Ramiro, sem o menor constrangimento diante do homem, disse: - Eu estou lendo estória de quadrilha de ladrões que ocupa caverna, onde guardam tesouros.

- Ali Babá e os quarenta ladrões - explicou Giorgio, lembrando os tempos de menino.

E estive pensando, replicou o garoto Ramiro. Se de repente todos esquecessem a senha - Abre-te, sésamo, e eles perderiam tesouros?


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E o menino ficou absorto, esperando explicação.

- Existe outro perigo, que você não percebeu, replicou Giorgio: Sésamo poderia ficar surdo e da mesma maneira os tesouros ficariam inacessíveis.

Foi nesta altura, que Mafalda entrou na conversa.

- A senha precisa ser pronunciada, disse ela. Mas as palavras mágicas terão que ser ouvidas. Ninguém conservará tesouro sem que alguém fale e outro escute. - É a pronúncia de palavras e ouvidos atentos que salvarão as riquezas do mundo, rematou Josefa.

Quando o bendito almoço terminou, Mafalda e Giorgio Salzarolo mantinham animada conversa.

- Desculpem amigos: Eu estava quase esquecendo do final da estória:









Dali a nove meses nasceu Ricardo Salzarolo, naquela residência, que se tornara morada cristã.


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De repente, por inspiração divina, aquela casa recebeu visita de anjo da guarda chamado Ramiro.

Seus verdes anos não impediram que escutasse a voz dos Céus.

O garoto Ramiro só pode ter sido atraído, para aquele almoço, pelos anjos da guarda daquele casal em crise.

Não temos condições de explicar este milagre de outra maneira.

Algo sempre acontece quando alguém fervorosamente não permite que o isolamento destrua a beleza do Amor.

Louvado seja Deus.


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